MAPFRE prefere ver oportunidades e relança seguros com taxa garantida

A seguradora reuniu corretores para mostrar que há oportunidades na crise que está instalada. Em Portugal vai lançar um centro de investigação sobre envelhecimento e dá vida aos seguros unit-linked.

“Existe muito por fazer em áreas que o Estado não consegue resolver”, foi uma das principais conclusões do II Encontro MAPFRE Global Risks que juntou em Lisboa os principais brokers nacionais e internacionais de seguros para uma sessão sobre perspetivas macroeconómicas para 2022 e 2023. António Nogueira Leite foi orador convidado e sublinhou os desafios assinalados estão o impacto da inflação e envelhecimento da população no setor segurador.

Luis Anula, CEO da Mapfre Portugal: “Os custos estão a subir e estão a ter impacto no ramo automóvel, nos acidentes de trabalho e a aumentar a frequência e os custos dos sinistros”.

O evento contou com a presença dos principais responsáveis da MAPFRE Global Risks, unidade do Grupo MAPFRE que oferece soluções globais e integrais para clientes corporativos internacionais a nível mundial.

Destacando os resultados positivos da MAPFRE Portugal até agosto, com mais de 200 milhões de euros em negócio, Luis Anula, CEO da MAPFRE Portugal, referiu que a companhia quer continuar a crescer no mercado português com rentabilidade e foco nos clientes, com uma estratégia multicanal, apostando na transformação e agilização dos processos de negócio.

Para o CEO da MAPFRE Portugal, “2022, apesar dos resultados otimistas e do potencial de crescimento da seguradora em Portugal, não está a ser um ano fácil. Estamos a sentir os efeitos da saída da pandemia e começo da guerra na Ucrância, os custos estão a subir e estão a ter impacto no ramo automóvel, nos acidentes de trabalho e a aumentar a frequência e os custos dos sinistros”.

Em declarações a ECOseguros, Luis Anula sublinhou o crescimento da sua quota de mercado da MAPFRE, e o próximo lançamento de um produto Vida financeiro com taxas garantidas. Sublinhou a importância do canal direto da MAPFRE em Portugal, com 108 lojas e objetivo de chegar às 150, do canal de corretores no tendo estado presente no evento representantes das maiores corretoras em Portugal e do canal bancassurance. Este último, para além da seguradora que a MAPFRE constituiu com o Banco Santander para explorar ramo automóvel e empresas, está ativo através de venda de produtos através do Bankinter, Banco CTT, Abanca e BBVA.

Jose Antonio Ruibal, da MAPFRE Global Risks

Jose Antonio Ruibal, da MAPFRE Global Risks, recordou as principais crises que atingiram o mundo nos últimos três anos, intercaladas por recuperações fulgurantes que rapidamente terminaram, como o bloqueio do Canal de Suez, a pandemia, o bloqueio dos portos da China e a guerra da Ucrânia, contra a qual “nos defrontámos quando achávamos que o setor segurador ia voltar a crescer”.

Para José Manuel Inchausti, CEO Iberia da MAPFRE e 3º vice-presidente do Grupo MAPFRE, um dos maiores desafios será o envelhecimento da população para a sociedade em geral e, consequentemente, para a companhia. O responsável sublinha, por isso, a importância de projetos da Fundação MAPFRE como o Ageignomics, um centro de Investigação para o envelhecimento, que é um think tank que em breve chegará a Portugal.

José Manuel Inchausti, CEO Iberia da MAPFRE: “um dos maiores desafios será o envelhecimento da população para a sociedade em geral e, consequentemente, para a companhia”.

A MAPFRE reforça o seu foco na solvência, indicando valores de rácio combinado de 93% para Portugal em agosto último e a nível mundial (A Mapfre tem forte presença em Portugal, Espanha, Brasil, Estados Unidos e América Latina) atingiu 83%, melhorando 10 pontos em relação ao ano passado.

Em relação aos principais riscos que a companhia enfrenta nos próximos 3 anos, a MAPFRE considera a mudança de comportamento dos consumidores, a cibersegurança e um crescimento económico incerto. Já a um horizonte de 10 anos está preocupada com as alterações climáticas, o comportamento dos consumidores e as catástrofes naturais.

Nogueira Leite: Nascidos em 1976 vão ter reforma de 45% do salário

Para António Nogueira Leite, economista e antigo Secretário de Estado do Tesouro e Finanças, que foi o orador convidado da sessão, os níveis de incerteza atuais “não têm paralelo”. “Nos últimos meses houve uma redução do consumo privado, uma reação à perda de rendimento real das famílias”. O decréscimo da confiança dos consumidores, em linha com outros países europeus, gerada pela incerteza, significa um abrandamento da economia.

António Nogueira Leite encontra oportunidades na crise.

Sobre a conjuntura incerta, Nogueira Leite considera que “os portugueses se adaptam bem”, mas aponta como riscos para os próximos anos a subida das taxas de juro e o facto de 95% das hipotecas serem a taxa variável, contra uma média de 15% na UE. Por outro lado, o aumento da fatura energética, que em alguns setores chegou a mais 6 vezes, e que tem levado algumas fábricas a paragens técnicas.

Há, porém, problemas graves por resolver em duas áreas: terceira idade e saúde. “Existe muito para fazer pelos seguros em áreas que o Estado não consegue resolver”, considera, destacando ainda o facto dos níveis de proteção patrimonial em Portugal serem especialmente baixos.

A pressão demográfica e a população envelhecida terão consequências em muitas áreas: “Há um problema de sustentabilidade da Segurança Social. (…) Uma pessoa que nasceu em 1976, quando se reformar vai ter apenas 45% do seu último salário. É um problema, mas também uma oportunidade para as seguradoras, que podem ajudar a resolver os problemas das famílias”. Na assistência a idosos também existe um problema de oferta: “É uma área de dificuldade mas também oportunidade”.

No que respeita à saúde, “olhando para como as coisas funcionam, para a evolução da medicina com prolongamento da vida, e que está mais cara do que antes, qualquer sistema de saúde vai ter de investir muito nas próximas décadas. O recurso ao sistema cooperativo e privado vai aumentar, oferecendo serviços à altura das nossas expectativas”, reforçou.

Sobre o potencial de desenvolvimento do setor segurador, Nogueira Leite considera que os portugueses consomem poucos seguros e que o setor tem muita margem para crescer. “Os problemas estruturais sem o setor segurador serão muito mais graves”, conclui.

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