Empresas esperam investir mais, mas estão mais pessimistas com o futuro, revela inquérito do BEI
Disponibilidade de pessoal qualificado e incerteza quanto ao futuro são os maiores obstáculos ao investimento. Nas empresas exportadoras soma-se o cumprimento de novos regulamentos ou certificações.
As empresas portuguesas estão mais pessimistas em relação à evolução da economia do que a média europeia e consideram que as barreiras ao investimento continuam a ser elevadas. Ainda assim, uma em cada seis empresas nacionais admite investir mais, segundo um inquérito do Banco Europeu de Investimento (BEI).
“Em termos líquidos, as empresas portuguesas estão cada vez mais pessimistas em relação tanto ao clima económico em geral e ao clima político ou regulatório, com o saldo negativo para o clima económico a ser pior do que a média da UE (-45% vs -30%)”, lê-se no relatório divulgado esta terça-feira.

“Apesar disso, um saldo líquido positivo das empresas acredita que as perspetivas de negócio do seu setor vão melhorar nos próximos 12 meses (14%), o que é notavelmente mais otimista do que a média da UE de 0%”, conclui o inquérito anual do BEI sobre o investimento em Portugal.
As empresas em Portugal estão também mais otimistas do que a média da UE relativamente ao acesso ao financiamento externo (11% vs 1%) e ao financiamento interno (16% vs 9%). Um reflexo da melhoria de rating de Portugal que torna o custo do dinheiro mais barato.
Com base nas respostas de 480 empresas nacionais, numa amostra total de 12.000 na UE, o BEI revela que a percentagem de empresas portuguesas que investiram no último exercício financeiro e receberam apoio político é superior à média da UE (20% face a 16%).
E a maior parte do investimento total centrou-se na substituição (60%), o que é superior à média da UE (54%). Já em termos futuros, nos próximos três anos, vão concentrar os seus investimentos na renovação de equipamentos (41%) e na expansão de capacidades (28%), à semelhança das suas congéneres europeias.

As respostas recolhidas entre abril e julho revelam a disponibilidade de pessoal qualificado e a incerteza quanto ao futuro como os principais obstáculos ao investimento. Mas, entre as empresas exportadoras, a maioria (58%) considera o cumprimento de novos regulamentos, normas ou certificações como um obstáculo às suas atividades comerciais, em linha com o conjunto da UE (59%).
Com 72% das empresas inquirida a exportar, uma redução de seis pontos percentuais face a 2024, mas acima da média europeia (66%), as interrupções na logística e nos transportes são também vistos como um obstáculo por 38% das empresas portuguesas, em comparação com 43% na UE.

Entre as empresas importadoras portuguesas, a grande alteração de estratégia foi a diversificação ou o aumento do número dos países de onde importam. O inquérito revela que 29% estão a fazê-lo, o que está em linha com o ano anterior (31%), mas significativamente superior à média atual da UE (19%). Uma percentagem semelhante de empresas portuguesas investe no rastreio digital de inventários e de matérias-primas (27%), o que é superior à média da UE (18%).
Além disso, oito em cada dez empresas portuguesas dizem estar expostas a riscos físicos decorrentes das alterações climáticas e 64% já investiram em medidas para fazer face às alterações climáticas. “As grandes empresas e as empresas da indústria transformadora apresentam maior probabilidade de terem já investido em medidas para atenuar o impacto das alterações climáticas”, lê-se no documento, que detalha que 96 % das empresas portuguesas já tomaram medidas práticas para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, com ênfase na minimização e reciclagem de resíduos, em opções de transporte sustentáveis e em investimentos em eficiência energética.
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