Braga SAD passa de lucro recorde a prejuízos de 11 milhões de euros
As contas da SAD do Sporting de Braga enfrentaram uma forte tempestade financeira, com receitas em queda e custos em alta, refletindo o peso de uma época sem Champions e de investimentos ambiciosos.
As contas da Sporting Clube de Braga SAD (Braga SAD) apresentaram uma reviravolta financeira, passando de um resultado líquido positivo de 17,3 milhões de euros na época 2023/24 para prejuízos de 10,99 milhões de euros em 2024/25, que foram acompanhados por um decréscimo de 23% dos rendimentos globais.
Estes números, divulgados num comunicado enviado esta segunda-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), espelham as dificuldades enfrentadas pelo clube minhoto numa temporada marcada pela participação do clube na UEFA Europa League, em contraste com o regresso à Liga dos Campeões da época anterior.
Os números da SAD liderada por António Salvador apontam ainda para uma quebra de 37% dos rendimentos operacionais sem contar com transações de atletas, para 34,5 milhões de euros, enquanto os gastos operacionais (também sem transações de atletas) aumentaram 4% para mais de 62 milhões de euros, quase o dobro dos rendimentos operacionais. Na época anterior, estes dois indicadores estavam bem mais próximos, com os gastos a situarem-se 8% acima dos rendimentos operacionais.
A administração da Braga SAD dos guerreiros justifica os resultados negativos com “um contexto de investimentos significativos – quer a nível desportivo com a aquisição de direitos de atletas de enorme potencial, quer a nível infraestrutural com destaque para a edificação do Estádio Amélia Morais”, inaugurado em fevereiro, refere a SAD em comunicado.
Apesar de o ativo ter aumentado 1% para 169,78 milhões de euros –o maior de sempre –, o passivo engordou 14% para quase 101 milhões de euros. Esta evolução desfavorável do passivo face ao ativo resultou numa compressão dos capitais próprios, que baixaram 14% para 69 milhões de euros.
Além disso, o comunicado da Braga SAD destaca também que a estratégia de preservar talentos custou caro aos cofres minhotos. “O resultado em apreço poderia ter sido facilmente revertido se a Administração da Sociedade tivesse aceitado propostas pelos direitos desportivos dos seus principais atletas”.
Contudo, a SAD optou por “preservar o talento interno e manter uma base forte e consolidada com vista a serem alcançados os objetivos propostos para o arranque de 2025/2026”. O Sporting Clube de Braga ocupa atualmente a 8.ª posição na Liga Portugal com 10 pontos, menos 12 pontos que o primeiro classificado, por ponta de quatro empates, duas derrotas e apenas duas vitórias.
A análise da posição financeira revela sinais adicionais de tensão nas contas. Apesar de o ativo ter aumentado 1% para 169,78 milhões de euros – o maior de sempre –, o passivo engordou 14% para quase 101 milhões de euros. Esta evolução desfavorável do passivo face ao ativo resultou numa compressão dos capitais próprios, que baixaram 14% para 69 milhões de euros.
A Braga SAD concluiu a temporada 2024/2025 com capitais próprios positivos de cerca de 69 milhões de euros, cenário que permite uma autonomia financeira de 41%, indica o documento oficial. Estes valores ficam aquém dos “capitais próprios positivos de 80 milhões de euros da época anterior, que representavam “o montante mais elevado de sempre da sociedade” que garantiam uma autonomia financeira de 48%.
Apesar dos resultados negativos, o clube destaca que as vendas de Roger Fernandes e Simon Banza, “valor conjunto superior a 40 milhões de euros”, foram efetuadas já fora deste exercício financeiro, o que sugere uma melhoria nas contas da próxima época.
Esta situação ilustra a dependência estrutural dos clubes e das respetivas SAD nacionais das vendas de jogadores para equilibrar as contas, uma realidade que se torna ainda mais evidente quando as receitas das competições europeias diminuem significativamente, como aconteceu com a Braga SAD na transição da Liga dos Campeões para a Liga Europa.
Banqueiro moçambicano Inaete Merali entra na SAD do Sporting de Braga
O banqueiro moçambicano Inaete Merali passou a ser o terceiro acionista da Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do Sporting de Braga, segundo informação constante no relatório e contas dos minhotos.
A estrutura acionista sofreu uma recente alteração com Inaete Merali, CEO e fundador da sociedade de capital de risco Active Capital, a tomar a posição de Iwan McOwens na Sundown Investments Limited.
O Sporting de Braga (clube) continua a ser o maior acionista, com 36,99%, seguido da Qatar Sports Investments (QSI, entidade cujo beneficiário efetivo é o Estado do Qatar), que detém 29,60%.
A Sundown Investments Limited (entidade cujo beneficiário efetivo é agora Inaete Merali, conforme comunicação enviada pela acionista a 29 de maio de 2025) detém 17,04% e os restantes 16,37% estão distribuídos por outros acionistas.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Braga SAD passa de lucro recorde a prejuízos de 11 milhões de euros
{{ noCommentsLabel }}