Novos créditos ao consumo contraem 14,5% em agosto
A forte contração do crédito ao consumo em agosto teve como ponto central o recuo de 17,4% no crédito automóvel e a menor procura sazonal das famílias.
Agosto não foi mês de bonança para o crédito ao consumo. Os portugueses travaram a fundo nos pedidos de financiamento, provocando uma queda generalizada em todas as componentes que, no conjunto, resultou numa contração de 14,5% do volume de novos créditos aos consumidores entre julho e agosto, segundo dados divulgados esta terça-feira pelo Banco de Portugal.
Este recuo mensal, que mesmo assim refletiu-se num ligeiro crescimento homólogo de 1,8%, foi particularmente acentuado no crédito automóvel, onde a quebra atingiu os 17,4% face a julho, com o montante de novos financiamentos a cair para cerca de 223,2 milhões de euros em agosto. Mais revelador ainda é o facto de este valor representar uma variação praticamente nula quando comparado com agosto de 2024, sinalizando uma estagnação homóloga que interrompe o ímpeto de crescimento verificado nos meses anteriores.
O crédito pessoal excluindo a compra de automóveis também não escapou à correção mensal, registando uma contração de 14,4% entre julho e agosto, fixando-se em aproximadamente 315,3 milhões de euros no final de agosto. No entanto, aqui a dinâmica homóloga mantém-se positiva: em termos anuais, este segmento registou um aumento de 5,2% face a agosto de 2024, demonstrando que, apesar da travagem pontual, a tendência de médio prazo continua ascendente.
A acompanhar o volume do crédito ao consumo está também uma redução do número de contratos. Os dados do regulador apontam para uma correção homóloga de 1,8% em agosto do número de contratos de créditos ao consumo e para uma contração de 9,9% face a julho.
A explicar esta travagem do montante dos novos créditos ao consumo está uma combinação de fatores. Desde logo, agosto é historicamente um mês de menor atividade económica, com muitas famílias a privilegiarem as férias e a adiarem decisões financeiras importantes. Por outro, a descida das taxas de juro no crédito à habitação pelo sexto mês consecutivo pode estar a canalizar recursos e decisões de endividamento para a compra de casa, em detrimento de outras finalidades de consumo.
Os dados do Banco de Portugal revelam também que a taxa de juro média das novas operações de crédito ao consumo atingiu 8,77% em agosto, numa redução de 0,06 pontos percentuais face a julho. Embora seja uma descida modesta, representa o segundo mês consecutivo de alívio nos custos de financiamento para os consumidores.
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