Celebrar o “Whatever it Takes” de Draghi como antídoto para os extremismos

Há dez anos, Mario Draghi proferiu as “três palavras mágicas” que salvaram a Zona Euro. Rui Duarte quer assinalar momento histórico num Dia Europeu: “Que seja um antídoto para os extremismos."

Um post publicado na rede social LinkedIn a 26 de junho de 2021 a desejar “Happy Day Whatever it Takes” — completava nove anos que Draghi tinha salvado o Euro com as “três palavras mágicas” — desencadeou em Rui Duarte uma “inquietude cívica” em relação à existência europeia: “Como é que não somos capazes de celebrar as nossas vitórias e conquistas coletivas quando há quem esteja a tentar destruir a União?”

A ideia de celebrar aquele dia instalou-se neste conimbricense a viver há ano e meio em Lausanne, na Suíça, e fez o seu caminho. “Falamos sempre nos fundadores do projeto europeu, mas esquecemo-nos de quem dá continuidade nas tempestades, de quem ajudou a fundar o futuro”, conta ao ECO.

Conversou com amigos, incluindo o seu melhor em Bruxelas, e, algum tempo depois, Rui Duarte apresentava um manifesto para dar corpo à iniciativa que recebeu esta semana “luz verde” da Comissão Europeia para avançar com a recolha de assinaturas (tem de ter mais de um milhão) de modo que seja analisada pelo Executivo de Von der Leyen.

Formado em Economia Política Europeia na London School of Economics, o português, 38 anos, lidera um grupo de mais de uma dezena de “profundos europeístas”, todos voluntários, que pretende trazer o momento de viragem que representou “Whatever it Takes” há dez anos para o presente.

Em 2012, em plena crise das dívidas soberanas, Draghi provou que “não foi preciso mexer nos Tratados para salvar o Euro e o nosso estilo de vida” — foi num discurso num evento em Londres que o então presidente do BCE garantiu que iria fazer “o que for preciso” para preservar a unidade da Zona Euro, numa altura em que os mercados cercavam a Grécia. A expressão tornou-se célebre. António Costa usou-a há um ano para assegurar junto da atual presidente do BCE, Christine Lagarde, que Portugal ia ter as contas certas “whatever it takes”.

Agora, “com esta iniciativa queremos que todos percebam qual a essência que deve estar na base das decisões da Europa em relação, por exemplo, à crise energética”, explica Rui Duarte, que trabalha em comunicação global numa multinacional.

Para os subscritores do manifesto, o italiano personifica o que deve ser a Europa “como espaço de união na diversidade, que se constrói na diferença”. Portanto, querem que o Dia Europeu do “Whatever it Takes” seja “um antídoto para os extremismos” que ameaçam as democracias europeias.

Um ano para recolher um milhão de assinaturas

Inicialmente eram sete membros (os necessários para avançar com os procedimentos junto de Bruxelas no âmbito European Citizens’ Initiative), mas já são 11 de nove nacionalidades: Portugal, Espanha, França, Itália, Bélgica, Áustria, Chéquia, Roménia e Polónia.

Com o registo da iniciativa pela Comissão, seguir-se-á o trabalho mais exigente. “Vai ser preciso muito apoio”, reconhece Rui Duarte.

A partir do momento em que abrirem o processo de recolha de assinaturas, Rui Duarte e os colegas terão um ano para juntarem mais de um milhão de apoios em pelo menos sete Estados-membros diferentes. Só se atingirem este nível de apoio é que a Comissão fará a análise da iniciativa e tomar uma decisão.

Recorde o momento “Whatever it takes” de Draghi

A própria Comissão dá meios para o projeto avançar, incluindo um domínio web onde estará toda a informação relativa à iniciativa e que será a plataforma de recolha de assinaturas de forma digital. Mas não chega.

A recolha das assinaturas está prevista para arrancar no início do próximo ano. Antes, Rui Duarte quer fazer o trabalho de casa. “Vamos perceber primeiro as nossas capacidades. Todos nós temos o nosso trabalho”, contextualiza. A ideia será alargar o projeto ao maior número de pessoas e envolver a sociedade civil no mesmo objetivo. O esforço que o espera não desanima: “Quem corre por gosto não cansa”.

Draghi diria de outra forma para concluir a empreitada: “Whatever it takes”.

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