Dona do Pingo Doce compra grupo de frutas e legumes Luís Vicente

A empresa hortofrutícola com sede em Torres Vedras, fundada por um dos homens mais ricos de Portugal, foi adquirida pela Jerónimo Martins Agroalimentar à holding Nuvi, que tem negócios em Angola.

A Jerónimo Martins Agroalimentar, subsidiária da dona do Pingo Doce, comprou o grupo hortofrutícola Luís Vicente, que pertence a um dos empresários mais ricos de Portugal. A holding internacional Nuvi, que reúne os investimentos de Luís Vicente, vendeu o principal negócio em Portugal ao grupo com o qual tem uma sociedade conjunta, a SupremeFruits.

“Confirmamos que foi assinado um acordo para a aquisição da unidade dedicada ao setor hortofrutícola, operada pela Luís Vicente em Portugal”, diz ao ECO fonte oficial da Jerónimo Martins, realçando que “o negócio está sujeito à verificação de uma serie de condições, incluindo a não oposição da Autoridade da Concorrência”.

A Luís Vicente, que estava à venda desde o primeiro trimestre ano, garante que a transação mantém todos os postos de trabalho e garante a “continuidade da atividade” da empresa oestina, agora sob a liderança de um “parceiro de referência, com vasta experiência e ambição neste setor”. Fonte oficial diz ao ECO que a operação “espera-se que esteja concluída no decorrer das próximas semanas”.

Esta decisão reflete a nossa estratégia de reforçar o foco nas áreas onde o Nuvigroup tem maior vantagem competitiva e potencial de crescimento. Estamos a preparar a empresa para um novo ciclo, com investimentos que consolidam a nossa presença em mercados estratégicos e asseguram um desenvolvimento sustentável no longo prazo”, afirmou Diogo Caldas, administrador executivo do Nuvigroup, em comunicado divulgado à imprensa.

“Ao mesmo tempo, reconhecemos com orgulho o percurso do negócio da Luís Vicente e agradecemos o empenho das suas equipas ao longo destas cinco décadas. Estamos confiantes de que, integrada na Jerónimo Martins Agroalimentar, a sua atividade continuará a trilhar um caminho de sucesso e crescimento, abrindo novas oportunidades para todos”, assinala o gestor da Nuvi, na mesma nota de imprensa.

A parceria entre a Jerónimo Martins e a Nuvi, do empresário Luís Vicente, remonta a 2023. Ambas criaram a SupremeFruits (joint-venture) na qual realizaram um investimento inicial de sete milhões de euros. No ano passado, a dona do Pingo Doce aumentou de 50% para 80% a participação na empresa, que em cerca de 200 hectares faz produção de frutos de caroço, como pêssegos, nectarinas e ameixas e mandarina tango, cuja primeira colheita está prevista para 2027.

A Luís Vicente foi fundada na zona Oeste, na década de 1960, pelas mãos da família Vicente. A paixão pela fruta resultou nesta empresa familiar de Torres Vedras, que conta com três áreas de atividade: a produção, a distribuição e a indústria. Atualmente, vai na terceira geração, mas quem lidera a empresa é um CEO fora do núcleo Vicente, David Mota.

O volume de negócios da Luís Vicente foi de 53,7 milhões de euros em 2023, segundo os dados consultados pelo ECO. O número de trabalhadores nesse ano era de 162. O portefólio de marcas inclui a Plump, de fruta tropical, a Frubis, de fruta desidratada, a Maria, de fruta portuguesa, e a Kibala, onde estão os legumes destinados ao mercado angolano.

A venda da empresa – está a ser assessorada pela consultora PwC, como noticiou o Jornal Económico – encontra-se sujeita a determinadas condições, nomeadamente a aprovação da Autoridade da Concorrência. O valor da operação não foi divulgado.

Angola será o foco do empresário Luís Vicente

A venda do grupo hortofrutícola enquadra-se na “estratégia de focalização” da Nuvi, que pretende centrar-se em África e nos negócios onde detém maior vantagem competitiva e potencial de crescimento: as bebidas (refrigerantes e sumos Refriango) e o retalho alimentar (rede de supermercados Arreiou, em Luanda).

Assim, é um reposicionamento para conseguir investir em planos de expansão internacional. Por exemplo, a Nuvi está a preparar o crescimento da angolana Refriango através da duplicação da rede de retalho alimentar, de 200 para 400 lojas.

“Com esta operação, o Nuvigroup inicia um novo capítulo focado na expansão e consolidação dos seus negócios estratégicos, reforçando o seu compromisso com a criação de valor sustentável para os seus acionistas, colaboradores e para as comunidades onde opera”, conclui a (ainda) proprietária da Luís Vicente.

Em 2013, a holding de investimentos de Luís Vicente – que está no 39º lugar da lista dos 50 milionários nacionais da Forbes – entrou no negócio do mobiliário e decoração com a marca Kinda Home em Angola e, cinco anos mais tarde, em Portugal. Depois de um investimento superior a 20 milhões de euros na abertura das quatro lojas em Portugal, a insígnia acabou por fechar.

(Notícia atualizada às 18h55 com mais informação)

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