Quase metade das famílias considera cuidados médicos um encargo financeiro pesado

No ano passado, 75,5% da população com idade igual ou superior a 16 anos consultou um médico de clínica geral, o que representa uma descida de 5,8 p.p. face a 2017.

Quase metade famílias portugueses (45,8%) avalia as despesas com cuidados médicos como um encargo algo pesado ou muito pesado, sendo os medicamentos e os cuidados dentários os que fazem maior mossa no orçamento. Mais de metade da população em risco de pobreza não fez qualquer consulta de saúde oral ou de outras especialidades médica nos últimos 12 meses, revelam os dados resultantes do “Inquérito às Condições de Vida e Rendimento realizado em 2022”, divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) esta sexta-feira.

“Em 2022, 45,8% das famílias avaliavam as despesas com cuidados médicos como um encargo algo pesado ou muito pesado, 49,7% no caso dos medicamentos e 51,7% no caso dos cuidados dentários, apesar da diminuição destas proporções em relação a 2017: respetivamente, 48,4%, 54,5% e 54,7%, com destaque para os encargos financeiros com medicamentos”, pode ler-se.

Mais detalhadamente, os encargos financeiros com cuidados médicos (o que inclui consultas, exames e tratamentos médicos, de medicina geral ou especializada) representavam um encargo muito pesado para 12,7% das famílias e um peso moderado para 33,1% das famílias.

Os medicamentos, por sua vez, representavam um encargo muito pesado para 16,1% das famílias e algo pesado para 33,6% das famílias.

Finalmente, os cuidados dentários representavam um encargo muito pesado e algo pesado para 17,5% e 33,7%, respetivamente, das famílias.

A avaliação negativa do peso dos encargos financeiros com os cuidados de saúde é — sem surpresa — maior no caso das famílias em risco de pobreza, sobretudo para os cuidados dentários (59,4% de famílias em risco de pobreza) e para os medicamentos (61,6% de famílias em risco de pobreza).

Uma análise por região permite concluir que foram os agregados familiares da Região Autónoma da Madeira que avaliaram como mais pesados os encargos financeiros com os cuidados de saúde (54,5% em relação a cuidados médicos, 60,4% em relação a medicamentos e 61,3% para cuidados dentários).

Inversamente, foram as famílias do Algarve que avaliaram os encargos como mais moderados (43% no que se refere aos cuidados médicos, 48,8% em relação aos medicamentos e 45,4% para os cuidados dentários).

8 em cada 10 pessoas consultaram um médico de clínica geral

No ano passado, 75,5% da população com idade igual ou superior a 16 anos consultou um médico de clínica geral nos últimos 12 meses anteriores à entrevista, o que representa uma descida de 5,8 do pontos percentuais (p.p.) face a 2017. Dos que consultaram, em 2021/2022, 46,9% fizeram-no uma ou duas vezes e 28,6% fizeram-no três vezes ou mais.

No que toca a consultas de cuidados dentários, mais de metade (57,4%) da população residente referiu ter consultado um médico dentista ou ortodontista, o que reflete, todavia, uma melhoria em relação a 2017 (ano em que esta percentagem se situou nos 53,4%). Entre os que foram a uma consulta de saúde dentária, 34,4% fizeram-no uma ou duas vezes e 23% fizeram-no três vezes ou mais.

Foram ainda 52,5% os que consultaram médicos de outras especialidades (exceto dentistas e ortodontistas e medicina geral e familiar) nos 12 meses anteriores à entrevista, proporção ligeiramente inferior à verificada em 2017 (53,1%).

As mulheres referiram ter tido mais consultas médicas e com maior frequência do que os homens, com proporções de 80,6% de consultas de medicina geral, 59,7% de consultas com cuidados dentários e 57,8% com outros especialistas, e com 69,8%, 54,8% e 46,6%, respetivamente, para os homens.

“Não existem diferenças substanciais no acesso às consultas de clínica geral entre a população em risco de pobreza e a restante população, mas mais de metade da população que vivia em situação de risco de pobreza não fez qualquer consulta de saúde oral ou de outras especialidades médicas nos 12 meses anteriores à data da entrevista”, destaca ainda o INE.

“Ao contrário do que foi observado para as consultas de clínica geral, a proporção de pessoas em risco de pobreza que tinham consultado um médico dentista ou ortodontista era bastante mais baixa (44,2%) do que a obtida para a restante população (59,9%).”

Outros números

De acordo com o mesmo inquérito, mais de metade da população adulta tinha excesso de peso (37,3%) ou obesidade (15,9%), valores em linha aos observados em 2017 e 2019. “Em 2022, o excesso de peso ou obesidade atingia sobretudo a população a partir dos 45 anos (com valores entre 58,1% e 65,4%), a população com nível de escolaridade até ao ensino básico (63,4%) e a população reformada (63,3%)”, esclarece o gabinete de estatística.

No que toca ao estilo de vida praticado, 80,2% dos portugueses consumiam fruta diariamente; 63,3% consumia saladas ou legumes pelo menos uma vez por dia e quase metade praticava exercício físico de forma regular, pelo menos uma vez por semana.

o consumo de bebidas alcoólicas de forma diária foi indicado por quase 20% da população com idade igual ou superior a 16 anos. Ao mesmo tempo, 18,4% da população referiu ter consumido bebidas alcoólicas algumas vezes por semana; 12,3% algumas vezes por mês (mas não semanalmente); e 14,2% raramente (algumas vezes no ano). Os restantes 35,8% referiram não ter consumido qualquer bebida alcoólica naquele período.

Finalmente, 14,1% da população inquirida referiu o consumo diário de tabaco, resultado ligeiramente inferior ao obtido com base no Inquérito Nacional de Saúde realizado em 2019 (14,2%).

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