Principais financiadores dos EUA alertam para erosão nos padrões de concessão de crédito
Falência de duas empresas nos EUA levou o FMI a apelar aos reguladores para que se concentrem na exposição dos bancos ao setor do mercado de crédito privado.
Os principais financiadores dos EUA alertaram para uma erosão nos padrões de concessão de crédito, após este mercado ter sido abalado pelo colapso do First Brands Group e da Tricolor Holdings.
Marc Rowan, diretor executivo da Apollo Global Management, uma das principais gestoras de ativos a nível mundial, afirmou que o desmoronamento das duas empresas ocorreu após anos em que os credores procuraram mutuários mais arriscados.
“Não me surpreende que estejamos a assistir a acidentes no final do ciclo. Penso que é o desejo de vencer num mercado competitivo que, por vezes, leva a atalhos“, afirmou Rowan, que falava na Private Capital Summit, organizada pelo Financial Times, em Londres.
A First Brands e a Tricolor, entidade credora de empréstimos automóveis subprime, faliram em setembro, o que teve repercussões nos mercados de crédito e deixou investidores como a Blackstone e a PGIM, assim como grandes bancos, incluindo o Jefferies, a sofrer pesadas perdas.
Ao mesmo tempo, a falência das duas empresas está a levar a um maior escrutínio dos empréstimos bancários, dos mercados de dívida privada e da falta de transparência em torno dos mutuários, que tendem a estar altamente endividados.
“Em alguns desses créditos mais alavancados, houve uma disposição para cortar custos”, afirmou Rowan ao jornal britânico.
Tanto Rowan como o presidente da Blackstone, Jonathan Gray, criticaram os bancos por terem acumulado exposição à First Brands e à Tricolor, mas disseram que os colapsos não eram sinais de um problema sistémico.
“O que é interessante é que ambos foram processos liderados pelos bancos”, afirmou Gray na mesma conferência do Financial Times, rejeitando “100%” a “ideia de que isto foi um sinal de alerta” ou um problema sistémico.
Os bancos e as empresas de capital de risco têm estado em desacordo nos últimos anos, à medida que as empresas recorrem cada vez mais ao crédito privado para as suas necessidades de financiamento. Os credores tradicionais classificaram essa mudança como arbitragem regulatória e reclamaram que as instituições financeiras não bancárias são reguladas de forma muito branda.
Mas a First Brands e a Tricolor expuseram como os dois lados estão interligados por meio de estruturas financeiras complexas que podem obscurecer quem detém o risco de subscrição dos empréstimos, especialmente porque os credores bancários procuram manter a sua participação no mercado.
O presidente executivo do JPMorganChase, Jamie Dimon, considera que “houve claramente fraude envolvida”, mas que “isso não significa que não possam melhorar os procedimentos”, reconhecendo que a exposição da Tricolor “não foi o melhor momento” do banco.
Entretanto, o Fundo Monetário Internacional (FMI) deixou um apelo aos reguladores para que se concentrem na exposição dos bancos ao setor, observando que estes “estão cada vez mais a conceder empréstimos a fundos de crédito privados”. “Estes empréstimos proporcionam frequentemente rendimentos sobre o capital próprio mais elevados do que os empréstimos comerciais e industriais tradicionais”, assinalou.
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