Exclusivo Luca levanta 6,8 milhões de euros. Quer “construir o líder mundial de educação nos próximos 10, 15 anos”

Com esta ronda eleva-se para 13 milhões de dólares (cerca de 11,2 milhões de euros) o capital já levantado pela edtech fundada por Frederico Bello. Ex-Unbabel Vasco Pedro é um dos investidores.

A edtech Luca acaba de fechar uma ronda de 8 milhões de dólares (cerca de 6,8 milhões de euros) para consolidar a operação no México e começar a preparar a expansão para mercados da América Latina de língua espanhola, como a Colômbia ou Peru. “A ideia é construir o líder mundial de educação nos próximos 10, 15 anos”.

“Queremos consolidar forte o México e depois começar a abrir mercados aqui perto, na América Latina que fala espanhol, em países como a Colômbia, o Peru, que estão certamente no nosso roadmap. E depois, a seguir disso, uma vez que sejamos líderes no México e na América Latina, começar a pensar em mercados internacionais, como os Estados Unidos, o próprio Brasil, a Espanha poderia ser uma porta de entrada interessante na Europa”, diz Frederico Bello ao ECO.

O objetivo é em “2026 consolidar México e começar a pensar em novos países a partir de 2027”, precisa. “A ideia é construir o líder mundial de educação nos próximos 10, 15 anos”, aponta o fundador e CEO da Luca, edtech que tem as suas operações no México e Portugal.

Queremos consolidar forte o México e depois começar a abrir mercados aqui perto, na América Latina que fala espanhol, em países como a Colômbia, o Peru, que estão certamente no nosso roadmap. E depois, a seguir disso, uma vez que sejamos líderes no México e na América Latina, começar a pensar em mercados internacionais, como os Estados Unidos, o próprio Brasil, a Espanha poderia ser uma porta de entrada interessante na Europa.

Os planos de expansão serão alimentados com esta nova injeção de capital, uma série A, no valor de 8 milhões de dólares (cerca de 6,8 milhões de euros), liderada pelo fundo 6DC, com a participação da Explorer, Heartcore e da Shilling VC.

Juan Romero — antigo CEO da Pearson LatAm e agora CEO LatAm da ISP, plataforma educativa recentemente adquiria pelo CVC — e Vasco Pedro, antigo fundador da Unbabel e agora da Spinable, participaram na ronda e irão juntar-se à direção da Luca “para adicionar conhecimento regional e operacional”. Miguel Santo Amaro (Coverflex e Shilling), ou Diogo Mónica (fundador do unicórnio Anchorage Digital) são outros dos fundadores que já investiram na Luca.

“Esta ronda foi oversubscribed, portanto nós tivemos muito mais procura do que o espaço que tínhamos disponível, tivemos que dizer que não a vários fundos e conseguimos uma avaliação super interessante, 4 ou 5 vezes mais”, diz, embora sem adiantar números. Com esta ronda eleva-se para 13 milhões de dólares (cerca de 11,2 milhões de euros) o capital já levantado.

Frederico Bello aponta a elevada procura ao crescimento que a empresa tem vindo a assinalar. “Tínhamos uma trajetória de crescimento nos últimos anos muito forte e, portanto, é um modelo de negócio que está demonstrado e que pode ser aplicado a um mercado gigante. Só no México, entre os 6 e os 17 anos existem mais de 30 milhões de estudantes. Os dados em Portugal apontam que em Portugal não existe nem um milhão de estudantes nestas idades. Se nós escalarmos para a América Latina que fala espanhol, excluindo o Brasil, são mais de 100 milhões de estudantes nestas idades, o que faz com que seja o terceiro maior mercado. Maior que isto só existe em Índia e a China”, descreve.

A edtech arrancou inicialmente num modelo B2C — “éramos um Netflix que os pais compravam e os miúdos usavam em casa, sobretudo focada em reforço escolar e preparação de exames —, mas passado um ano, começaram a ter sinais de que o maior fit do produto podia estar diretamente nas escolas. “Há três anos, fizemo um pivot em que passamos a ser B2B, ou seja, vendemos diretamente às escolas. Mudámos um bocado o produto”, conta o CEO.

“Precisávamos de uma plataforma específica para o professor que o ajudasse a gerir as aulas virtualmente. Depois, entretanto, começámos a imprimir livros físicos também. Começámos a adotar metodologias de vários países do mundo aplicadas ao currículo do México — matemática com a metodologia da Singapura, leitura com metodologia da Finlândia e criámos um blended learning entre digital, físico e nacional e internacional, com uma componente inglês forte muito pensado nos colégios”, descreve.

“Começámos a ver umas taxas de uso muito altas nos colégios e depois do segundo ano em diante a taxa de crescimento do número de colégios que temos começou a ser exponencial. As vendas ainda estão a crescer mais, portanto estamos à espera de um ano super positivo”, destaca.

Entre setembro de 2024 e agosto de 2025, adicionaram 105 escolas, abrangendo cerca de 20.000 estudantes. Larga maioria dos professores (94%) com acesso à plataforma usa-a regularmente (uma subida face aos 75% do ano anterior), com os estudantes e professores a registar semanalmente mais de 50 interações com a plataforma. As receitas anuais aumentaram quatro vezes mais, diz, sem revelar números exatos.

“Queríamos validar que a Luca subia as notas dos alunos e tivemos uma proposta da principal universidade privada no México, o Tecnológico de Monterrey, para avaliar o impacto académico da Luca. Fizeram um estudo de mais de um ano em toda a nossa base de utilizadores, começaram a ver qual era a nossa metodologia e a medir os resultados das notas em espanhol, em ciências, em língua, em matemática, em inglês. E a conclusão, o estudo saiu agora, é que as escolas sobem até 20% as notas apenas seis meses depois de implementarem a Luca, versus a metodologia tradicional que usavam antes. Então isso deu-nos uma credibilidade, uma validação super forte no mercado”, reconhece.

IA: um tutor para cada aluno

Um potencial de crescimento que, acredita, ainda está no início e que poderá aumentar com a Inteligência Artificial, desde o início na base da Luca. “Nós desde o princípio da Luca, na altura chamava-se machine learning, que tínhamos esta ideia de que o mesmo aluno não devia ter a mesma experiência só por estar na mesma sala de aula ou na mesma turma. Ou seja, a ideia de que alunos diferentes aprendem de formas diferentes, têm interesses diferentes e capacidades diferentes”, refere.

A educação é dos campos que mais pode beneficiar da implementação de inteligência artificial. A partir de agora, sobretudo nos próximos três anos, vai ser possível que cada aluno tenha um tutor virtual, como se fosse um explicador próprio. É como se tivéssemos uma aula de 30 alunos em que cada um tem o seu próprio professor.

“Nos últimos, sobretudo, 16 meses, a explosão da inteligência artificial, sobretudo a nível de geração de conteúdo e de resposta de feedback imediato, fez com que nós pudéssemos aplicar esses princípios dentro da plataforma e o diferencial da nossa plataforma versus o que existe no mercado foi ainda mais óbvio”, continua.

“A educação é dos campos que mais pode beneficiar da implementação de inteligência artificial. A partir de agora, sobretudo nos próximos três anos, vai ser possível que cada aluno tenha um tutor virtual, como se fosse um explicador próprio. É como se tivéssemos uma aula de 30 alunos em que cada um tem o seu próprio professor. E o papel do professor, mais que ser o dono do conteúdo e de toda a sabedoria, vai ser um papel mais de gestor dessas inteligências artificiais, como se o professor tivesse 30 assistentes, em que cada um sabe tudo sobre um aluno em específico. É essa visão que nós estamos a implementar”, revela.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Luca levanta 6,8 milhões de euros. Quer “construir o líder mundial de educação nos próximos 10, 15 anos”

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião