Nvidia vai instalar mais de 12 mil chips de IA no centro de dados em Sines

Portugal vai receber a primeira e maior colocação de sempre destes semicondutores da tecnológica americana. Encomenda chega à Start Campus no primeiro trimestre de 2026 e servirá a Microsoft.

Vai chegar a Portugal um pacotão dos chips de inteligência artificial (IA) mais avançados do mundo. A Nvidia vai instalar aproximadamente 12.600 semicondutores no megacentro de dados em Sines, naquela que é a primeira e maior colocação de sempre dos novos processadores gráficos da tecnológica norte-americana na União Europeia.

A encomenda de milhares de GPU (unidades de processamento gráfico) do modelo Blackwell Ultra GB300 – o mais recente da Nvidia, apresentado em março – chega durante o primeiro trimestre de 2026 e servirá para apoiar a Microsoft, informou esta terça-feira a Start Campus.

Para se perceber a dimensão desta tecnologia, é um campeonato onde só têm entrado, além da Microsoft, multinacionais como Oracle, Amazon Web Services, e Google, bem como a empresa norte-americana de cloud CoreWeave, que foi a primeira a receber esta gama de semicondutores.

“Este é um momento decisivo para a Start Campus. Com esta parceria, o nosso primeiro edifício SIN01 atinge a sua capacidade máxima, já se encontrando em expansão devido à elevada procura, e comprovando que o Sines Data Campus é um exemplo de sucesso a nível mundial, preparado para receber volumes de trabalho de IA de última geração”, afirmou o CEO da Start Campus, Robert Dunn, acrescentando que será lançado “em breve” o segundo edifício do campus.

O início das obras de construção do SIN02 estava previsto para meados deste ano, mas acabou por atrasar alguns meses. Um dos motivos que explicam o resvalo no calendário foi a framework dos Estados Unidos que deixava Portugal fora da lista de 18 países considerados “aliados e parceiros” e livres de restrições à compra de chips para IA, o que gerou apreensão e cautela entre as tecnológicas.

A instalação tem por detrás um acordo com a britânica Nscale, que também está a implementar chips da Nvidia pelo Reino Unido, Estados Unidos e Noruega.

O fundador e CEO, Josh Payne, considera que a entrada em Sines mostra que a empresa é capaz de colocar “infraestrutura avançada no espaço da União Europeia” para dar a “capacidade tecnológica necessária para suportar os volumes de trabalho mais exigentes na atualidade”, até porque a IA precisa de um ambiente que combine “dimensão, resiliência e sustentabilidade” para se desenvolver.

A Nscale, que está a construir com a Microsoft o maior supercomputador de IA do Reino Unido, é a primeira cliente da Start Campus publicamente conhecida e ocupa os 21.600 metros quadrados do primeiro edifício do campus no litoral alentejano.

Este pode ser o teste necessário à candidatura de Portugal a uma das gigafábricas de IA cofinanciadas por Bruxelas. Recentemente, o CEO do Banco de Fomento, Gonçalo Regalado, garantiu ter “um consórcio fortíssimo” de “parceiros privados nacionais e internacionais” para tentar atrair para Sines esta parceria público-privada e disse ainda que estão garantidos os 100 mil processadores gráficos necessários para este empreendimento, cujo investimento necessário rondará os quatro mil milhões de euros.

Para o ministro das Infraestruturas e Habitação de Portugal, Sines “demonstra a convergência da transição digital com a posição geográfica única de Portugal, particularmente nesta localização, que desempenha um papel geoestratégico relevante ao tornar-se um centro digital líder para a futura colocação de novos cabos submarinos”. “Este investimento na Start Campus permite que Portugal opere de forma segura e sustentável, num ecossistema alimentado por energia renovável, em conformidade com as nossas metas de neutralidade carbónica para 2028”, destacou Miguel Pinto Luz a propósito do desenvolvimento do projeto localizado na Zona Industrial e Logística de Sines.

AICEP “congratula-se” com investimento externo

A AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal “congratula-se” com este anúncio de investimento da Nscale em Sines para dar suporte à infraestrutura de IA da norte-americana Microsoft, onde também a Nvidia está incluída. A instituição recorda que o megacentro da Start Campus foi classificado como Projeto de Potencial Interesse Nacional (PIN) e contou com o acompanhamento e apoio da entidade pública.

É o “reconhecimento da capacidade do país em oferecer condições únicas de competitividade, sustentabilidade e conectividade”. “É também um exemplo de como o trabalho conjunto entre o Estado, as empresas e a AICEP pode transformar oportunidades em resultados concretos para a economia portuguesa“, comentou a presidente da AICEP, Madalena Oliveira e Silva.

Notícia atualizada às 17h45 com comentário da AICEP

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