COP30. Países da UE podem não ser “tão generosos” como no passado
Ainda assim, “há um momentum criado no sistema que nos permite continuar a providenciar a nossa quota parte”, assegurou o conselheiro principal da Direção-Geral para a Ação Climática da Comissão.
No terceiro dia da 30.ª Conferência do Clima (COP30), representantes da União Europeia fizeram um ponto de situação. O executivo europeu alerta que os orçamentos europeus, pressionados, podem condicionar a “generosidade” em termos do financiamento climático e apela a que mais países se juntem ao esforço.
“Muitos Estados-membros estão sob muita pressão orçamental de momento, pelo que, no médio prazo, podem não estar aptos a ser tão generosos como foram no passado”, avisou Jacob Werksman, conselheiro principal da Direção-Geral para a Ação Climática da Comissão Europeia, numa conferência de imprensa que teve lugar esta quarta-feira.
Em contraponto, o conselheiro principal sublinhou que o financiamento climático a nível da União Europeia subiu no ano passado. “Há um momentum criado no sistema que nos permite continuar a providenciar a nossa quota parte”, assegurou. Numa intervenção prévia, Maria Samuelsen, da presidência do Conselho da União Europeia, havia explicitado que, em 2024, a UE providenciou 31,8 mil milhões de euros em financiamento público para o Clima.
Uma das prioridades chave para a União Europeia é, de acordo com Samuelsen, que existam progressos em aumentar a coerência entre os objetivos do Acordo de Paris e os fluxos de financiamento existentes.
Progresso, mas com divisões
Werksman sublinhou que a implementação de medidas no sentido de cumprir os objetivos do Acordo de Paris “tem de acelerar”.
“Algum progresso está a ser feito”, no âmbito das reuniões que estão a decorrer desde segunda-feira. Ainda assim, há “algumas diferenças bem fortes”, que “não são, claramente, entre o norte e o sul”.
De fora estão, para já, as questões da adaptação e das perdas e danos. “Estamos nos primeiros dias”, pelo que é prematuro perceber “onde as discussões vão aterrar”. Alguns assuntos, para serem desbloqueados, vão precisar de intervenção ministerial, e os governantes chegam na próxima semana.
Sobre possíveis intervenções dos Estados Unidos nas negociações, “quer enviando uma delegação ou por telefone”, Werksman indicou que não tem qualquer indicação de que isso vá acontecer, e mostra-se inclusivamente descrente nessa hipótese. Contudo, afirma: “Esperamos que toda a dinâmica política que está a acontecer neste processo mantenha o momentum, independentemente de alguma intervenção que os Estados Unidos possam fazer“.
Em adição, relembrou um apelo que já vem da última cimeira, em Baku, Azerbaijão, de que mais países contribuam para o objetivo de financiamento climático de 300 milhões de dólares anuais, acordado também na COP29. “Esse apelo torna-se mais importante” agora que os Estados Unidos rejeitam contribuir. “Esse desafio tem de ser tido em conta nestas conversações“, afirma.
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