Moedas reforça vitória na Câmara de Lisboa mas sem maioria absoluta

Presidente da Câmara conquistou mais 27 mil votos e um mandato que há quatro anos e garante que “agora sim” irá conseguir prosseguir o seu programa, apesar de não ter chegado à maioria absoluta.

Carlos Moedas, na noite de vitória eleitoral nas autárquicas.Hugo Amaral/ECO 12 Outubro, 2025

Há quatro anos, menos de três mil votos separaram Carlos Moedas do até então presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, que era visto como o favorito à reeleição. Moedas vencia mas passaria os quatro anos seguintes a queixar-se da margem de manobra e de apoio para implementar o seu programa, uma vez que os sete mandatos da sua lista tinham do lado oposto os mesmos sete do PS, dois da CDU e um do Bloco de Esquerda. Daí que Carlos Moedas tenha pedido não apenas a vitória mas tenha mesmo “namorado” a ideia de uma maioria absoluta, de forma a poder governar de forma mais livre.

Os lisboetas deram-lhe um reforço de votação e de distância para o segundo classificado, mas não a ansiada maioria.

Ainda com três grandes freguesias por fechar oficialmente os resultados, Moedas fez o discurso de vitória. À oposição, o candidato da coligação que reúne o PSD, o CDS-PP e a Iniciativa Liberal pediu “responsabilidade”, porque necessita de “todos à volta da mesa”. Aos alfacinhas, agradeceu pela continuação do “projeto” por mais um mandato.

Carlos Moedas avançou ainda que a coligação de direita teve mais 30 mil votos do que na última ida às urnas e garante que “agora sim” irá conseguir prosseguir o programa que não era possível concluir em apenas quatro anos. Esse número não era ainda oficial, mas no momento em que Moedas estava em palco liderava a corrida com uma vantagem de 13 mil votos, conseguindo a tal folga que não tinha tido, na anterior corrida contra Fernando Medina. No fim da noite, confirmou-se: Moedas conquistou mais 27 mil votos que em 2021.

No entanto, por mais de uma vez, reforçou que o resultado é uma maior responsabilidade para si mas também exige uma responsabilidade da oposição. Questionado pelos jornalistas, admitiu que poderia não chegar à maioria absoluta. “Governámos com sete mandatos, também governaremos com oito”, disse. No entanto, seriam necessários nove dos 17 mandatos para a tal maioria absoluta. Perto das duas horas da manhã, o Chega já havia eleito Bruno Mascarenhas, e pode eventualmente estar aí a margem para Moedas ir aprovando as medidas com as quais a esquerda não concorda. No final, com as contas feitas, o Chega elegeu mesmo dois vereadores, contra apenas um da CDU. E Moedas passou de sete para oito, ficando sem maioria para decidir sozinho.

Ainda assim, o reeleito presidente da Câmara Municipal de Lisboa, insistiu: “os nossos parceiros são estes, são os da coligação, o CDS e a Iniciativa Liberal, e também os independentes que se juntam a nós”.

Perante uma união de quase todas as esquerdas — faltou a CDU, já lá vamos — Moedas surgiu apoiado pelo seu partido, o PSD, mas também o CDS e a Iniciativa Liberal. Há quatro anos, não tinha a IL mas tinha o MPT e o PPM. Em 2021, também a candidatura socialista tinha diferenças, uma vez que se apresentou a concurso com o Livre, mas sem o Bloco de Esquerda, que então conquistou 6,2%, que junto com os votos do PS teria sido suficiente para dar o maior número de votos a Fernando Medina.

Já o PCP (com Os Verdes, na CDU), tanto em 2021 como agora em 2025, não apoiou o PS e teve resultados importantes. Nesta última eleição, João Ferreira ficou nos 10%, taco a taco com o Chega na luta pela terceira posição na capital. Acabou por ser o Chega a ficar na frente, por… 11 votos.

Se há quatro anos os votos do Bloco (e também da CDU, claro) fizeram falta a Medina, a resistência eleitoral de João Ferreira (que já em 2021 tinha obtido 10%) acabou por penalizar desta vez a candidatura de Alexandra Leitão, apoiada por PS, Livre, Bloco e PAN.

Ainda relativamente cedo na noite eleitoral, e com muitos milhares de votos por contar, Leitão assumiu a “inteira responsabilidade pelo resultado, que não era aquele que queria”, prometeu “lealdade a quem venceu as eleições”, mas também “uma oposição rigorosa, firme e pela positiva”. “Quem perde tem legitimidade e obrigação de fazer oposição”, sublinhou, revelando que já tinha dado os parabéns a Carlos Moedas.

“Foi uma caminhada longa e bonita, de uma convergência que não me arrependo um segundo de ter feito”, numa referência à convergência feita com o Livre, o Bloco de Esquerda e o PAN.

Questionada sobre o “elefante na sala”, recusou imputar culpas à CDU por não ter integrado a grande coligação e por, dessa forma, ter limitado as hipóteses de uma eventual vitória à esquerda.

O Presidente da Câmara terminou a noite a dizer que os lisboetas “querem mais Moedas!”, seguindo-se uma chuva de moedas (de chocolate), sobre o palco. E despediu-se da multidão dançando ao som de “One More Time” (“Mais Uma Vez”) dos Daft Punk, alusivo a uma nova celebração.

Notícia atualizada às 3:15 com os valores finais da contagem dos votos em Lisboa

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