Draycott e família Soares dos Santos vão modernizar a Verescence e produzir mais frascos de luxo
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Draycott e família Soares dos Santos vão modernizar a Verescence e produzir mais frascos de luxo

Mariana Bandeira,

Duplicar produção nos EUA, substituir fornos a gás por híbridos e instalar tecnologia para melhorar linhas de montagem são os objetivos para a empresa de frascos luxuosos comprada por 490 milhões.

A Draycott, que realizou recentemente o maior investimento de sempre de uma private equity portuguesa, já tem um plano de desenvolvimento da empresa que acabou de comprar por 490 milhões de euros, a francesa Verescence. Reforçar nos Estados Unidos e investir na sustentabilidade e digitalização das fábricas de vidro serão as apostas nos próximos anos de forma a produzir mais e melhores frascos para cremes e perfumes luxuosos.

Em conjunto com a holding da família Soares dos Santos, com quem investiu e vai partilhar a liderança da fabricante de embalagens de vidro, a Draycott vai substituir os fornos a gás por híbridos e instalar sistemas tecnológicos, com base em inteligência artificial, para aumentar a produtividade das linhas de montagem.

“Os fornos a gás são altamente poluentes hoje em dia. A ideia é passar a híbridos com motores a eletricidade mais potentes e investir em vidro mais reciclado. Melhorar as fábricas com uma estratégia de descarbonização e investir em tecnologia”, disse ao ECO o sócio fundador da private equity, João Coelho Borges.

“E investir muito na decoração, os acabamentos especiais que fazemos ao vidro para que fiquem com um aspeto mais premium. É um valor acrescentado e vertical de crescimento para continuarmos a ganhar quota de mercado entre as marcas de luxo”, acrescentou o investidor, referindo-se a clientes como Chanel, Hermès, L’Oréal ou LVMH, grupo ao qual pertence a Louis Vuitton, Dior e Givenchy.

O objetivo da Draycott e da Movendo Capital é manter o crescimento anual da Verescence, em linha com o mercado onde se insere, e rentabilizar mais a empresa. “Acabámos de fechar a operação. Só agora a concluímos, financeiramente falando, e iniciámos a nova etapa: sermos co-donos desta empresa em parceria com a família Soares Santos e tentar desenvolvê-la no seu potencial máximo. Opera num setor que cresce normalmente 4% a 7% ao ano, portanto há crescimento de receita entre preço e volume”, afirma João Coelho Borges.

Fábrica dos EUA a reluzir. Mercado americano vai duplicar

Os investidores portugueses preveem duplicar a operação da Verescence dos Estados Unidos nos próximos três a quatro anos. Atualmente, o mercado norte-americano representa cerca de 10% do negócio e gera receitas de quase 50 milhões de euros, mas como existe produção local – portanto, está livre das tarifas – é expectável que cresça.

“Estamos a investir na operação dos Estados Unidos para ganhar um pouco mais de quota de mercado. Achamos que a fábrica tem capacidade para dobrar a capacidade produtiva, a sua utilização efetiva. Somos o único player da indústria, no segmento premium, com produção direta nos Estados Unidos. As tarifas, a acontecerem, são capazes de nos beneficiar”, refere João Coelho Borges, esclarecendo que, na Europa, as duas fábricas em França e perto de Madrid são suficientes para o grupo.

Somos o único player da indústria, no segmento premium, com produção direta nos Estados Unidos. As tarifas, a acontecerem, são capazes de nos beneficiar

João Coelho Borges

Sócio fundador da Draycott

Enquanto fornecedor de marcas de gama alta, a Verescence pretende também – com as recém-chegadas verbas e conhecimentos da nova cogestão de Portugal – dar resposta às suas necessidades de design premium e, simultaneamente, ter frascos mais amigos do ambiente. É um desafio para a indústria, mas o sócio fundador da Draycott garante ao ECO que é possível casar estes dois mundos.

Com a tendência de sustentabilidade os vidros têm ficado mais leves e mais frágeis e também com mais percentagem de vidro reciclado. Portanto, decorar a embalagem e dar-lhe um aspeto mais premium é uma forma de compensar a estratégia de sustentabilidade que leva a uma menor qualidade percebida do produto, mas acima de tudo de tentar posicionar as marcas nesse segmento onde a Verescence se situa de longa data”, explica.

Basta prestar atenção às prateleiras das grandes insígnias da beleza para perceber que as embalagens das fragrâncias, séruns e cremes deixaram de ser apenas um recipiente para os guardar, mas quase uma peça decorativa para ser reutilizada ou ganhar nova vida – o que, por vezes, até é um desafio adicional para transportar nas carteiras ou necessaires. Daí a importância de utilizar o capital também para a estética.

“Acompanhar a tendência de designs cada vez mais inovadores e diferenciadores por parte das marcas, dar-lhes as ferramentas de poder trabalhar o vidro com a apresentação e o design que eles querem: cada vez mais sofisticado e elaborado”, assinala o sócio fundador da Draycott, em declarações à margem do evento de M&A organizado pela Cuatrecasas e Bain.

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