OCDE revê em alta crescimento da economia para 2026, mas está mais pessimista sobre o défice

Previsão de crescimento de 2,2% para 2026 iguala a do BdP e da Comissão Europeia, ficando a 0,1 pontos da projetada pelo Governo. Contudo, instituição está mais pessimista sobre o saldo orçamental.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) está mais otimista sobre o desempenho da economia portuguesa em 2026, projetando uma taxa de crescimento de 2,2%, mais 0,3 pontos percentuais (pp.) do que anteriormente. Nas previsões divulgadas esta segunda-feira agrava, contudo, o défice esperado para o próximo ano, para 0,6%.

No relatório, a organização com sede em Paris projeta um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,9% este ano e de 2,2% em 2026, antes de desacelerar para 1,8% em 2027. Deste modo, a previsão para este ano mantém-se face ao relatório de junho e está alinhada com a das restantes instituições económicas — Banco de Portugal, Conselho das Finanças Públicas (CFP), Fundo Monetário Internacional (FMI) e Comissão Europeia –, ficando 0,1 pontos percentuais abaixo da meta de 2% do Governo português.

Para 2026, a OCDE junta-se assim à Comissão Europeia e ao Banco de Portugal na expectativa de uma taxa de 2,2%, apenas a um 0,1 ponto do previsto pelo Governo. Já o FMI prevê uma taxa de 2,1% e o CFP de 1,8%.

Fonte: OCDE

A OCDE destaca para Portugal o dinamismo do mercado de trabalho, aumentos no salário mínimo e a redução do IRS, com efeitos no consumo privado, bem como o investimento, devido à execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Por outro lado, assinala que o crescimento das exportações continuará “moderado, refletindo a fraca procura externa devido às tarifas americanas mais altas e à elevada incerteza”. Ademais, como a procura por mão-de-obra continua forte, a inflação irá moderar-se lentamente para 2% em 2027.

Política orçamental expansionista

A OCDE está, contudo, mais pessimista sobre o desempenho orçamental, apontando para um excedente de 0,1% este ano e um défice de 0,6% em 2026 e de 0,5% em 2027.

No relatório publicado em junho, a instituição apontava para um saldo positivo de 0,2% este ano e um negativo em 0,3% em 2026. A revisão para o próximo ano coloca-a em linha com o CFP, tornando-se das duas instituições mais pessimistas, apenas ultrapassadas pelo Banco de Portugal (-1,3%). Já Bruxelas projeta um défice de 0,3% e o FMI um saldo nulo, enquanto o Governo aponta para um ligeiro excedente (0,1%).

Paralelamente, a OCDE assinala que a política orçamental irá continuar expansionista em 2026, tornando-se contracionista em 2027, refletindo principalmente o fim da implementação do PRR em 2026.

“A prudência orçamental e as reformas estruturais são fundamentais para sustentar o crescimento e manter a dívida pública em uma trajetória firmemente decrescente“, recomenda a OCDE.

No mesmo sentido, adverte que, no médio prazo, é preciso “conter as pressões da despesa relacionadas com o envelhecimento da população e reduzir as despesas tributárias ineficientes”, o que permitiria “abrir espaço para os investimentos públicos necessários para o aumento da produtividade”.

Continuar a reduzir as barreiras de entrada e simplificar as regulamentações no setor do retalho e nos serviços profissionais também apoiaria o crescimento e a produtividade“, aponta.

Entre os riscos indica que uma queda adicional na taxa de poupança das famílias e uma evolução salarial mais forte do que o esperado poderão aumentar o consumo, mas também alimentar a inflação. Despesas públicas maiores do que o esperado, principalmente em defesa, também poderão aumentar a procura interna. Por outro lado, a redução dos desembolsos de financiamento do RRP e a elevada incerteza poderão afetar o investimento, implicando em menor crescimento e menor inflação.

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