Moedas quer “responsabilidade” da oposição e Porto tem “novo líder para o norte”. As frases da noite eleitoral

Resultado das autárquicas levou Montenegro a dizer que o PSD se tornou “no maior partido no poder local". Moedas deu recado à oposição e no Porto levantou-se uma "voz contra centralismo exacerbado".

As sondagens davam empates técnicos tanto no Porto como em Lisboa, entre Manuel Pizarro e Pedro Duarte e Alexandra Leitão e Carlos Moedas, mas os dois concelhos acabaram pintados a laranja (ou a azul, a cor das duas coligações de direita). O desfecho da noite eleitoral, que já se avizinhava renhida, levou Luís Montenegro a afirmar que o PSD se tornou “no maior partido português no poder local”.

Chegámos aqui e somos novamente o maior partido no poder local, regional e na Assembleia da República”, disse o presidente do PSD e primeiro-ministro, destacando a conquista de vereadores de norte a sul do país e a liderança da Associação Nacional de Municípios (ANMP) e da Associação Nacional de Freguesias (Anafre). Esta foi uma das frases que sobressaiu neste domingo, proferida já passava da meia-noite, e que serviu de rampa de lançamento para o discurso do vencedor da capital.

Carlos Moedas prometeu “trabalho 24 horas” e mais “energia” para o segundo mandato em Lisboa e pediu responsabilidade” à oposição, porque necessita de “todos à volta da mesa” e do “interesse da cidade acima dos partidos e das quezílias”. “Os lisboetas foram claros: querem estabilidade na pluralidade que é esta cidade. Exige muito de nós, um esforço adicional de diálogo, de compromisso e moderação. Somos a candidatura dos moderados, dos que acreditam na tolerância”, frisou, recusando coligações pós-eleitorais.

“Os lisboetas foram claros: querem estabilidade”

Carlos Moedas, na noite de vitória eleitoral nas autárquicas.Hugo Amaral/ECO 12 Outubro, 2025

Uma linha de pensamento seguida por Luís Montenegro, que disse que cabe aos executivos municipais criarem condições de governabilidade: “No PSD não damos orientações aos nossos autarcas. Defendemos a autonomia do poder local, que está plasmada e consagrada na Constituição da República e levamos isso a sério. Quem tem de gerir os municípios são os autarcas. Não somos nós. O que damos aos autarcas são orientações estratégicas”.

Quem também se mostrou entusiasta, apesar de ter conquistado menos câmaras do que a AD, foi o secretário-geral do PS. José Luís Carneiro diz que o partido “mostrou vitalidade” nestas eleições autárquicas e “voltou como grande partido de alternativa política ao Governo”, distanciando-se do seu congénere francês.

“Isto é extraordinário à luz dos resultados que tivemos há três meses quando alguns afirmavam mesmo que o PS tinha entrado numa erosão eleitoral e que aquilo que seria verificado com o PS português era o que se tinha passado com o Partido Socialista francês”, comparou José Luís Carneiro, aplaudindo a liderança no número de capitais de distrito.

“PS voltou. Isto é extraordinário”

Secretary General of the Socialist Party, (PS) José Luís Carneiro casts his ballot for the local elections, in Porto, north of Portugal, 12 October 2025. More than 9.3 million electors can vote in the local elections in Portugal on 12 October 2025. JOSÉ COELHO / LUSAJOSÉ COELHO / LUSA

 

“Assumo a derrota”

Menos otimista mostrou-se Alexandra Leitão, que prontamente assumiu a derrota nas autárquicas assim que soube que a coligação de esquerda “Viver Lisboa” – entre PS, Livre, Bloco de Esquerda e PAN – tinha ficado atrás da “Por ti, Lisboa”. “Estou aqui para assumir a derrota nas eleições autárquicas“, disse Alexandra Leitão, assumindo a “inteira responsabilidade pelo resultado que não era aquele que queria”. Prometeu “lealdade a quem venceu as eleições”, mas também “uma oposição rigorosa, firme e pela positiva”, tendo em conta que “quem perde tem legitimidade e obrigação de fazer oposição”.

The candidate of the coalition PS/Livre/BE/PAN for Lisbon City Council, Alexandra Leitão, delivers his defeated speech on the election night of the local elections 2025 at PS campaign headquarters in Lisbon, Portugal, 13 October 2025. More than 9.3 million electors can vote in the local elections in Portugal on 12 October 2025. RODRIGO ANTUNES/LUSALusa 12 Outubro, 2025

 

Lógica adotada pelo socialista Manuel Pizarro: “Assumo inteiramente a responsabilidade por esta derrota. Quem lidera um projeto político, lidera esse projeto político retirando dessa liderança todas as consequências”. Consciente de que “o resultado não é manifestamente o almejado”, salvaguarda que “é uma diferença escassa, mas em democracia ganha-se e perde-se por um voto”.

“Porto elegeu um novo líder para o norte de Portugal”

Por outro lado, o social-democrata Pedro Duarte disse que o Porto “voltou a dar mais uma prova de grandiosidade, civismo e a mostrar que sabe de forma tão sábia decidir nos momentos-chave aquilo que quer para o seu futuro”. E expandiu horizontes: “O Porto elegeu um novo líder para o norte de Portugal, uma voz que se vai levantar contra o centralismo exacerbado”.

Embora menos sonante, a demissão da noite veio de uma frase oriunda da Pérola do Atlântico. O líder do PS Madeira anunciou a demissão devido aos resultados das eleições autárquicas, nas quais perdeu uma (Ponta do Sol) das três presidências de câmaras que tinha. Paulo Cafôfo reconheceu que “ficaram aquém das expectativas”, assumiu “as responsabilidades” e informou que iria convocar eleições internas dentro de 15 dias (sem se recandidatar).

CDS-PP está “aqui para durar”

O CDS-PP conseguiu manter as seis câmaras em que governava sozinho, o que foi suficiente para animar o líder centrista. Depois de se confirmar que o partido manteve os seus presidentes de câmara em Albergaria-a-Velha, Oliveira do Bairro e Vale de Cambra (distrito de Aveiro), Ponte de Lima (Viana do Castelo), Santana (Madeira) e Velas (Açores), Nuno Melo congratulou-se com uma “noite muito feliz” e garantiu que o CDS-PP está “aqui para durar”. “Acabou um ciclo de resistência e começa um ciclo de crescimento do nosso partido. Diziam há tanto tempo que o CDS tinha acabado. Contem os votos, os mandatos, as câmaras municipais. Estamos a disputar o lugar de quarta maior força autárquica em Portugal”, afirmou.

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