Galp vê acordo com Total na Namíbia a trazer valor “significativo” apesar de não distribuir ‘cash’
A co-CEO da Galp, Maria João Carioca, explica porque considera o acordo para a venda da participação em complexo da Namíbia como sendo "gerador de valor adicional significativo".
Depois de a Galp ter revelado o acordo com a francesa Total Energies para a venda de metade da sua fatia de exploração na Namíbia, o mercado reagiu em baixa. A co-CEO da Galp, Maria João Carioca, veio explicar que o negócio acrescenta um valor significativo para a petrolífera portuguesa, apesar de não se traduzir numa distribuição imediata de valor.
Os esclarecimentos foram dados durante uma chamada com analistas, que teve lugar esta terça-feira, no rescaldo de um comunicado emitido pela petrolífera portuguesa, no qual informou da venda de metade da participação de 80% que detinha no complexo de Mopane, na Namíbia, à Total Energies.
“De facto, trata-se de uma troca de ativos” e “tenho consciência de que isto não distribui imediatamente dinheiro (cash)”, rematou Maria João Carioca, contrabalançando que existem outros “motores de criação de valor”.
“Considerámos que era um compromisso que continuava a ser significativamente gerador de valor“, sublinhou.
A participação de 40% no complexo de Mopane, no qual a Galp detinha uma participação de 80%, é entregue à Total Energies em troca de duas outras participações em projetos detidos pela petrolífera francesa. A Galp recebe 10% da licença de exploração 56 (PEL56) e outros cerca de 10% da licença PEL91, no complexo Venus, também na Namíbia – ao lado de Mopane – e que estará cerca de dois a três anos mais adiantado do que o de Mopane.
A decisão final de investimento em relação ao Venus deverá chegar em 2026. O facto de a Galp entrar neste projeto e partilhar o seu com a Total Energies permite recolher conhecimento sobre se as soluções aplicadas no complexo Venus são também aplicáveis em Mopane.
Além de receber as duas fatias das licenças PEL56 e PEL91, a Total Energies compromete-se a apoiar em 50% “todos os investimentos” da Galp em Mopane até à fase de desenvolvimento, isto é, até ser extraído o primeiro barril e começarem a surgir os primeiros fluxos de caixa.
“Enquanto anteriormente estávamos a suportar 100% da despesa de desenvolvimento do Mopane, agora passaremos a suportar 25% dessa despesa. Isto representa um valor significativo”, considera a co-CEO. Além disso, sublinha que o carry não tem definido qualquer tecto (uncapped) e é feito sem juros. “Assim, quando o reembolso começar, dependerá totalmente da existência de fluxos de caixa suficientes, sendo esses fluxos a determinar o ritmo do reembolso”, explicou.
O peso relativo de cada uma das duas componentes do acordo — a troca de ativos e o apoio ao investimento, o “carry” —, considerando o cenário esperado para o ativo, “cerca de 70% do valor do negócio depende do carry, e a troca de ativos com Venus representa cerca de 30%“, especificou a líder da Galp.
As ações da Galp seguem a cair 14,57% para os 14,81 euros cada, sendo que já desceram aos 14,66 euros ao longo do dia, um mínimo de março de 2020, que se traduz numa perda de valor de 1,9 mil milhões de euros em capitalização bolsista.
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