BRANDS' ECO IA. Os novos colegas são feitos de código

  • Conteúdo Patrocinado
  • 14 Outubro 2025

Empresas portuguesas começam a integrar agentes de inteligência artificial nas equipas, numa nova era em que humanos e máquinas partilham o trabalho. “Não é uma moda”, apontam peritos.

A inteligência artificial deixou de ser apenas uma ferramenta, e é hoje parte inegável de um mundo do trabalho em transformação cada vez mais acelerada. “Não é um gadget, nem uma moda. É uma terceira dimensão do trabalho”, afirmou Ricardo Pires Silva, diretor executivo de vendas empresariais da Microsoft Portugal, no AI Day promovido pelo novobanco em Oeiras.

Vicente Moreira Rato, Head of Retail Commercial Department (South of Portugal) do novobanco, Ricardo Pires Silva, Executive Board Member da Microsoft, Ricardo Gonçalves, responsável pelo Center for Artificial Intelligence and Analytics da Fidelidade, e João Ricardo Moreira, administrador da NOS

Há décadas que o local de trabalho se transforma passo a passo, do escritório físico ao remoto, do síncrono ao assíncrono. Agora, chega a fase em que “a dimensão da inteligência deixa de ser exclusivamente humana” e essa mudança, explicou o especialista, é estrutural. “Parte dos nossos novos colegas serão agentes digitais”, sublinhou.

A imagem traçada pelo executivo é a de uma força de trabalho híbrida, em que humanos e IA colaboram lado a lado não apenas com tarefas delegadas, mas com papéis complementares. “Vamos receber ordens de um agente digital”, admitiu, num misto de ironia e inevitabilidade.

Se há poucos anos a ideia soava a ficção científica, hoje já é uma experiência quotidiana para quem trabalha com ferramentas como o Copilot ou o ChatGPT. “Estamos na infância desta tecnologia, a experimentá-la na sua pior versão – e ainda assim ela já faz coisas extraordinárias”, notou o responsável da Microsoft.

Mas nem todos partilham o mesmo otimismo. Bernardo Caldas, diretor de Data and AI na fintech Mollie, levou à mesma conferência uma visão mais pragmática e, talvez, mais humana. “É muito interessante pensarmos em como a IA nos ajuda, mas isso só importa se existirmos para os clientes. Se eles forem para outro sítio, não interessa se usamos IA ou pessoas”.

Na sua apresentação, Bernardo Caldas lembrou o verdadeiro papel da automação e o valor que deve representar, tanto para as organizações como para os clientes. “A primeira coisa que fazemos nas empresas é transferir trabalho da organização para os clientes. Quando pedimos para preencher um formulário, estamos a dizer: ‘faça você o nosso trabalho’”. O papel da IA, defende, é inverter essa lógica e colocar “o agente a fazer o trabalho por nós”.

Bernardo Caldas, Director of Data da Mollie

As empresas terão de aprender a vender não a pessoas, mas a agentes

Bernardo Caldas

Diretor de Data e AI na Mollie

Na Mollie, isso já acontece, com os agentes de IA a analisar documentos, confirmar identidades, verificar sites e validar clientes automaticamente. “Eliminamos fricção. Conhecemos o cliente sem o obrigar a trabalhar”, partilha.

E o passo seguinte pode ser ainda mais disruptivo, mas também desafiante: os clientes deixam de ser humanos. “A OpenAI já lançou nos EUA o AgenticCommerce, em que os agentes dos utilizadores compram diretamente por eles”, exemplifica. “As empresas terão de aprender a vender não a pessoas, mas a agentes” e isso implica uma nova forma de pensar o atendimento ao cliente.

Quando humanos e máquinas trabalham lado a lado

No novobanco, a inteligência artificial não é vista como uma ameaça, mas como um novo colega de equipa. “Temos de capacitar as pessoas para trabalharem com a IA e criar agentes com qualidade e responsabilidade institucional”, afirma Bruno Tinoco, head of Data Science and AI do banco. “Aquilo que eles dizem não pode ser questionável”, reforça.

Bruno Tinoco, head of Data Science and AI do novobanco

A inteligência artificial tem de libertar tempo para o que é verdadeiramente humano: ouvir, decidir, criar confiança

Bruno Tinoco

Head of Data Science and AI do novobanco

A instituição desenhou, por isso, uma estratégia de transformação que parte do princípio de que o futuro do trabalho bancário será híbrido, feito de pessoas e de sistemas inteligentes a colaborarem diariamente. “Queremos que as nossas equipas consigam ir mais longe com ferramentas como o Copilot, resolvendo tarefas que antes lhes tomavam horas”, explica. De acordo com o banco, em algumas equipas já foi possível poupar cinco a seis horas por semana, por colaborador, com a utilização destas ferramentas.

Mas o propósito é muito mais do que apenas eficiência. “A inteligência artificial tem de libertar tempo para o que é verdadeiramente humano: ouvir, decidir, criar confiança”, sublinha. A visão assenta num equilíbrio delicado entre automação e empatia, algoritmo e experiência.

Bruno Tinoco reconhece que a linha é ténue, mas não tem dúvidas de que o toque humano continuará a ser o que distingue o setor. “Na indústria bancária vai haver sempre um human touch. Interagimos com os clientes nos momentos mais importantes da sua vida, e isso nenhuma máquina pode substituir”, assegura.

“Em 2019 eu dizia que a inteligência geral artificial estava a décadas de distância”, confessa Ricardo Pires Silva. “Estava enganado. Isto está a acontecer muito mais depressa do que esperávamos”.

Assista à conversa aqui:

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

IA. Os novos colegas são feitos de código

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião