Bacalhau mais caro encolhe promoções e pode diminuir vendas

Ao ECO, o diretor para Portugal do NSC antecipa que a escalada de preços do bacalhau vai levar a "diminuição das promoções" na Páscoa, que poderá desencadear uma queda entre 5% a 10% das vendas.

O aumento dos custos de produção e de transporte têm vindo a puxar pelo preço do bacalhau já desde o ano passado. Mas a guerra na Ucrânia veio agravar a escalada de preços, pelo que esta Páscoa é expectável que se verifique uma queda de “entre 5% a 10%” das vendas deste produto típico, penalizada sobretudo pela diminuição das promoções.

Portugal é um dos países que mais consome bacalhau em todo o mundo, com o mercado português a representar “cerca de 20% de todo o bacalhau que é pescado no mundo” e a consumir “cerca de 7kg/per capita de bacalhau anualmente”, começa por explicar Johnny Thomassen, diretor para Portugal do Conselho Norueguês dos Produtos do Mar (NSC), uma organização que agrega os países exportadores de peixe da Noruega, em declarações ao ECO, acrescentando que “só a Noruega vende 40 mil toneladas de bacalhau por ano” para o território nacional, dado que Portugal é o maior país importador de bacalhau proveniente deste país nórdico, seguido pela República Dominicana e pelo Brasil.

Não obstante, e tendo em conta que este é considerado um dos produtos mais emblemáticos da gastronomia nacional, o maior “pico” de vendas dá-se no Natal, que representa 29% do consumo total deste produto em Portugal –, sendo que só na noite de Consoada estima-se que sejam consumidas “entre 4 mil e 5 mil toneladas de bacalhau” — seguido pela Páscoa.

E se já no final do ano passado houve um aumento entre 15% a 20% no preço de venda do bacalhau, refletindo a escalada dos custos industriais e dos transporte, as perspetivas para este ano apontam para um agravamento. “Se tudo o resto aumenta, o bacalhau não consegue ser uma exceção. O aumento dos custos de produção e de transporte, sobretudo devido ao acréscimo do preço dos combustíveis utilizado pelos barcos de pesca e pelos meios de logística e transporte, tornam o aumento inevitável”, sintetiza Johnny Thomassen, não adiantando, no entanto, valores exatos relativos a este aumento.

Neste contexto, o diretor para Portugal do NSC antecipa que a escalada de preços do bacalhau vai levar a uma “diminuição das promoções de bacalhau nos postos de venda” durante esta época festiva, que irá penalizar as vendas. “Julgo que a queda das vendas se situará entre os entre 5 e 10%”, aponta.

Apesar de referir que o cenário atual é “muito volátil”, ainda que seja “muito provável que os preços se mantenham em alta”, Johnny Thomassen acredita que a generalidade dos consumidores portugueses vai continuar a optar por este produto. Segundo o responsável, “o consumo de bacalhau seco salgado representa cerca de 80% do consumo total e o demolhado congelado e ready to eat rondam os 20%“, notando ainda que o preço do bacalhau”aumenta cerca de 30% depois de demolhado”.

Não obstante, a estas preferências a pandemia também veio trocar as voltas aos locais de consumo do bacalhau. “A maior mudança a que se assistiu nos últimos dois anos foi a transferência do consumo fora de casa (restauração) para o consumo doméstico, dado o contexto pandémico e as restrições associadas”, assinala, destacando um estudo da Mastercard que revelou que o Bacalhau à Brás foi o prato mais preparado nas casas portuguesas em 2021.

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