FMI melhora previsão do crescimento global para 3,2% este ano, mas alerta para efeitos do protecionismo

Instituição adverte para sinais crescentes dos efeitos adversos das medidas protecionistas e assinala que à medida que o novo quadro económico lentamente toma forma, o mundo vai adaptando-se.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) melhorou esta terça-feira ligeiramente as previsões de crescimento da economia mundial deste ano, para 3,2%, refletindo a adaptação gradual às tensões comerciais, mas alertou que a taxa se situa abaixo da média pré-pandémica de 3,7% e que os riscos se agravam perante uma fragmentação do comércio.

No relatório da atualização das previsões económicas mundiais, conhecido como WEO (sigla em inglês, de World Economic Outlook), a instituição com sede em Washington projeta que o crescimento global desacelere de 3,3% em 2024 para 3,2% em 2025 e para 3,1% em 2026. Números que revelam apenas uma revisão em alta de 0,2 pontos percentuais (pp.) face ao relatório de julho.

No entanto, defende que analisar o crescimento sequencial do segundo semestre de 2025 até 2026 permite uma imagem mais clara do desempenho a esperar, ao eliminar a distorção da antecipação das tensões comerciais que ocorreu no primeiro semestre de 2025. Neste sentido, considera que o Produto Interno Bruto (PIB) global deverá crescer a uma taxa média homóloga de 3% ao longo destes seis trimestres, uma desaceleração de 0,6 pp. face à taxa média de 3,6% em 2024.

A previsão para 2025 e 2026 é também menor, num acumulado de 0,2 pp., do que a projetada em outubro de 2024. Uma nota que a instituição faz por considerar que as comparações com as previsões lançadas em abril e julho, dada a “fluidez das premissas de política comercial”, podem “obscurecer a direção” que a economia global realmente tomou.

FMI defende que analisar o crescimento sequencial do segundo semestre de 2025 até 2026 oferece uma imagem mais clara do desempenho a esperar, eliminando a distorção da antecipação das tensões comerciais no primeiro semestre de 2025.

O FMI assinala que as tarifas efetivas dos EUA reduziram-se em relação às máximas de abril, gravitando em direção a um intervalo entre 10% e 20% para a maioria dos países. No entanto, alerta que “estão muito longe de regressar aos níveis de 2024″, pelo que a incerteza em relação à política comercial “continua elevada na ausência de acordos claros, transparentes e duradouros entre os parceiros comerciais”.

A instituição explica que a resiliência inesperada da atividade e a resposta inflacionista moderada refletem fatores como as famílias e empresas anteciparem o consumo e investimento para evitar tarifas mais altas — dando um impulso temporário à atividade global no início de 2025. Contudo, adverte que “há sinais crescentes de que os efeitos adversos das medidas protecionistas estão a começar a surgir”.

Há sinais crescentes de que os efeitos adversos das medidas protecionistas estão a começar a surgir.

FMI

“Os padrões nas exportações líquidas e nos stocks, impulsionados pelo comportamento de antecipação de compras, na maioria inverteram-se. A inflação core subiu nos Estados Unidos e o desemprego aumentou ligeiramente. A inflação está a estabilizar ligeiramente acima das metas dos bancos centrais em vários outros países, e as expectativas de inflação ainda são frágeis, agravando as compensações para os decisores de política monetária, à medida que a incerteza e as tarifas começam a pesar sobre a atividade”, aponta.

Neste sentido, realça que à medida que a economia global caminha para cenário mais fragmentado, os riscos para as perspectivas aumentam. “As táticas que mantêm a atividade aparentemente resiliente no curto prazo, como o desvio e o redirecionamento do comércio, são custosas. A realocação subótima de recursos produtivos, a dissociação tecnológica e as limitações na difusão do conhecimento certamente vão restringir o crescimento a longo prazo”, enumera.

Crescimento da Zona Euro acelera este ano

O FMI prevê que o crescimento da Zona Euro acelere dos 0,9% registados em 2024 para 1,2% este ano, reduzindo-se para 1,1% em 2026. Previsões para 2025 com mais 0,2 pp. de crescimento do que o previsto em julho, mas para 2027 menos 0,1 pp..

No entanto, assinala que se trata de uma revisão em baixa cumulativa de 0,4 pp. face a outubro de 2024. “A elevada incerteza em múltiplas frentes e tarifas mais altas são os principais impulsionadores. A recuperação do consumo privado com salários reais mais altos e as medidas expansionistas na Alemanha em 2026 dão apenas uma compensação parcial, enquanto o forte desempenho na Irlanda impulsiona o crescimento em 2025″, detalha.

Para a Alemanha, cujo PIB se contraiu 0,5% em 2024, a instituição espera um crescimento de 0,2% em 2025 e de 0,9% em 2026.

Fonte: World Economic Outlook, outubro de 2025 – FMI

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