Empresa da Iberia em primeiro no concurso da ANAC criada após perda de licenças em Espanha
A South Europe Ground Services, em primeiro lugar no concurso para assistência em escala nos aeroportos portugueses, foi fundada pela Iberia, após uma sua anterior empresa ter perdido licenças.
A South Europe Ground Services, em primeiro lugar no concurso para assistência em escala nos aeroportos portugueses, foi fundada em maio de 2024 pela Iberia, após uma sua anterior empresa ter perdido licenças em quatro dos cinco maiores aeroportos espanhóis.
A proposta do consórcio espanhol, formado pela South e pela Clece, empresa de serviços de limpeza e gestão de espaços do grupo ACS – detido pelo empresário e presidente do Real Madrid Florentino Perez –, foi a melhor classificada pelo júri do concurso da ANAC – Autoridade Nacional de Aviação Civil para prestar assistência em escala nos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro, remetendo a da Menzies/SPdh (antiga Groundforce) para o segundo lugar.
Atualmente, a nova filial de handling, detida a 100% pelo grupo de aviação IAG (formado pela Iberia, British Airways e Aer Lingus, entre outros), tem 7.000 trabalhadores e opera em 38 aeroportos espanhóis, fornecendo serviços diversos a 150 companhias aéreas, incluindo às do grupo em que se insere.
Mas a única infraestrutura aeroportuária de grande dimensão operada pela South, com uma licença de assistência em escala, é o aeroporto de Madrid-Barajas. A anterior empresa de handling da Iberia, a Iberia Airport Services, perdeu em setembro de 2023 as licenças que detinha em quatro dos cinco maiores aeroportos nacionais, para as empresas concorrentes Aviapartner, Groundforce/Globalia, Menzies y Swissport.
No total, foram oito as licenças não renovadas à Iberia Airport Services, nos aeroportos de Barcelona, Bilbao, Málaga, Alicante, Palma de Maiorca, Ibiza, Barcelona, Las Palmas, e Tenerife Sul. Na altura, os responsáveis da Iberia declararam-se “perplexos” com os resultados do concurso da Aena, a gestora das infraestruturas aeroportuárias em Espanha.
Em janeiro de 2024, o grupo Iberia garantiu aos sindicatos que iria criar uma nova empresa para dar continuidade aos serviços nos aeroportos geridos pela Ibéria Airport Services, integrando a maioria dos seus trabalhadores. A South começou a operar em maio do ano passado.
Na quinta-feira, dia 16, o júri do concurso aberto pela ANAC considerou que a proposta do consórcio Clece/South garantia uma melhor afetação de meios humanos e materiais à operação nos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro do que a da Menzies. No relatório preliminar, a que a Lusa teve acesso, o júri deu uma classificação de 95,2523 ao agrupamento Clece/South, tendo a Menzies terminado com uma classificação de 93,0526.
Em comunicado, a Menzies manifestou discordância com a classificação atribuída e anunciou a intenção de recorrer da decisão no prazo de cinco dias. A Menzies é a maior empresa de assistência em escala dos aeroportos portugueses, com 3.500 trabalhadores. As atuais licenças de handling nos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro terminam em 19 de novembro, mas a ANAC, antecipando-se ao recurso da Menzis, prolongou as concessões por mais um ano.
A SPdH, proprietária da marca Groundforce, entrou em insolvência em meados de 2021. Dois anos depois, os administradores de insolvência, Bruno Costa Pereira e Pedro Pidwell, apresentaram um plano de recuperação aos credores que levou à entrada no capital da britânica Menzies, com 50,1%, ficando a TAP com 49,9%.
O plano, que permitiu a continuidade da empresa e a manutenção da maioria dos postos de trabalho, assenta no pagamento faseado de cerca de 30 milhões de euros aos credores até 2029. Os principais credores são a ANA – Aeroportos de Portugal, com uma dívida de 12 milhões de euros, o Instituto da Segurança Social (3,4 milhões), a TAP (3,1 milhões), a Fidelidade (2,1 milhões) e o BCP (dois milhões).
Se a Menzies Portugal não renovar as licenças para o handling nos três maiores aeroportos nacionais ficará praticamente sem atividade e poderá não conseguir pagar aos credores. Com a TAP, que se encontra em processo de privatização, foi assinado um acordo em que a Menzis concede descontos progressivos nos serviços prestados à companhia aérea.
O grupo IAG, que integra a Ibéria, é um dos três candidatos à compra de 49,9% do capital da transportadora nacional. Os outros dois interessados são a alemã Lufthansa e o grupo Air France/KLM. O Sintac e o Sitava, sindicatos do setor da aviação, alertaram já para “os riscos” da escolha do consórcio Clece/South, e para as consequências que a perda das licenças da Menzies pode vir a ter para os trabalhadores do setor.
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