Autoridades belgas fazem buscas no serviço diplomático da UE e no Colégio da Europa por suspeita de fraude com fundos europeus

  • Joana Abrantes Gomes
  • 11:37

Edifício adquirido em 2022 pelo Colégio da Europa, para servir de alojamento para os diplomatas da nova Academia da UE, está no centro da investigação liderada pela Procuradoria Europeia.

Há uma nova polémica a atingir as instituições europeias. Na manhã desta terça-feira, as autoridades belgas realizaram buscas na sede do Serviço Europeu para a Ação Externa (SEAE) e no Colégio da Europa, bem como em casas particulares, no âmbito de uma investigação a uma alegada fraude no uso de fundos da União Europeia (UE), avança o Euractiv.

No decorrer das buscas, confirmadas por um funcionário do SEAE, e que arrancaram às 7h30 no edifício do serviço diplomático da UE em Bruxelas (6h30 em Lisboa), foram apreendidos vários documentos e detidas três pessoas para serem sujeitas a interrogatório por suspeita de fraude em contratação pública, corrupção e conflito de interesses.

A investigação, liderada pela Procuradoria Europeia (EPPO) e que conta com a ajuda da polícia federal da Bélgica e do Organismo Europeu de Luta Antifraude (OLAF), teve início na sequência de denúncias de que o SEAE e o Colégio da Europa — a prestigiada escola universitária de pós-graduação em estudos europeus — teriam usado indevidamente dinheiro público da UE em 2021 e 2022.

O objetivo das buscas realizadas esta manhã é apurar se os representantes do Colégio da Europa tinham conhecimento prévio de um concurso público que se destinava a financiar a nova Academia Diplomática da UE (ADUE), um programa de formação anual para diplomatas dos 27 Estados-membros e funcionários das instituições europeias na área das relações externas.

A ADUE, criada pelo Conselho da UE e que decorre em Bruges, teve uma primeira fase-piloto durante o ano letivo de 2022/2023, seguindo-se uma segunda fase-piloto em 2023/2024, sempre com o apoio do Colégio da Europa. Oficialmente, a iniciativa arrancou no ano passado, tendo um orçamento superior a 1,7 milhões de euros para o período de 1 de julho de 2024 a 30 de junho deste ano, financiado pelo SEAE.

No centro da investigação do EPPO estará a compra, pelo Colégio da Europa, de um edifício no valor de 3,2 milhões de euros na Spanjaardstraat, em Bruges, que serve de alojamento para diplomatas que frequentam a Academia.

O Colégio da Europa adquiriu o edifício em 2022, num período marcado por dificuldades financeiras, e pouco antes de o SEAE lançar um concurso que mais tarde atribuiu à instituição universitária um financiamento de 654 mil euros.

Ora, a Procuradoria Europeia desconfia que os representantes do Colégio da Europa tiveram acesso a informações sobre o concurso público que deveriam ter permanecido confidenciais para permitir uma concorrência leal entre as entidades que disputavam a sede da nova Academia.

Quer o Colégio da Europa, quer a nova Academia Diplomática da UE são liderados por Federica Mogherini, ex-ministra dos Negócios Estrangeiros de Itália e que liderou o SEAE enquanto Alta Representante da UE para a Política Externa e de Segurança entre 2014 e 2019. É reitora do Colégio desde 2020 e tornou-se diretora da ADUE a partir do seu lançamento em 2022.

Durante o período em que incide a investigação do EPPO, o Serviço Europeu para a Ação Externa era liderado pelo espanhol Josep Borrell, então chefe da diplomacia da UE.

A italiana Federica Mogherini foi a Alta-Representante da União Europeia para a Política Externa e de Segurança entre 2014 e 2019. Em 2020, tornou-se reitora do Colégio da Europa e lidera, desde 2022, a nova Academia Diplomática da UE.© European Union , 2016 / Fotografia: Mauro Bottaro

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