Trabalhadores, banca, fornecedores e donos: credores do Gato Preto reclamam 50 milhões
Cadeia de decoração tem dívidas de 50 milhões junto mais de 300 credores. Avançou com plano de recuperação há um mês para assegurar sobrevivência após forte redução das vendas nos últimos anos.
Trabalhadores, bancos, fornecedores – incluindo centros comerciais – e os próprios donos: são mais de 300 os credores que reclamam aproximadamente 50 milhões de euros ao Gato Preto, que há um mês avançou para PER (plano especial de recuperação) depois de uma forte quebra das vendas nos últimos anos e de prejuízos de 15 milhões em 2024.
A cadeia de decoração procura assegurar a sua sobrevivência e os postos de trabalho – empregava mais de 240 no final do ano passado — e no âmbito deste plano também quer “reorganizar as responsabilidades financeiras”, tal como adiantou ao ECO fonte oficial da empresa.
As dívidas aos bancos ascendem a perto de 12 milhões de euros, correspondendo a praticamente 25% do total dos créditos reconhecidos pelo administrador judicial provisório Jorge Calvete. Da lista fazem parte os maiores bancos nacionais, como o Novobanco (1,9 milhões), BPI (1,9 milhões), Caixa (1,5 milhões) e BCP (1,2 milhões). O espanhol BBVA é o mais exposto entre as instituições financeiras com um crédito de 2,5 milhões.
O maior credor, porém, é o próprio dono: o Grupo Aquinos, que reclama cerca de 26 milhões de euros a título sobretudo de fornecimento de bens e serviços, mas também de suprimentos (empréstimo do acionista) de 1,7 milhões.
Entre os fornecedores, que superam a centena, encontram-se ainda os centros comerciais onde o Gato Preto tem as suas lojas. Por exemplo, o Alegro Setúbal reclama 75 mil euros, o ArrábidaShopping 30 mil e o Colombo apenas 7 mil.
Já os trabalhadores estão em maior número, mas correspondem à menor parcela de créditos reclamados, na ordem dos 1,6 milhões.
Negócio sob pressão
Com 39 lojas de retalho, das quais 31 em Portugal e oito em Espanha, o Gato Preto justificou o PER com as “pressões económicas e financeiras” que vem enfrentando nos últimos três anos e admitiu que a atual situação da empresa vai exigir uma “revisão profunda do seu modelo de operação para lidar com as adversidades do contexto atual e procurar soluções que possibilitem a estabilização da empresa e a sua revitalização futura”.
Os números da atividade mostram isso mesmo. A faturação caiu para metade desde 2022, atingindo os 21,3 milhões de euros no ano passado, contra os 40,2 milhões há três anos. Neste período, saíram 123 trabalhadores da empresa, praticamente um terço da força de trabalho que tinha há dois anos.
O ano de 2024 acabou mesmo por empurrar a retalhista de artigos para o lar para prejuízos de 14,9 milhões de euros, depois dos magros lucros de cerca de 100 mil euros em cada um dos dois exercícios anteriores.
Já este ano, o acionista injetou 19 milhões de euros no capital da empresa através de um aumento de capital realizado por via conversão de suprimentos em ações.
Não só o Gato Preto tem estado sob pressão, como também o setor. A rival Casa não resistiu aos problemas e seguiu mesmo para a insolvência no mês passado, encerrando as operações em Portugal e colocando o stock em leilão para fazer face às dívidas.
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