Empregadores portugueses otimistas na contratação. 41% quer aumentar equipa até final do ano

Comércio grossista e retalhista é o setor mais otimista, com o Grande Porto a liderar as projeções de contratações nas regiões. Grandes empresas são as que querem mais contratar.

Os empregadores portugueses mantêm-se otimistas nas suas estimativas de contratação, com 41% a afirmarem ter intenções de aumentar as suas equipas até ao final do ano. Apenas 14% antecipa ter de diminuir a sua força de trabalho e 42% acredita que irão manter o número de colaboradores, segundo dados do ManpowerGroup Employment Outlook Survey relativos ao quarto trimestre. Portugal é o 5.º país da região EMEA (Europa, Médio Oriente e África) com maiores previsões de contratação, 10 pontos acima da média regional, e o segundo com um maior aumento anual deste valor.

“Apesar da incerteza económica e geopolítica, as intenções de contratação dos empregadores portugueses continuam fortes e a luta pelo talento acentuada. A retoma pós-pandémica tem suportado o crescimento do PIB, face a 2021, e impulsionado as contratações, com a taxa de desemprego a fixar-se nos 5,9%, no passado mês de julho, e o número de inscritos no IEFP a atingir o valor mais baixo de sempre”, afirma Rui Teixeira, diretor geral do ManpowerGroup Portugal, citado em comunicado.

“Não obstante, começamos a observar sinais de uma possível inversão de tendência, com uma redução na contribuição da procura interna para a evolução do PIB, neste 2.º trimestre, fruto de um menor crescimento do consumo privado e do investimento, com um peso crescente do turismo. Assim, a continuidade do conflito na Ucrânia, o aumento da inflação, que a nível nacional está já acima da média da zona Euro, e a subida nas taxas de juro, representam novas preocupações para os empresários e exigem um acompanhamento atento da economia nacional, e das medidas de apoio que o governo está a lançar, por forma a avaliar o impacto definitivo nas empresas portuguesas e na sua capacidade de criação de emprego.”

Com a projeção para a criação líquida de emprego a manter-se relativamente estável, nos 31% – uma diminuição de apenas um ponto percentual face ao último trimestre, mas uma subida de 19 pontos percentuais, se compararmos com o período homólogo de 2021 –, os dados do estudo trimestral da Manpower, junto a mais de 40.000 empregadores, em 41 países e territórios, durante o mês de julho, 555 dos quais em Portugal, apontam que dez dos 11 setores analisados esperam aumentar as equipas este ano, embora seis setores reduzam as suas projeções face ao trimestre passado.

Os mais otimistas nas contratações

O comércio grossista e retalhista, indústria, tecnologias de informação, telecomunicações, comunicação e media são os setores que apresentam as previsões de contratação mais otimistas.

É, de resto, o comércio grossista e retalhista o que apresenta as perspetivas mais positivas, com uma projeção de +46%, o valor mais elevado observado neste setor desde 2016, altura em que este estudo da ManpowerGroup começou a ser realizado.

“Este setor apresenta também o crescimento mais acentuado face ao trimestre anterior, com mais 17 pontos percentuais, bem como um aumento considerável, de 33 pontos percentuais, quando comparamos com o mesmo período do ano passado”, destaca a recrutadora.

O setor industrial projeta um aumento de 34% nas contratações, mais três pontos percentuais do que face ao trimestre anterior. Seguem-se as tecnologias de informação, telecomunicações, comunicação e media (+33%), mas face à vaga anterior regista-se uma diminuição de 13 pontos percentuais nas intenções de contratação deste setor.

Comportamento idêntico ocorre no setor das outras atividades de produção, que projeta um crescimento de +32%, mas em queda de 5 pontos percentuais face ao trimestre anterior.

Restauração e hotelaria e da banca, finanças, seguros e imobiliário apresentam projeções de +31% e +25%, respetivamente, mas, quando comparados com o trimestre anterior, os valores recuam em sete e 18 pontos percentuais, respetivamente.

Também a construção e as outras atividades de serviços antecipam um crescimento de +23%, ainda que este último setor revele uma diminuição de 16 pontos percentuais, face ao trimestre anterior.

“Os setores com as perspetivas menos otimistas, mas ainda assim positivas, são a produção primária (que reúne as atividades agrícola, mineira ou de recolha de resíduos), com +21%, e a educação, saúde, trabalho social e governamental, com +20%“, refere a Manpower.

Grande Porto entre os mais otimistas

Todas as regiões do país apresentam previsões favoráveis quanto à evolução das contratações no último trimestre de 2022, ainda que apenas uma evolua positivamente face ao trimestre anterior: o Grande Porto.

O Grande Porto tem a projeção para a criação líquida de emprego mais robusta (+40%), sendo a única região com uma evolução positiva desde o último trimestre, com mais 3 pontos percentuais.

“Na região sul, também se observa uma Projeção próspera de +32%, que apesar de diminuir em sete pontos percentuais face ao trimestre passado, representa o maior aumento relativamente ao período homólogo do ano passado, com uma variação de 24 pontos percentuais”, refere a ManPower.

Na área da Grande Lisboa, os empregadores projetam uma subida de +26% nas contratações, valor que traduz uma descida de sete pontos percentuais face ao terceiro trimestre. Seguem-se a região centro (+20%), e a região norte (+18%), embora no caso desta última região represente menos sete pontos percentuais do que no trimestre passado.

Empresas de maior dimensão querem contratar mais

Todas as categorias de empresas inquiridas, independentemente da sua dimensão, preveem aumentar a sua força de trabalho até ao final do ano, contudo são as grandes empresas que avançam a perspetiva mais próspera relativamente às contratações: +38%, mais cinco pontos percentuais face ao trimestre anterior. Seguem-se as pequenas empresas (+30%) e as microempresas (+26%), em relativa estabilidade face ao trimestre passado.

Já as empresas de média dimensão e as microempresas apresentam as perspetivas mais conservadoras, revelando, ainda assim, uma projeção de +26% e +25%, respetivamente.

Portugal entre os mais otimistas

A nível global, tal como em Portugal, a projeção para a criação líquida de emprego sofreu um ligeiro decréscimo de três pontos percentuais, para +30%. Dos 41 países inquiridos, 39 apresentam perspetivas de contratação positivas, mas 23 revelam um abrandamento face ao trimestre anterior.

O Brasil (+56%), a Índia (+54%) e a Costa Rica (+52%) são os mais otimistas. A nível europeu, com +34% a França e a Suécia mostram as intenções mais elevadas, sendo que Portugal é o quinto país da tabela, com 31%.

A Hungria destaca-se, com uma projeção negativa de -5%, seguida pela Grécia, com -3%.

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