Metro de Lisboa recebe maior centro de testes de fibra ótica do mundo. Conheça o projeto

  • Lusa
  • 19 Setembro 2025

O ISCTE está a instalar o maior banco de testes de fibra ótica a nível mundial na linha Amarela do Metro de Lisboa, num projeto que ronda os 2,3 milhões de euros. Conheça o projeto.

O ISCTE está a instalar o maior banco de testes de fibra ótica na linha Amarela do Metro de Lisboa, projeto que ronda os 2,3 milhões de euros, disse à Lusa o vice-reitor Jorge Costa

“Apesar do ISCTE não ser mundialmente conhecido” nas áreas de engenharia, “temos uma equipa de docentes muito ativa na área da fibra ótica”, salientou Jorge Costa, adiantando que este projeto decorre depois de a instituição ter ganhado um doutoramento europeu na área das comunicações óticas, “em particular nesta nova geração de fibras”.

Trata-se de um doutoramento liderado pelo ISCTE com mais quatro parceiros de universidades e um conjunto de empresas que trabalham na área, tendo a instituição sido desafiada para acolher testes de campo desta nova geração de fibras (multi-núcleo).

As fibras de geração atual ou anterior estão a ficar saturadas em capacidade de comunicação e esta nova geração permite trocar as fibras antigas por uma nova, explicou. Contudo, as fibras para entrarem em comercialização precisam de standardização, ou seja, é preciso os organismos mundiais definirem quais as características.

“O projeto todo, em termos de investimento”, ronda os 2,3 milhões de euros, referiu o vice-reitor. Deste valor, 588 mil euros são verbas europeias, vêm do Programa Lisboa 2030, e o restante de verbas próprias do ISCTE, de acordo com a instituição.

Além dos alemães Heraeus Covantics, que fabricam as fibras, são parceiros no banco de ensaios do ISCTE a Telcabo, empresa instaladora do cabo de fibra multi-núcleo e o grupo italiano Tratos Cavi, responsável pelo cabo que envolve as fibras.

Isto porque são necessários requisitos específicos para instalar fibra num túnel como o do metro, já que esta tem de ter proteção de incêndio ou de roedores, só para citar alguns exemplos.

“Estamos precisamente neste momento a entrar no metro e a instalar os primeiros quilómetros de fibra“, avançou Jorge Costa, adiantando que conta ter o primeiro troço instalado até meados/final de outubro – entre o ISCTE e Odivelas, o troço norte da Linha Amarela. Depois, até final do ano, o troço que liga o ISCTE e o Rato, para fechar o anel.

Depois, será feito o desenvolvimento da tecnologia no início do próximo ano. “A nossa ambição é ficar com um banco de testes único a nível mundial. Não há, tanto quanto saibamos, um banco de testes destas fibras de nova geração com as dimensões e com as características que nós temos. Por um lado, temos o maior perímetro do anel, 26 quilómetros, temos o maior troço consecutivo de fibra de 700 quilómetros, temos uma coisa única que é que estamos a instalar no metro, o que permite fazer testes. Não são testes habituais quando instalamos em condutas, porque no metro temos a questão da passagem das carruagens, as vibrações”, prosseguiu. Em suma, “há aqui um conjunto de testes adicionais que são únicos neste ambiente”, apontou.

Este ‘test bed’ terá um cabo de 74 fibras óticas multi-núnclui, 64 delas com quatro núcleos e 10 fibras com sete núncleos, totalizando 326 canais de transmissão de dados.

Como as fibras estão ligadas entre si, estas irão atingir 728 quilómetros que representam 28 voltas completas ao longo de 26 quilómetros de anel, uma vez que a Linha Amarela tem 13 quilómetros entre a estação de Odivelas e a do Largo do Rato.

Questionado sobre as expectativas do projeto, Jorge Costa disse: “A nossa ambição é, com este conjunto de testes, influenciar o organismo de certificação mundial”. Ou seja, conseguir que se certifique a solução europeia em detrimento da americana ou japonesa. “Isto colocaria a indústria europeia em condições muito favoráveis”, nomeadamente na comercialização.

“Acontecendo isso, entramos numa segunda fase da exploração do anel, que esta nova geração de fibra vai exigir toda uma nova geração de equipamentos que trabalhem com as fibras, ou seja, os emissores, os recetores, os equipamentos para recuperação de sinal, amplificação de sinal, que são colocados ao longo de troços e grandes comprimentos de fibra”, o que envolve empresas.

Depois, trará outro conjunto de empresas para fazer testes de campo em Lisboa. “Diria que, no fim, depois desta tecnologia entrar no mercado, quer as novas fibras, quer os equipamentos”, é a fase dos operadores de telecomunicações, que precisam de grande capacidade de tráfego e mesmo as empresas digitais, onde se inclui a Google ou a Meta, entre outros.

Deste modo, todos os produtos novos “podem ser testados aqui em Lisboa e isto coloca-nos aqui, claro, como o centro desta tecnologia”, rematou.

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