EUDIS no Técnico para gerar embriões de startups de defesa
Lisboa é uma das oito cidades europeias a receber a maratona de programação promovida pelo EUDIS, programa financiado pelo Fundo Europeu de Defesa. Com a ambição de promover a criação de empresas.
Durante três dias mais de 100 futuros empreendedores do setor de defesa convergem ao Técnico Innovation Center, para o EU Defence Innovation Scheme (EUDIS) Defence Hackathon, que se realiza até domingo no Arco do Cego. Lisboa é uma das oito cidades europeias a receber a maratona de programação promovida pelo EUDIS, programa financiado pelo Fundo Europeu de Defesa (EDF), para apoiar a inovação e a participação de PME e startups no setor da defesa europeu.
“A nossa expectativa é que saiam daqui embriões de novas empresas de defesa, novas startups”, aponta André Marquet, cofundador e CEO da Productized, entidade que, em Portugal, está a organizar esta maratona de programação no setor de defesa.
Com mais de 100 participantes — presenciais e online, onde contam com inclusive participantes ucranianos —, André Marquet mostra-se otimista que o hackathon em Lisboa tenha o mesmo desfecho do ocorrido há meses num hackathon de defesa em Varsóvia, onde participaram três estudantes portugueses. “Desenvolveram uma tecnologia de seguimento de terreno através de inteligência artificial. Esse projeto em particular, com apenas três meses já recebeu investimento de largas centenas de milhares de euros”, lembra.
“Os fundadores desse projeto [Frederico Baptista, João Gonçalo Silva e Álvaro Patrício], a Zero Industries, estarão presentes também no nosso hackathon, como mentores, para mostrar a estes participantes que é possível ir de uma ideia, de um conceito, neste caso até um conceito de software, para um produto que, neste momento, já está a ser testado por algumas forças armadas e para uma startup que já tem um nível de investimento significativo, se considerarmos que tem apenas três meses”, exemplifica. A startup já obteve apoio e financiamento do Project Europe e da capital de risco Heartfelt.
Três dias para desenvolver projetos para defesa e espaço
Portugal é um dos oito países — os outros são Espanha, Itália, Alemanha, Polónia, Chéquia, Holanda e Roménia — que durante três dias chamou estudantes (e não só) a participar numa maratona para desenvolver projetos no setor de defesa. “Este hackathon cobre três áreas: espaço, proteção de ativos, de meios aéreos, drones e sistemas antiaéreos. A maior parte dos projetos que estamos à espera irão estar na órbita destas três grandes áreas”, descreve André Marquet.
Para “incentivar as equipas” a organização obteve o apoio da Critical Software, a sueca Saab e a AED Cluster Portugal, sendo atribuídos prémios monetários de 5.000, 2.5000 e 1.000 euros, para os três projetos selecionados pelo júri.
“Os prémios funcionam essencialmente como incentivos de participação. Agora, qual a finalidade? Que ao fim de 48 horas as equipas tenham protótipos relativamente funcionais ou demonstrativos daquilo que querem fazer, que podem ir quase desde conceitos teóricos até coisas perfeitamente funcionais dependendo do tipo que projeto que queiram abraçar”, descreve o cofundador da Productized.
A sueca Saab é um dos patrocinadores. “É bom ser parceiro [deste evento], porque reúne pessoas muito talentosas, estudantes, mas não só, com quem nos podemos encontrar e falar. Parte da nossa parceria com a organização é que temos um mentor nosso que vai acompanhar as 48 horas do evento, ajudando-os a desenvolver as suas ideias. Haverá ainda uma equipa de juízes, da qual faremos parte, que no fim irá selecionar o vencedor”, adianta Daniel Boestad, vice-presidente do negócio Gripen na Saab, ao ECO. “É uma grande oportunidade de conhecer o ecossistema e as pessoas que estão a trabalhar com desenvolvimento de alta tecnologia e software“, acrescenta o responsável da Saab.
Outro dos patrocinadores é a portuguesa Critical Software, “parceiros com os quais queremos fazer negócio”, lembra. A tecnológica portuguesa é uma das empresas com as quais a fabricante dos caças Gripen assinou um memorando de entendimento — a outra foi a OGMA — para a exploração de oportunidades de negócio, num momento em que a empresa sueca se posiciona como uma potencial solução para o Governo português na hora de renovar a frota de caças nacionais F-16 em fim de vida. Negócio onde enfrenta a concorrência da americana Lockheed Martin e os seus F-35.
André Marquet destaca a participação de empresas com a dimensão da Critical ou Saab neste evento. “Vamos ter mais de 100 participantes, um pouco de todo o país, com projetos de expertise técnica, ou seja, não vão ser coisas completamente triviais, vão ser coisas que provavelmente poderão ter interesse até para alguns dos parceiros”, diz. “Grandes empresas que depois lideram os processos de procurement e defesa, mas que podem ser empresas de charneira para a entrada dessas startups no mercado, para mais num mercado como a da defesa, com barreiras à entrada”, aponta.
Os vencedores de cada hackathon regional vão depois participar numa finalíssima europeia que vai ocorrer em janeiro de 2026, não só com prémio financeiro, dando-lhes acesso ao programa DIANA, que é o programa de aceleração de startups da NATO.
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