Ações da Oracle disparam 40% à boleia da febre da IA

As ações da Oracle negoceiam atualmente com uma valorização de 40% para 336 dólares, um máximo histórico para a tecnológica que transaciona com uma capitalização bolsista de quase 680 mil milhões de dólares. Trata-se da maior subida diária desde 23 de dezembro de 1992.

A sustentar esta dinâmica de crescimento estão um conjunto de declarações da CEO da empresa, Safra Catz, no decorrer da apresentação dos resultados trimestrais, ontem após o fecho do mercado, que apontam para elevadas perspetivas de crescimento da empresa pelo aumento explosivo da procura por capacidade de computação para inteligência artificial (IA) nos próximos meses.

“Assinámos quatro contratos multimilionários com três clientes diferentes no primeiro trimestre”, afirmou Safra Catz, sublinhando que “isso resultou num aumento de 359% na carteira de contratos RPO(“objetivo do ponto de recuperação”, numa tradução livre, que define a perda máxima tolerável de dados), que atingiu 455 milhões de dólares. Foi um trimestre surpreendente.”

A receita da Oracle Cloud Infrastructure deve crescer 77%, atingindo os 18 mil milhões de dólares neste ano fiscal — e depois deve aumentar para os 32 mil milhões, 73 mil milhões, 114 mil milhões e 144 mil milhões de dólares nos quatro anos subsequentes.

Os investidores estão entusiasmados com estes negócios que foram fechados com empresas como a OpenAI e xAI, que recorrem à cloud da Oracle para suportar os seus desenvolvimentos na área da inteligência artificial, num investimento que poderá atingir centenas de milhares de milhões de dólares anuais. Só a OpenAI estima precisar de “biliões de dólares” em infraestrutura ao longo do tempo.

“A receita da Oracle Cloud Infrastructure deve crescer 77%, atingindo os 18 mil milhões de dólares neste ano fiscal — e depois deve aumentar para os 32 mil milhões, 73 mil milhões, 114 mil milhões e 144 mil milhões de dólares nos quatro anos subsequentes”, declarou a CEO da empresa norte-americana, em comunicado.

A Oracle tem consolidado a sua posição no setor da IA através de vários acordos estratégicos, como é o caso das parcerias estabelecidas com a Amazon, Alphabet (detentora da Google) e Microsoft, permitindo que os clientes destas gigantes utilizem a Oracle Cloud Infrastructure em conjunto com os serviços nativos das respetivas plataformas.

“Nos próximos meses, esperamos assinar vários contratos adicionais de múltiplos milhares de milhões de dólares, e as reservas de receita deverão ultrapassar os 500 mil milhões de dólares”, afirma Safra Catz em comunicado.

Outro ponto de destaque é a participação da gigante tecnológica no ambicioso projeto Stargate, liderado pelo SoftBank e pela OpenAI, que prevê investimentos na ordem dos 500 mil milhões de dólares em infraestrutura de IA a grande escala.

A confiança dos analistas também tem acompanhado a escalada da Oracle, com muitos a reverem justamente as suas avaliações da empresa, elevando esta quarta-feira o preço-alvo para os títulos. Foi o caso do banco de investimento Jefferies, que elevou em 33% o preço-alvo das ações para 360 dólares, mantendo inalterada a recomendação de compra para os títulos.

Numa nota enviada aos seus clientes, a instituição sublinhou que os números do RPO da Oracle “roubaram o protagonismo” e reforçaram a confiança na “narrativa de aceleração da Oracle”. Além disso, os analistas da Jefferies sublinham que encontram “espaço para as ações continuarem a valorizar à medida que cresce o otimismo em torno das perspetivas, sobretudo se o crescimento da carteira de encomendas começar a traduzir-se em aceleração da receita”.

O analista Ben Reitzes, da Melius Research, vai mais longe e destaca a importância estratégica da posição da empresa na corrida da IA. “O que importa aqui é que este valor já inclui contribuições do projeto Stargate e de outros dois grandes agentes de IA, o que significa que as receitas após 2026 serão muito mais elevadas”, refere o analista, citado pela Reuters.

O efeito da forte subida da cotação das ações da Oracle fez com que também a fortuna de Larry Ellison, cofundador e presidente da Oracle, e titular de 41% do capital da tecnológica, aumentasse mais de 100 mil milhões de dólares para 295 mil milhões de dólares, tornando-se assim no segundo homem mais rico do mundo, apenas atrás de Elon Musk.

A Oracle é uma das maiores empresas mundiais de software e serviços de tecnologia, especializada em bases de dados, cloud computing e soluções empresariais. A tecnológica norte-americana está a emergir como um novo gigante da inteligência artificial, à semelhança do que aconteceu com a Nvidia no mercado de semicondutores.