Via Verde prepara aposta no estrangeiro para 2023

Seis meses depois de separar o serviço das portagens, 90% dos subscritores ficaram com as opções para estacionamento e abastecimento na empresa do grupo Brisa. Preços para 2023 estão em discussão.

A Via Verde já tem destinos internacionais no mapa do crescimento para 2023. Esta é a próxima grande aposta da empresa do grupo Brisa depois de no início deste ano ter separado o serviço de portagens das restantes opções de mobilidade. Em entrevista ao ECO, o líder da Via Verde, Eduardo Ramos admite ainda que há “pressão nos custos” e que os preços do serviço poderão subir no próximo ano.

Vamos continuar a olhar para oportunidades que possam surgir noutros mercados, para as quais já olhámos no passado e que obviamente é sempre interessante tentar perceber como se estão a desenvolver”, antecipa Eduardo Ramos. O grupo Brisa tem a decorrer o plano estratégico até 2025 e o crescimento além-fronteiras é uma das principais metas.

Eduardo Ramos, presidente executivo da Via Verde

Embora sem concretizar países, Espanha é o mercado com maiores probabilidades de ficar na fila da frente da expansão internacional. “Alguns mercados da Europa vão desenvolver a sua mobilidade e estamos a ver que possibilidade tem a Via Verde tem de trabalhar essas oportunidades no contexto acionista em que estamos agora, com mandato de crescimento.”

Para chegar lá fora, a empresa irá apostar em serviços “que já existem em Portugal e que terão de ser replicados“. Além do pagamento de portagens, o identificador e a aplicação móvel da Via Verde também permitem pagar o estacionamento em 41 municípios e o abastecimento ou carregamento do automóvel. Em Espanha, para já, apenas há o serviço de pagamento de portagens através de um identificador.

Portugueses querem mais do que portagens

No início de janeiro, a Via Verde separou o serviço das portagens das restantes opções da empresa, designado de pacote de mobilidade. Os clientes de então foram automaticamente transferidos para o pacote alargado, a não ser o que tivessem comunicado por escrito ou por telefone.

Mais de meio ano depois, apenas 10% dos clientes que pagam uma mensalidade ou anuidade pelo identificador (2,3 milhões de clientes) pediram para ficar só com o pagamento das portagens. “Temos cerca de 90% dos clientes que optaram por uma solução de mobilidade mais integrada: parques, carregamentos e abastecimentos incluídos.”

Alguns mercados da Europa vão desenvolver a sua mobilidade e estamos a ver que possibilidade tem a Via Verde tem de trabalhar essas oportunidades no contexto acionista em que estamos agora, com mandato de crescimento

Eduardo Ramos

Presidente executivo da Via Verde

Há ainda 2,3 milhões de clientes que compraram o identificador da Via Verde antes do início de 2022, não pagando pela subscrição. Ao contrário do que estava previsto, o dispositivo para pagar portagens continua à venda mas apenas serve para as autoestradas. Para ter acesso aos outros serviços tem de subscrever o pacote de mobilidade.

“Foi-nos demonstrado, pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes, o desejo de mantermos a venda do identificador, que pode ser comprado numa loja da Via Verde. É uma solução que não aconselhamos, porque não tratamos do ciclo ambiental e é uma solução menos económica para o cliente”, alega o também administrador da Brisa.

Nos primeiros sete meses do ano, a empresa ganhou cerca de 250 mil novos clientes. “Temos cada vez mais adesão de estrangeiros, que vêm viver para Portugal e subscrever o nosso serviço.”

Pressão nos custos

No final de julho, o presidente executivo da Brisa, António Pires de Lima, alertou que o aumento das portagens no próximo ano deverá ser “significativo”, já que a subida dos valores está indexada à inflação que se vai registar em outubro. Eduardo Ramos considera que ainda é cedo para se falar sobre as subidas nas tarifas das portagens e dos serviços da Via Verde para 2023.

No entanto, o também administrador da Brisa assume: “Não somos imunes à pressão de custos salariais, de sistemas e dos nossos investimentos. Quando definirmos os preçários, vamos ter em conta o serviço que prestamos e a sensibilidade do cliente a estes aumentos de preços, que são genéricos em toda a economia. Não posso ser romântico: sentimos pressão nos custos.”

Mais certo é que o futuro da Via Verde vai contar cada vez menos com as receitas das portagens: “O nosso objetivo continua a ser oferecer serviços de mobilidade, aumentando a oferta do estacionamento e de carregamento elétrico”.

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