Explosão ou normalidade? Três investidores falam sobre capital de risco

Debate sobre valorizações de startups encerrou palco dedicado ao capital de risco na Web Summit. As sociedades que participaram no painel admitem que estão a fazer menos investimentos este ano.

As avaliações das startups no mercado privado foram o tema do último debate sobre capital de risco na Web Summit deste ano. Com os três intervenientes divididos entre a explosão ou o regresso à normalidade no capital de risco, o painel teve direito a lotação esgotada: o público ocupou os mais de 100 lugares sentados disponíveis e houve mais de uma dezena de pessoas que teve de ficar em pé ou sentada no chão.

O debate pretendia antecipar como vão ser as avaliações das startups em 2023, tendo em conta que o mercado travou bruscamente neste ano — o investimento em tecnológicas no terceiro trimestre foi para mínimos da pandemia –, após os recordes de 2021.

Do lado da explosão do mercado esteve Sitar Teli, fundadora e sócia-gerente da Connect Ventures. “Em 2021 não houve muito para fazer e concretizaram-se muitos investimentos. As coisas fugiram um pouco do controlo mas, agora, estamos a voltar aos anos de 2018 e de 2019, que foram bons anos. Estamos a voltar ao que éramos. O mercado não está mau”, avaliou.

Para Stephan Morais, presidente da Indico Capital Partners, “tivemos 10 anos de taxas de juro baixas. Havia procura e oferta, grande tecnologia e as valorizações dispararam. Continua a haver muito capital mas o equilíbrio de poder na negociação é maior. Os fundos estão a ser muito cuidadosos“, referiu o investidor português.

Quem fala num regresso à normalidade é Christian Nagel, cofundador e sócio da Earlybird Venture Capital. “É a natureza das coisas. Acontece sempre a mesma coisa: as avaliações reduzem-se e afetam sobretudo as rondas mais volumosas. Não acho que as coisas tenham saído do controlo. Apenas estamos a viver um ciclo que já é habitual“, considerou o investidor, com 25 anos de experiência no mercado.

Christian Nagel mostra-se otimista e garante que “não estamos longe de uma estabilização do mercado”. Stephan Morais corrobora e entende que o mercado caminha para a normalização: “As companhias que precisam de levantar dinheiro vão tê-lo.”. Sitar Teli, em sentido contrário, entende que a situação vai continuar a ser má para empresas, sobretudo as não cotadas, pois “podem sofrer mais dificuldades” e “ter de continuar a reduzir as suas equipas para reduzirem os seus custos”.

Numa coisa todos concordaram: este ano estão a ser feitos menos investimentos do que em 2021. Resta saber se em 2023 o mercado vai manter-se na mó de baixo ou se a onda vai voltar a subir.

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