Com exportações a abrandar, empresas dispensam seguros de crédito
Programa Reforçar previa reforço do plafond dos seguros de crédito em 1.200 milhões de euros. Empresas não usaram sequer o que está inicialmente previsto.
Os plafonds dos seguros de crédito à exportação estão longe de esgotados, porque os empresários não os solicitam, revelou ao ECO o presidente executivo do Banco de Fomento. Por isso, ainda não foi necessário incrementar o montante disponível, ao contrário do que estava previsto no Programa Reforçar, criado para reduzir os custos de financiamento, apoiar investimento e diversificar exportações para além dos EUA, compensado assim a imposição de tarifas por parte da Administração norte-americana.
Um dos quatro eixos do programa é o reforço dos seguros de crédito, incrementando os plafonds em 1.200 milhões de euros para cobrir riscos de exportação, não só em mercados emergentes, mas também em mercados tradicionais. Além disso, estava prevista a bonificação das apólices e prémios, generalizando o acesso sobretudo para PME exportadoras.
No entanto, a Cosec informou o Banco de Fomento que “o financial slack para seguros de crédito, em cada um dos países, ainda é tão longe do que está a ser utilizado que não têm que o multiplicar”, avançou ao ECO Gonçalo Regalado.
“É o que eles nos dizem, é o que vamos vendo”, sublinhou o CEO do Banco de Fomento. “Porquê? Porque os seguros de crédito são hoje, um bocadinho como eram as garantias há um ano: são um processo que funciona a pedido”, explicou.
Pedidos que podem estar a abrandar com a descida das exportações. Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que em junho as exportações registaram uma descida homóloga de 0,1%, após o aumento de 2,5% em maio. Já as importações cresceram 3,9% no sexto mês do ano. As vendas para os Estados Unidos afundaram 39,4%, antes da entrada em vigor das novas tarifas de 15% (7 de agosto), num reflexo do congelamento das encomendas à espera de uma definição do que seria o acordo comercial entre os dois países.
Em termos globais, as exportações aumentaram no primeiro semestre 3,1%, ou seja, menos 1,4 pontos percentuais face ao mesmo período do ano anterior. Um desafio adicional para o Governo cumprir o objetivo de elevar o peso das exportações no Produto Interno Bruto (PIB) dos atuais 46% para 50% e caminhar gradualmente até aos 55%, como reiterou esta terça-feira, o ministro da Economia e da Coesão Territorial, na assinatura de uma declaração conjunta de intenções entre o Governo e a Volkswagen para formalização do compromisso do próximo modelo da Autoeuropa, o elétrico ID Every1, concept que dará origem ao ID 1.
O modelo de atribuição dos seguros de crédito também pode explicar a fraca utilização dos mesmos, por isso, tal como o ECO já avançou, o Banco de Fomento vai replicar nos seguros de crédito o modelo das garantias bancárias pré-aprovadas.
“Os empresários hoje não têm de vir ao Banco de Fomento porque nós emitimos as garantias pré-aprovadas à cabeça. Informamos os bancos comerciais e concedemos as garantias digitais que vão por email, SMS, WhatsApp até por web call diretamente para os empresários. Os empresários pegam nessa informação, vão aos bancos comerciais, descontam as garantias, têm acesso ao financiamento e investem nas suas empresas. O que vamos fazer nos seguros de crédito é exatamente igual”, explicou ao ECO Gonçalo Regalado. “Vamos criar limites de garantias para que as seguradoras de crédito, mais do que as quatro que existem hoje em Portugal, possam fazer essa distribuição”, acrescentou.
“E ficámos muito satisfeitos porque, nas primeiras abordagens, temos grandes seguradoras, que trabalham com empresas nas áreas dos seguros de saúde, seguros pessoais, que dizem estar disponíveis para, com garantia pública, fazer seguros de crédito”, revelou. “Isso é ótimo, porque se os empresários tiverem a capacidade de fazer exportações com maior segurança é melhor para todos”, concluiu.
Com os EUA a implementarem taxas aduaneiras mais elevadas, cada vez mais empresários olham para outras alternativas dentro da Europa.
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