Trump aperta o cerco à China com nova tarifa de 20% por causa do fentanil

Donald Trump escalou a pressão económica sobre Pequim com a imposição de tarifas adicionais de 20% sobre todos os produtos chineses, numa decisão que liga diretamente o comércio internacional ao combate ao tráfico de fentanil.

A medida surge no âmbito da Determinação Presidencial sobre os Principais Países de Trânsito de Drogas ou de Produção de Drogas Ilícitas para o Ano Fiscal de 2026, datada de 8 de setembro e publicada esta terça-feira, que coloca a China no centro dos alvos da administração Trump, com o presidente dos EUA a justificar as sanções comerciais com a alegada falha de Pequim em implementar reformas tangíveis para travar o fluxo de químicos precursores que alimentam a produção ilegal de fentanil no México e noutros países.

A administração americana estabelece assim uma ligação direta entre tarifas e a crise dos opioides que mata diariamente mais de 200 americanos.

O documento presidencial aponta diretamente a responsabilidade chinesa na crise desta droga no país. “O papel da República Popular da China (RPC) como a maior fonte mundial de químicos precursores que alimentam a produção ilícita de fentanil está bem documentado”, refere Trump no diploma, sublinhando que “durante demasiado tempo, a RPC permitiu a produção ilícita de fentanil no México e noutros locais, subsidiando a exportação dos químicos precursores necessários para produzir estas drogas mortais e falhando em prevenir que empresas chinesas vendam estes precursores a cartéis criminosos conhecidos”.

A dureza das acusações espelha a frustração da Casa Branca com a resposta chinesa ao problema. Trump acrescenta ainda que, por esta razão, tomou “uma ação ousada para responsabilizar Pequim implementando uma tarifa adicional de 20% sobre a RPC pelo seu fracasso em promulgar reformas tangíveis e consequenciais para estancar o fluxo de químicos precursores.”

Fentanil é a nova arma de destruição massiva

O fentanil transformou-se numa crise de segurança nacional americana. Segundo o documento, “o tráfico de fentanil e outras drogas ilícitas mortais por parte do crime organizado transnacional nos EUA criou uma emergência nacional, incluindo uma crise de saúde pública nos EUA que permanece a principal causa de morte para americanos entre os 18 e 44 anos.”

De acordo com dados apresentados pela Casa Branca, mais de 40% dos americanos conhecem alguém que morreu de uma overdose de opioide, “e em 2024 os EUA registaram uma média de mais de 200 mortes diárias devido a drogas ilícitas”, fazendo com que “o fentanil seja uma das maiores ameaças à segurança interna americana, comparável apenas aos ataques terroristas em termos de impacto social.”

Além das tarifas, Trump assinou ainda uma Ordem Executiva eliminando o tratamento de “minimis livre” de taxas para importações de baixo valor da China, “que as empresas chinesas têm usado para esconder substâncias ilícitas no fluxo do comércio legítimo”, refere ainda Donald Trump no mesmo diploma.

A estratégia de Trump reflete uma abordagem de “pressão máxima” sobre a China, mas agora com uma componente de saúde pública que lhe confere legitimidade interna. Ao enquadrar o fentanil como uma ameaça existencial à segurança nacional americana, o Presidente justifica medidas económicas que, noutras circunstâncias, poderiam ser vistas como protecionismo comercial.