Chinesa Shein vai abrir lojas permanentes em França. Retalhistas temem mercado “inundado com produtos descartáveis”

  • Joana Abrantes Gomes
  • 2 Outubro 2025

“Depois de destruir dezenas de marcas francesas, [a Shein] pretende inundar ainda mais o nosso mercado com produtos descartáveis”, critica o presidente de uma associação de retalhistas de moda.

A plataforma chinesa de comércio eletrónico Shein prepara-se para inaugurar as suas primeiras lojas permanentes em França no próximo mês, ao abrigo de uma parceria com a Société des Grands Magasins (SGM), avança a Reuters. A medida está a receber críticas por parte do setor do retalho do país, que teme que a marca de fast fashion “inunde ainda mais” o mercado com “produtos descartáveis”.

A primeira loja permanente da Shein, no sexto andar da BHV, no centro de Paris, vai abrir no início de novembro, estando previstas para mais tarde a abertura nas lojas de departamento Galeries Lafayette em Dijon, Grenoble, Reims, Limoges e Angers.

Até agora, a plataforma chinesa só tinha lojas pop-up temporárias em todo o mundo, principalmente com fins de marketing.

O presidente da SGM, Frédéric Merlin, disse que a abertura de lojas da Shein vai atrair clientes mais jovens para as suas lojas, acrescentando que o mesmo cliente pode comprar um artigo da Shein e uma bolsa de designer no mesmo dia.

Com vestidos a 12 euros e jeans a 20 euros, a Shein está a ser pressionada por outros retalhistas, bem como por políticos e reguladores, que apoiam um projeto de lei que regulamenta a fast fashion e, caso seja implementado, proibirá a plataforma chinesa de fazer publicidade.

As associações industriais do têxtil e vestuário em Portugal defendem que União Europeia aplique uma taxa de 20 euros por encomenda feita a plataformas chinesas de comércio eletrónico, ao invés dos dois euros que têm sido noticiados.

Já em Itália, a autoridade da concorrência (AGCM) anunciou em agosto uma multa de 1 milhão de euros à plataforma chinesa de comércio eletrónico Shein por induzir os clientes em erro quanto ao impacto ambiental dos seus produtos.

“Em frente à Câmara Municipal de Paris, estão a criar a nova megaloja da Shein, que, depois de destruir dezenas de marcas francesas, pretende inundar ainda mais o nosso mercado com produtos descartáveis“, afirmou Yann Rivoallan, que lidera a associação de retalhistas de moda Fédération Française du Pret-a-Porter, num comunicado.

A verdade é que antes do aparecimento da Shein, os retalhistas franceses já enfrentavam dificuldades para competir com a Zara e a H&M, que atraem consumidores com menos dinheiro. Marcas francesas de fast fashion, como Jennyfer e NafNaf, entraram em processo de insolvência no início deste ano.

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