Produtores de metais pedem medidas para enfrentar inverno de “vida ou morte”

Associação europeia envia carta a líderes da UE a apelar a medidas que permitam responder à crise energética. Dizem que a Europa enfrenta o risco de uma "desindustrialização permanente".

A Eurometaux, a associação europeia de produtoras de metais não ferrosos, onde estão gigantes como a Alcoa, Glencore, Norsk Hydro, BASF ou Rio Tinto, enviou uma carta aos presidentes da Comissão Europeia, Parlamento e Conselho Europeu a exigir uma ação enérgica na redução dos preços da eletricidade e do gás, dois dias antes de uma reunião decisiva em Bruxelas. Sem isso, não será possível evitar uma “desindustrialização permanente”, alegam.

A carta, assinada por perto de 50 líderes de empresas e associações, visa sensibilizar os governos para “a cada vez mais grave crise energética na Europa e a ameaça existencial que representa para o futuro” da indústria.

Estamos muito preocupados que o próximo inverno possa desferir um golpe decisivo em muitas das nossas operações. Apelamos aos dirigentes da UE e dos Estados-Membros para que tomem medidas de emergência para preservar os seus setores estratégicos intensivos em eletricidade e evitar a perda permanente de empregos”, apela a missiva.

Segundo a Eurometaux, metade da capacidade de produção de alumínio e zinco da UE ficou já offline devido aos preços mais de dez vezes superiores ao ano passado. Há também cortes na produção de silício, ligas ferrosas, cobre e níquel.

No último mês, várias empresas tiveram de anunciar o encerramento por tempo indeterminado e muitas mais estão no limite antes de um inverno de vida ou morte para muitas operações“, insiste a carta. “Sabemos pela experiência que quando uma fábrica encerra muitas vezes torna-se uma situação permanente, uma vez que a reabertura implica incerteza e custos significativos.”

O apelo chega dois dias antes do Conselho de Energia extraordinário da UE, que reunirá os ministros da pasta na sexta-feira, dia 9, em Bruxelas, para decidir medidas para limitar os preços e mitigar o impacto da crise energética. A Eurometaux deixa várias reivindicações, entre elas:

  • Medidas temporárias para lidar com o preço excessivo dos geradores de eletricidade a partir de combustíveis fósseis, com o objetivo de reduzir o preço da energia oferecida no mercado sem contribuir para mais escassez por via do aumento do consumo.
  • Melhorar o quadro temporário de auxílios estatais, aumentando o limite de 50 milhões de euros para os apoios que os Estados-Membros podem prestar às empresas em dificuldades.
  • Promover e incentivar ativamente o uso de contratos de compra de energia renovável, através de ações regulatórias, e a construção massiva de geração a partir de energias renováveis.
  • Dar apoio às empresas através da limitação de impostos e sobretaxas sobre eletricidade e gás e a criação de um fundo de ajuda de emergência da UE para as indústrias intensivas em energia.

Segundo a Eurometaux, o “investimento de longo prazo para todas as operações e projetos de metais estratégicos da UE corre o risco de ser dizimado“. “Mais encerramentos vão ocorrer no próximo ano, uma vez que as empresas vão deixar de estar protegidas da subida dos preços pelos contratos de cobertura de 2022”, acrescenta a carta.

Os produtores de metais acrescentam ainda um argumento ambiental: “Qualquer nova perda de produção da UE também aumentará as emissões globais de gases com efeito de estufa, devido à substituição da oferta por regiões mais poluentes.”

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