“Pode ser assustador ouvir que ou volto a estudar ou fico obsoleto”. Ouça o podcast “Trinta e oito vírgula quatro”

Que milhões de trabalhadores vão ter de se requalificar para evitar o desemprego face à transformação dos seus empregos causada pela tecnologia é já uma perspetiva comum. Ainda assim, depois de décadas de carreira e dedicação, “pode ser assustador” ouvir: ou volta a estudar ou corre o risco de ficar obsoleto.

Quem o diz é João Magalhães, CEO da Code for All_, que, no episódio desta do podcast “Trinta e oito vírgula quatro”, salienta que a adaptabilidade será uma das competências chaves, nos próximos tempos.

“A requalificação já deixou de ser um nice to have e passou a ser estratégico. No upskilling, isso ainda é mais visível com a loucura que tem sido a inteligência artificial, nos últimos dois ou três anos”, sublinha o empreendedor.

Na perspetiva de João Magalhães, há setores onde a tecnologia vai, sim, “roubar” empregos, mas há também outros onde, não roubando, os empregados vão ter de se atualizar ou correm o risco de não terem as competências adequadas.

“Estar constantemente a atualizar-nos vai ser crítico. Ainda não nos adaptamos à velocidade com que o mundo e as nossas profissões estão a mudar. A adaptabilidade e a capacidade de nos atualizarmos vão ser competências muito importantes, nos próximos tempos“, defende o CEO.

Sobre a história da Code for All_ — que nasceu em 2014 com o nome Academia de Código –, João Magalhães lembra que, na altura, havia 20 mil postos de trabalho para preencher no setor tecnológico, mas faltava talento, apesar da alta taxa de desemprego jovem.

A Code for All_ foi, então, criada como ponte entre esses trabalhadores e esses postos de trabalho. “Quando começámos, não sabíamos bem se havia pessoas que tinham interesse em tentar este caminho. A surpresa foi muito agradável, porque tivemos muitos candidatos logo no primeiro curso (600 candidatos para 16 vagas)“, realça.

"Havia muita resistência e, muitas vezes, as empresas não percebiam como é que é possível em quatro meses pessoas sem experiência nesta área estarem a sair para o mercado.”

“Por outro lado, não sabíamos que reação iam ter as empresas, mas os dados indicavam que estavam desesperadas para contratar. No início, não foi isso que aconteceu. Havia muita resistência e, muitas vezes, as empresas não percebiam como é que é possível em quatro meses pessoas sem experiência nesta área estarem a sair para o mercado“, conta, descrevendo de que modo foi convencendo os empregadores a abraçar este talento.

Este episódio do podcast “Trinta e oito virgula quatro” conta também com a participação de Luís Ribeiro, responsável pela Equipa de Projeto Emprego + Digital do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), que faz um balanço dos primeiros dois anos do cheque de formação digital. Nesse período, cerca de quatro milhões de euros já chegaram aos bolsos dos trabalhadores para apoiar a formação, por exemplo, em cibersegurança e marketing digital.

O “Trinta e oito vírgula quatro” é um podcast quinzenal com entrevistas a decisores, líderes e pensadores sobre os temas mais quentes do mercado de trabalho. A nova temporada arrancou com episódios dedicados à reforma da lei do trabalho em curso, e segue agora com dois episódios sobre a formação em Portugal.