“O ouro tem potencial para chegar aos 4200 dólares por onça”

  • ECO
  • 10 Outubro 2025

Na Semana do Investidor, especialistas da XTB e da Income Markets analisaram o crescimento do ouro, as razões da sua valorização e as estratégias para investir neste metal.

Em 2025, o ouro tem vindo a ganhar cada vez mais protagonismo enquanto ativo de refúgio, mas ainda é um ponto de interrogação para vários investidores. Com os mercados voláteis e a procura por segurança, torna-se urgente compreender o que tem motivado um novo fôlego para este metal precioso, tanto em valorização como em número de adeptos.

Para compreender melhor esta evolução e saber aproveitá-la, Nuno Mello, Head of Sales da XTB; Henrique Tomé, Senior Financial Market Analyst da XTB; e Fernando Marques, Fundador da Income Markets; partilharam, na talk da Semana do Investidor, as suas visões sobre a valorização deste metal e ainda apresentaram as várias estratégias de investimento que podem ser feitas com o ouro.

“O ouro tem o estatuto de ativo de refúgio já há uns anos por vários fatores, mas, no início, foi pela inflação. Mas, agora, o que está a suportar esta subida crescente, que está perto dos quatro mil dólares por onça, é a questão do dólar ter vindo a enfraquecer. Espera-se que o Banco Central Americano ainda faça mais dois cortes nas taxas de juro em 2025, o que faz com que o dólar desvalorize e, pela correlação inversa que tem com o ouro, o ouro tende a subir“, começou por explicar Nuno Mello.

Nuno Mello, Head of Sales XTB; Henrique Tomé, Senior Financial Market Analyst XTB; e Fernando Marques, Fundador da Income Markets; na talk da Semana do Investidor

O que justifica a crescente valorização do ouro?

Além desta correlação, Henrique Tomé apontou, ainda, o comportamento das yields como fator relevante nesta subida: “Acho que é importante termos em consideração o contexto económico. Estamos numa fase em que vemos, finalmente, as taxas de juro nos EUA a baixarem, o dólar a desvalorizar, mas também vemos as yields a começarem a inverter. Estes dois fatores acabam por ter muita força no comportamento do ouro e por isso é que estamos a ver estas valorizações muito fortes”.

Por sua vez, Fernando Marques, destacou a questão geopolítica como sendo outro indicador importante neste comportamento do ouro. “Temos a questão Shutdown, que não sabemos quando é que vai ficar resolvido. Já tivemos, no passado, um Shutdown que demorou mais de 30 dias a ser resolvido e isto tudo cria mais apetite para investir no ouro“, disse, acrescentando que, apesar das dúvidas de alguns investidores quanto ao crescimento do ouro, a tendência é para que este metal continue a subir.

No médio prazo, eu continuo muito otimista em relação ao ativo porque as taxas de juro reais continuam muito benéficas em relação ao ouro. As confusões geopolíticas continuam, os bancos centrais continuam a comprar – a média de ouro comprado em 2025 pelos bancos centrais é quase 40% superior à média dos últimos três anos, continuamos a ter o dólar com alguns problemas, temos a questão do Shutdown… Acredito que tudo isto pode potenciar o ouro, que, tranquilamente, tem potencial para chegar aos 4100/4200 dólares por onça“, afirmou.

Apesar de partilhar a mesma opinião, Henrique Tomé alertou, ainda assim, para alguns riscos que começam também a aumentar: “Começamos a ter algumas red flags, mas obviamente que é um bocado difícil adivinhar quando é que o mercado inverte. Acho que a longo prazo os riscos aumentam substancialmente, mas a curto prazo há potencial“.

Nuno Mello partilha uma ideia um pouco diferente. “Acho que, no curtíssimo prazo, o ouro e a prata poderão continuar a valorizar. Mas acredito que, até ao final do ano, vai haver uma correção forte na prata e isso vai levar o ouro a cair. Depois, acho que vai corrigir e que o próximo ano vai ser bastante bullish tanto para um como para outro, sobretudo para a prata”, adiantou, explicando que a prata, “em termos de matéria-prima, é 17 vezes mais rara do que o ouro”.

Ainda assim, ao comparar o desempenho do ouro com o S&P 500, Henrique Tomé explicou que “o ouro sempre teve um melhor desempenho em termos de valorização do que o índice” e acrescentou: “Se olharmos para a rentabilidade média de cinco a 10 anos, julgo que o ouro esteja a superar bastante o S&P 500. Na minha opinião, acho é que o ouro foi um pouco negligenciado”.

Nuno Mello, Head of Sales XTB; Henrique Tomé, Senior Financial Market Analyst XTB; e Fernando Marques, Fundador da Income Markets; na talk da Semana do Investidor

Como investir no ouro?

De acordo com os especialistas, existem várias formas possíveis de investimento em ouro, mas Fernando Marques referiu que isso também vai depender do perfil do próprio investidor. De acordo com o fundador da Income Markets, há três perfis de investidores: “o mais conservador; o que investe a médio/longo prazo; e o que é trader ou ambiciona mais”.

Nos mais conservadores, a forma mais simples de se expor ao ouro será através de um ETF que replique o ouro totalmente. No caso dos investidores de médio e longo prazo, para além de terem um ETF que replique o ouro, teriam que ter ETFs que também replicassem as ações relacionadas com o ouro, como as mineradoras. E para quem quer aproveitar as valorizações do mercado de curto prazo, tem os CFDs como uma grande ferramenta“, garantiu.

Há, ainda, para os mais conservadores, outra opção, que é a compra de ouro físico. No entanto, Nuno Mello alertou para as desvantagens desta escolha: “A forma mais tradicional é a compra de libras de ouro, de moedas de ouro, ou de barras de ouro. Mas o problema são as questões de seguros, de armazenamento, de segurança pela exposição a eventuais roubos, e, depois, a parte da venda, isto porque o spread entre compra e venda é muito maior do que se for através de um instrumento financeiro que replica o preço do ouro”.

Na verdade, todos os instrumentos podem estar certos, depende do que cada pessoa procura e da exposição que tem a cada carteira. Depende também da abordagem de cada um porque o mercado é cíclico – há momentos em que o ouro valoriza muito, mas também há momentos em que, quando as ações caem, o ouro é capaz de cair mais ainda. Por isso, depende como cada um quer criar esse portefólio”, concluiu Henrique Tomé.

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