O futuro é mais sustentável quando todo o talento se junta

  • Débora Melo Fernandes e Rita Carvalho Nunes
  • 23 Fevereiro 2023

O aproveitamento do talento e das competências organizacionais e de coordenação que caracterizam tantas mulheres mantém-se ainda em níveis subótimos.

É verdade que as mulheres constituem cerca de metade da população mundial, mas não estão representadas em igual proporção em muitos setores, profissões e cargos de liderança, o que se traduz, por exemplo, no afastamento ou subrepresentação em processos de tomada de decisão em empresas, instituições públicas e privadas ou organizações internacionais, incluindo a própria Organização das Nações Unidas (ONU).

A população feminina continua, em 2023, a enfrentar sérios desafios no que respeita à igualdade de acesso a um salário igual para trabalho igual, ou de acesso a educação e de paridade em publicações científicas, apenas para dar alguns exemplos.

O aproveitamento do talento e das competências organizacionais e de coordenação que caracterizam tantas mulheres mantém-se ainda em níveis subótimos, sendo a falta de paridade particularmente visível nas áreas STEM (Science, Technology, Engineering and Maths), ainda encaradas como “território masculino”, salvas honrosas exceções.

Contudo – e é no progresso e nas boas notícias que hoje queremos focar-nos –, a situação começa a mudar. A celebração, no passado dia 11 de fevereiro, de um Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência é um bom exemplo disso. Este Dia foi instituído pela Resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas n.º 70/212, de 22 de dezembro de 2015, na sequência da aprovação, nesse mesmo ano, da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e dos seus 17 Objetivos, “uma agenda alargada e ambiciosa que aborda várias dimensões do desenvolvimento sustentável (sócio, económico, ambiental) e que promove a paz, a justiça e instituições eficazes”, como se refere no site dedicado ao tema.

A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da ONU assume a capacitação feminina como um dos seus principais pilares. O Objetivo 5 – Igualdade de Género decompõe-se em nove eixos, sendo de destacar:

  • Acabar com todas as formas de discriminação contra todas as mulheres e meninas, em toda parte.
  • Garantir a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de tomada de decisão na vida política, económica e pública.
  • Aumentar o uso de tecnologias de base, em particular as tecnologias de informação e comunicação, para promover o empoderamento das mulheres.
  • Adotar e fortalecer políticas sólidas e legislação aplicável para a promoção da igualdade de género e o empoderamento de todas as mulheres e meninas em todos os níveis.

O caminho é longo mas está a ser feito, como está patente no recente Relatório dos ODS nas Empresas Portuguesas 2022, que revela uma participação feminina de cerca de 25% nas administrações das empresas portuguesas abrangidas no estudo. Fruto do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido – por mulheres e homens – na promoção da igualdade de género, o número de mulheres empreendedoras aumentou mais de 60% ao longo das últimas duas décadas nos Estados Unidos. Parte desse aumento deve-se a empresas criadas no setor tecnológico, da saúde e da biomedicina, o que mostra bem que mais mulheres nestes setores trazem mais talento disponível, mais ideias e, logo, mais crescimento em áreas que são fulcrais nesta era de transformação de processos produtivos, transição energética, desenvolvimento de AI e avanços médicos.

É por isso com muita esperança que olhamos para o número crescente de mulheres empreendedoras e na ciência, bem como para programas como o Women TechEu, lançado pela Comissão Europeia em 2021, que podem ajudar a construir um planeta e uma sociedade melhores para todos, e para o que vemos na nossa prática diária, em que temos tido o privilégio de discutir novas ideias e assessorar a implementação de modelos de negócio com interlocutoras cada vez mais sofisticadas, confiantes e capacitadas e em temas cada vez mais abrangentes, que vão do desenvolvimento de software à energia renovável, passando pela indústria farmacêutica e a inovação em saúde.

(Nota: esta é a quarta coluna do Women in ESG Portugal para o Capital Verde, e por meio deste canal pretendemos trazer conteúdos ligados ao ESG de forma descomplicada para a sociedade, na voz de mulheres que detêm expertise técnica na área. Para mais informações, aceda ao site: www.winesgpt.com)

  • Débora Melo Fernandes
  • Advogada
  • Rita Carvalho Nunes
  • Advogada

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