Exclusivo Manuel Dias apontado como futuro ‘CTO do Estado’. Ex-Microsoft, vai liderar tecnologia na Administração Pública

Até há uma semana Diretor Nacional de Tecnologia da Microsoft, deverá ser nomeado, "nos próximos dias", líder da nova agência para a transformação tecnológica do Estado.

Manuel Dias é nome apontado para ocupar a função de Diretor de Sistemas e Tecnologias de Informação da Administração Pública, conhecido como ‘CTO do Estado’, revelaram ao ECO duas fontes conhecedoras do processo. Quadro da Microsoft até há uma semana, Manuel Dias deverá ser anunciado em breve como o líder da área de tecnologias, sendo responsável por definir e conduzir a estratégia tecnológica do Estado. Contactado oficialmente pelo ECO, de forma insistente, o Ministério da Reforma do Estado e da Administração Pública não se respondeu a quaisquer perguntas, optando pelo siêncio.

Manuel Dias é licenciado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores pelo Instituto Superior Técnico e mestre em Sistemas de Informação pelo ISEG. Profissionalmente, conta com mais de 20 anos de experiência: iniciou a carreira na EFACEC como engenheiro de software, passou pela OutSystems em funções de engenharia, gestão de produto e pré-venda e, a partir de 2011, integrou a Microsoft como Data & AI Specialist, chegando, em 2020, a Diretor Nacional de Tecnologia da Microsoft em Portugal. E o ECO tem informação que, neste contexto, colaborou com a AMA (Agência para a Modernização Administrativa), transformada agora em ARTE, e também com o Ministério da Justiça.

Exatamente há uma semana, o gestor fez uma publicação na sua página de Linkedin a anunciar a saída da Microsoft ao fim de 15 anos de carreira na multinacional. E deixou uma mensagem sobre o seu futuro profissional. “Este capítulo termina, mas a missão continua. Mantenho-me profundamente comprometido em garantir que a IA sirva a humanidade de forma responsável, capacitando pessoas e organizações e ajudando Portugal a aproveitar as extraordinárias oportunidades que tem pela frente“.

Em entrevista recente ao ECO, em março deste ano, no podcast ‘À prova de futuro’, Manuel Dias partilhou a sua visão sobre a Agenda Nacional para a IA. E perante a urgência de um plano, respondeu de forma clara: “Quanto mais depressa, melhor”. E rejeitou a tese de que Portugal já vai atrasado. “Não acho que seja tarde. Acho que o trabalho está a ser feito. Algumas das iniciativas já vêm de trás e é relevante mantê-las, não cortar com o passado, porque há coisas muito bem feitas. Vai carecer de um trabalho contínuo, anual e estão previstas revisões dessa agenda, salvo erro para 2026, precisamente porque a tecnologia vai evoluir. E se calhar hoje estamos a precisar muito de competências, amanhã estamos a precisar de focar na adoção, daqui por dois anos podemos estar a focar noutra área específica“.

Manuel Dias, ex-National Technology Officer da Microsoft Portugal, vai assumir o cargo de CTO do Estado.Hugo Amaral/ECO

Esta quarta-feira, durante uma intervenção na conferência anual do CAAD (Centro de Arbitragem Administrativa), o ministro Adjunto, Gonçalo Saraiva Matias, anunciou que o Governo vai “nomear, nos próximos dias, o CTO (Chief Technology Officer) do Estado, que é uma figura que existe noutros países, como Estónia ou Dinamarca, sem criação de estruturas adicionais, uma vez que esta pessoa vai acumular as suas funções com as da presidência da Agência para a Reforma Tecnológica do Estado (ARTE)”, ex-Agência para a Modernização Administrativa (AMA).

Dias antes, tinha sido o secretário de Estado Bernardo Correia a sinalizar o perfil do nome escolhido. “Tem de ser alguém que saiba, que tenha o respeito do setor público. Tem de ser alguém que tenha uma grande capacidade técnica, tem de ser alguém que tenha uma grande capacidade de liderança”, disse ao ECO Bernardo Correia. O governante falava à margem da primeira Talk .IA, uma iniciativa editorial do ECO para discutir e promover o uso de inteligência artificial (IA) pelas empresas.

A ARTE é a nova entidade responsável por liderar a transformação do Estado em Portugal. Criada para tornar a administração pública mais eficiente, ágil e próxima dos cidadãos, a ARTE concentra-se na simplificação de processos, na digitalização de serviços e na promoção de inovação nos procedimentos do setor público. Com este novo organismo, o Governo pretende modernizar estruturas internas, otimizar a gestão de recursos e garantir serviços públicos mais rápidos, transparentes e acessíveis a todos.

A Agência para a Reforma Tecnológica do Estado prepara-se, assim, para ter um novo líder que terá a missão de colocar em prática a reforma tecnológica do Estado e garantir a “interoperabilidade” entre os sistemas da Administração Pública, segundo o ministro Gonçalo Matias.

Este novo cargo está alinhado com os objetivos do atual executivo de implementar de reformar os vários setores do Estado, sendo que Gonçalo Saraiva Matias admitiu mesmo esta segunda-feira, 29 de setembro, na Conferência do Dia Mundial do Turismo, que o Governo está a analisar as entidades existentes para avaliar se podem ser extintas ou fundidas com outras. “Veremos, até ao final do primeiro semestre do próximo ano, uma reestruturação profunda dos ministérios”, explicou.

 

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