“Não somos abutres”. António Esteves lança fundo “agnóstico” de 500 milhões

Fortitude, do ex-partner do Goldman Sachs em parceria com o BTG Pactual e a Atrium, acaba de lançar primeiro fundo. Novobanco e BCP estão fora do radar. Conta investir 400 milhões este ano.

A Fortitude, fundada por António Esteves em parceria com os brasileiros do BTG Pactual e a Atrium, acaba de lançar o primeiro fundo de investimento, com foco em Portugal. “Não somos um fundo abutre. Somos agnósticos, queremos olhar para qualquer empresa”, ressalva o antigo partner do Goldman Sachs. Até ao final do ano, o fundo conta levantar 250 milhões de euros junto de investidores privados, com um cap de 500 milhões. Interesse no Novobanco e BCP? “Não vou estar a fazer nada disso”.

“Portugal é um país que oferece boas oportunidades de investimento e necessita de um projeto deste, de um boost de capital”, explica António Esteves na sessão de apresentação do fundo de private equity aos jornalistas, em Lisboa.

Embora admita investimentos “em qualquer boa empresa que precise de capital ou financiamento”, António Esteves diz que está a “olhar com carinho” para os setores da agricultura, saúde, energia e entretenimento e conteúdo.

Até final do ano prevê fechar dois investimentos na ordem dos 400 milhões, o primeiro dos quais a ser concretizado até ao verão, de cerca de 50 milhões, num projeto agrícola.

Em relação a um eventual interesse no setor financeiro, “não está no topo da lista” da Fortitude, sublinha António Esteves, afastando também o interesse no Novobanco e BCP, que chegaram a estar associados ao fundo. “Se vou estar proativamente à procura de oportunidades no setor financeiro, não. Se vou investir no Novobanco ou tentar comprar o Novobanco ou arranjar uma solução de capital para o BCP, não vou estar a fazer nada disso. Há coisas mais interessantes para se fazer no mercado português”, atira.

Capacidade de tiro acima dos 500 milhões

O Portugal Special Situations Fund – assim se designa o primeiro fundo da Fortitude – já angariou 100 milhões e deverá atingir os 250 milhões no final do ano. Tem um cap de 500 milhões. “Mas a nossa capacidade de investimento vai muito além da capacidade do fundo”, aponta António Esteves. “Podemos ambicionar fazer projetos de qualquer valor… mil milhões, dois mil milhões… (…) Trazemos uma série de investidores alinhados connosco”, acrescenta.

Entre eles estão os grupos financeiros Carlyle, CVC, o Fundo de Pensões dos Professores de Ontário, a Sixth Street, o Banco Português de Fomento – a Fortitude foi uma das private equity selecionadas para o programa Consolidar, tendo recebido 10 milhões –, entre outros investidores. “Não há fundos de capital privado com esta capacidade de tiro”, reclama António Esteves.

A ideia passa por investir em empresas com bons planos de negócios e campeãs em setores que possam consolidar. “Não vamos andar a fazer turnarounds”, explica o gestor. “Em qualquer investimento, iremos ter envolvimento direto nas decisões estratégicas da empresa, mas não vamos substituir a gestão”.

António Domingues e Paula Amorim são conselheiros

A equipa executiva da Fortitude é constituída por oito elementos, sendo liderada pelo próprio António Esteves, com cerca de três décadas de experiência no setor financeiro.

A sociedade conta ainda com pesos pesados no conselho consultivo, incluindo António Domingues (ex-CEO da Caixa e ex-administrador do BPI), Paula Amorim (Galp), Filipe de Botton (fundador da Logoplaste), Alexandre Relvas, entre outros.

Para António Esteves, é a garantia de que a Fortitude fará uma “seleção muito cuidada de todas as oportunidades de investimento” que encontrar. O objetivo do fundo passa por gerar um retorno de 15% a 20% ao ano aos investidores.

(Notícia atualizada às 17h36)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

“Não somos abutres”. António Esteves lança fundo “agnóstico” de 500 milhões

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião