Resultados da TAP destoam do bom desempenho do setor

Companhia portuguesa foi a única a registar uma quebra nas receitas no primeiro semestre e a chegar a junho com prejuízos. Peso dos salários nas receitas já supera o do grupo dono da British Airways.

Olhando para as contas da TAP no primeiro semestre, ninguém diria que este foi um período positivo para a aviação europeia. Os números da companhia aérea portuguesa, cuja privatização arrancou este verão, destoam bastante do setor e das empresas na calha para virem a ser suas acionistas.

Os dados da IATA, a associação internacional do setor, apontam para um crescimento das vendas na Europa de 5% entre janeiro e maio, apesar do contexto de incerteza internacional e o crescimento anémico da economia da região.

Os números das principais companhias aéreas no primeiro semestre evidenciam essa tendência, com aumentos entre os 2%, no caso da Swiss, que faz parte do grupo Lufthansa, e os 11,6% da irlandesa Aer Lingus, do grupo IAG. A TAP ficou à margem deste desempenho, registando uma redução de 1% das receitas operacionais. No país vizinho, a Iberia, também do grupo IAG, aumentou as vendas em 11,4%.

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Mesmo analisando apenas o segundo trimestre, o aumento de 1,7% das receitas da transportadora portuguesa fica aquém dos 3% da Lufthansa, dos 4% da Air France-KLM e dos 6,8% do grupo IAG, proprietária também da British Airways e Aer Lingus.

A companhia aérea portuguesa também destoa nos resultados operacionais, com uma quebra de 85% nos primeiros seis meses de 2025 face ao período homólogo. Estes melhoraram de forma expressiva no grupo IAG (43%), aumentaram 17 vezes na Air France, e subiram 332 milhões na Lufthansa (tinham sido negativos em 2024).

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O resultado operacional da TAP é penalizado pelo aumento dos custos (3,8%), com destaque para os custos com pessoal, que sobem 13,6%, refletindo os aumentos salariais e remunerações previstas nos novos acordos coletivos.

Para se ter uma ideia do peso relativo dos encargos com pessoal nas contas da TAP, no segundo semestre estes já representam 24,7% das receitas, mais 5,4 pontos percentuais do que em junho de 2024. O peso já supera o do grupo IAG (20,3%) e aproxima-se do grupo Lufthansa (26,2%).

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A companhia aérea portuguesa deixou de se destacar na rentabilidade, com uma margem operacional de 0,9% no primeiro semestre, bem abaixo dos 5,6% conseguidos o ano passado. Neste campeonato, ninguém bate o grupo IAG, que aumentou a margem para 11,8%.

O contraste com as concorrentes estende-se aos lucros, onde mais uma vez a TAP é a única a registar prejuízos, de 70,7 milhões, e piores do que no mesmo período do ano passado. O grupo Lufthansa e Air France-KLM também tinham fechado os primeiros seis meses do ano passado no vermelho, mas este ano já averbaram lucros expressivos (ver segundo gráfico). O grupo IAG destaca-se com um resultado líquido de 1,3 mil milhões.

O próximo trimestre poderá trazer números mais risonhos para a TAP, já que é tradicionalmente o melhor para a aviação, por apanhar os meses mais fortes do verão. Se conseguir um lucro próximo do averbado entre julho e setembro do ano passado, de 117,8 milhões, a companhia tem boas hipóteses de tirar as contas do vermelho.

A transportadora adianta, no comunicado de apresentação de resultados, que “as reservas encontram-se, à data, em linha com o ano anterior, apesar do aumento da capacidade e da tendência para janelas de reserva mais curtas”.

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