Economia prateada está “tranquila”. Metade dos seniores poupam (e ainda ajudam a família)
Instituto Ageingnomics e Mapfre analisaram os consumidores com mais de 55 anos e concluíram que, além da poupança, continuam a ajudar financeiramente as pessoas à sua volta.
A economia prateada (silver economy) portuguesa caracteriza-se por “tranquilidade económica”. Apesar de se sentirem invisíveis e alvos de idadismo (discriminação pela idade) na sociedade, os seniores têm contribuído para o consumo interno e cerca de metade consegue poupar todos os meses e, ao mesmo tempo, apoiar alguém próximo financeiramente.
Além de 49% dos seniores conseguirem fazer poupanças mensalmente, a maioria (69%) considera que a sua situação financeira se manterá igual ou até melhorará no próximo ano – apesar de preverem gastar mais em 2026, especialmente em habitação, provisões e alimentação, e de ajudarem familiares ou amigos com dinheiro (51%).
Estas são algumas das conclusões da segunda edição do barómetro do consumidor sénior em Portugal, elaborado pelo centro de investigação Ageingnomics e pela Mapfre e apresentado esta terça-feira. Os dados divulgados poderão explicar o facto de 42% acreditar que o sistema público de pensões está em risco, mas só 16% terem um plano de reforma privado.
Ainda assim, o CEO da Mapfre Portugal, Luis Anula, revelou que este ano a empresa está a duplicar o volume de negócios com produtos financeiros para esta faixa etária, onde se destaca o PPR – Plano Poupança-Reforma. “É a ferramenta de poupança considerada prioritária e adequada, que se pode gerir em função dos seus rendimentos e inclusive fazer contribuições extraordinárias se for necessário”, afirmou em conferência de imprensa.
Em média, os portugueses colocam 15% do salário em PPR, sendo que esta percentagem tem estado a crescer nos últimos anos.

“A população sénior caracteriza-se pela tranquilidade financeira: 57% não têm crédito ou hipoteca. A maioria dos seniores (73%) são proprietários de uma habitação. Em Espanha são mais 10 pontos percentuais [83%] provavelmente por terem melhores condições financeiras, ganharem mais”, explicou um dos autores do estudo, Marco Teixeira, em declarações aos jornalistas.
Os seus principais gastos concentram-se na alimentação (87%) e na habitação (82%), mas o turismo surge como uma prioridade. Quase sete em cada dez (69%) planeiam viajar em lazer no próximo ano e a maioria (58%) prefere destinos dentro de Portugal, o que representa um impulso potencial de 2,3 milhões de pessoas para o turismo nacional.
“Os dados mostram um claro desfasamento entre a significativa contribuição económica da população sénior e a sua perceção de valor social. Esta economia prateada é um motor poderoso para o consumo e o turismo e uma fonte essencial de apoio familiar. É fundamental que as empresas, as instituições e a sociedade como um todo reconheçam esta realidade e criem as condições adequadas para aproveitar o enorme potencial desta geração”, assinalou ainda o CEO da Mapfre Portugal, Luis Anula.
Há também diferentes perceções de idade e reforma. Os seniores no ativo gostavam de se reformar aos 64 anos, mas estimam que o façam apenas aos 67 anos. Não só pelas mudanças legislativas, mas devido à alteração de rotinas e capacidade financeira. A seu ver, alguém é idoso a partir dos 73 anos, mas pensam que, para a sociedade, um idoso tem 66 anos ou mais (como se veem vs. como são vistos). O idadismo está a fazê-los envelhecer antes do tempo.
“O envelhecimento populacional está a acontecer em todo o mundo, inclusive na América Latina, uma zona que sempre se viu como jovem. É um problema para a geração sanduíche”, alertou o diretor do Instituto Ageingnomics, Juan Palácios, sobre os adultos de meia-idade que cuidam, simultaneamente dos seus pais e dos filhos. A chegada deste tema à América Latina, e o facto de o Brasil ser um “mercado muito importante” para o grupo, significa que este pode ser o próximo destino dos trabalhos do Ageingnomics (a seguir o México).
O barómetro baseia-se num inquérito realizado a uma amostra representativa de 1.123 pessoas com 55 ou mais anos, residentes em território nacional. Quase metade (47%) dos participantes têm 70 anos ou mais. A recolha de dados realizou-se em junho de 2025, através de uma metodologia mista que combinou inquéritos online e por telefone, e a margem de erro do estudo é de ±2,9% para um nível de confiança de 95,5%.
Comparativamente à primeira edição do barómetro, realizada em 2022, denotam-se essencialmente diferenças no capítulo da tecnologia. No pós-pandemia, com a aceleração tecnológica, há cada vez há mais seniores a utilizar ferramentas digitais quer pelo interesse quer pela capacitação que vão adquirindo. Segundo o diretor do Ageingnomics, Juan Palácios, o online enquanto entrave de vivência em sociedade vai desaparecendo.
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