Ex-vice-presidente da Comissão Europeia Federica Mogherini detida por suspeita de fraude
A ex-vice-presidente da Comissão Europeia e atual reitora da Universidade da Europa Federica Mogherini foi detida na sequência de buscas feitas pela Procuradoria Europeia por suspeita de fraude.
A ex-vice-presidente da Comissão Europeia e atual reitora da Universidade da Europa Federica Mogherini foi detida esta terça-feira na sequência de buscas feitas pela Procuradoria Europeia por suspeita de fraude, disse à Lusa fonte ligada ao processo.
Federica Mogherini, reitora da Universidade da Europa desde setembro de 2020, foi uma das três pessoas detidas esta terça-feira durante as buscas feitas àquela instituição académica em Bruges e às instalações do Serviço de Ação Externa da União Europeia (UE) em Bruxelas.
Federica Mogherini foi alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança entre 2014 e 2019.
O antigo rosto da União Europeia na diplomacia foi um dos três detidos na sequência de uma investigação por suspeita de fraude na atribuição de financiamento da UE a um projeto para instrução de jovens diplomatas.
De acordo com a Procuradoria Europeia, um dos candidatos terá tido acesso a informação confidencial que o beneficiou, colocando em causa a competição justa do processo.
O ex-secretário-geral do Serviço de Ação Externa da UE, Stefano Sannino, também é um dos detidos.
A investigação, liderada pela Procuradoria Europeia (EPPO) e que conta com a ajuda da polícia federal da Bélgica e do Organismo Europeu de Luta Antifraude (OLAF), teve início na sequência de denúncias de que o SEAE e o Colégio da Europa — a prestigiada escola universitária de pós-graduação em estudos europeus — teriam usado indevidamente dinheiro público da UE em 2021 e 2022.
O objetivo das buscas realizadas é apurar se os representantes do Colégio da Europa tinham conhecimento prévio de um concurso público que se destinava a financiar a nova Academia Diplomática da UE (ADUE), um programa de formação anual para diplomatas dos 27 Estados-membros e funcionários das instituições europeias na área das relações externas.
A ADUE, criada pelo Conselho da UE e que decorre em Bruges, teve uma primeira fase-piloto durante o ano letivo de 2022/2023, seguindo-se uma segunda fase-piloto em 2023/2024, sempre com o apoio do Colégio da Europa. Oficialmente, a iniciativa arrancou no ano passado, tendo um orçamento superior a 1,7 milhões de euros para o período de 1 de julho de 2024 a 30 de junho deste ano, financiado pelo SEAE.
No centro da investigação do EPPO estará a compra, pelo Colégio da Europa, de um edifício no valor de 3,2 milhões de euros na Spanjaardstraat, em Bruges, que serve de alojamento para diplomatas que frequentam a Academia.
O Colégio da Europa adquiriu o edifício em 2022, num período marcado por dificuldades financeiras, e pouco antes de o SEAE lançar um concurso que mais tarde atribuiu à instituição universitária um financiamento de 654 mil euros.
A Procuradoria Europeia desconfia que os representantes do Colégio da Europa tiveram acesso a informações sobre o concurso público que deveriam ter permanecido confidenciais para permitir uma concorrência leal entre as entidades que disputavam a sede da nova Academia.
Quer o Colégio da Europa, quer a nova Academia Diplomática da UE são liderados por Federica Mogherini, ex-ministra dos Negócios Estrangeiros de Itália e que liderou o SEAE enquanto Alta Representante da UE para a Política Externa e de Segurança entre 2014 e 2019. É reitora do Colégio desde 2020 e tornou-se diretora da ADUE a partir do seu lançamento em 2022.
Durante o período em que incide a investigação do EPPO, o Serviço Europeu para a Ação Externa era liderado pelo espanhol Josep Borrell, então chefe da diplomacia da UE.
(notícia atualizada às 13h32)
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