Xi Jinping defende Estado palestiniano como “membro de pleno direito da ONU”

  • Lusa
  • 14 Junho 2023

"A China apoia a ideia de a Palestina se tornar membro de pleno direito da ONU", reiterou o presidente chinês, Xi Jinping, após reunião com Abbas.

O Presidente da China reiterou esta quarta-feira ao homólogo palestiniano, Mahmoud Abbas, o apelo para que o Estado da Palestina se torne “membro de pleno direito da ONU”, indica um relatório da imprensa estatal chinesa. O apelo de Xi Jinping, que já tinha manifestado uma posição semelhante em dezembro, na Arábia Saudita, surge numa altura em que Pequim procura reforçar o seu papel de mediador nas disputas do Médio Oriente.

A diplomacia chinesa, que no início deste ano facilitou uma inesperada aproximação entre o Irão e a Arábia Saudita, sustenta que pretende dar um contributo para o processo de paz israelo-palestiniano, que se encontra num impasse desde 2014. “A China apoia a ideia de a Palestina se tornar membro de pleno direito da ONU”, disse Xi Jinping numa reunião em Pequim com Abbas, que se encontra a visita a China, citado pela emissora estatal chinesa CCTV.

“A solução fundamental para a questão palestiniana reside na criação de um Estado palestiniano independente, com plena soberania, baseado nas fronteiras de 1967 e com Jerusalém Oriental como capital”, sublinhou Xi Jinping. A China, que também mantém boas relações com Israel, reconhece a Palestina como um Estado e apoia tradicionalmente a solução de dois Estados.

Segundo Jinping, deve ser feita justiça à Palestina “o mais rapidamente possível”, ao mesmo tempo que Pequim deseja “reforçar a coordenação e a cooperação” com as autoridades palestinianas com vista a uma “resolução rápida, abrangente, justa e duradoura” do conflito.

“A China está disposta a desempenhar um papel pró-activo nos esforços da Palestina para alcançar a reconciliação interna e promover as conversações de paz”, acrescentou. Até há pouco tempo, a China estava menos envolvida na questão israelo-palestiniana do que os Estados Unidos, mas, nos últimos meses, tem afirmado a sua posição sobre o assunto com mais insistência e força.

“Devemos respeitar o status quo histórico dos locais sagrados de Jerusalém, rejeitar palavras e atos radicais e provocadores e promover a convocação de uma conferência internacional de paz mais ampla, com maior autoridade e influência”, defendeu Jinping. Abbas, 87 anos, está em Pequim até sexta-feira e foi recebido hoje no monumental Palácio do Povo, junto à Praça Tiananmen.

Gostaria de aproveitar esta oportunidade para agradecer sinceramente tudo o que a China está a fazer para apoiar os direitos do povo palestiniano e a ajudar o Estado da Palestina a tornar-se membro de pleno direito da ONU”, disse Abbas a Jinping.

Numa declaração conjunta, a China e as autoridades palestinianas anunciaram também o estabelecimento de “relações de parceria estratégica”, elevando o nível das relações diplomáticas. Esta é a quinta visita oficial de Mahmoud Abbas à China.

Definida pelos Estados Unidos como um rival, a China reforçou nos últimos anos as suas relações comerciais e diplomáticas com os países do Médio Oriente, muitos dos quais estão tradicionalmente sob influência norte-americana. A nível diplomático, o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Qin Gang, já tinha também reafirmado ao homólogo palestiniano, Riyad al-Malki, que Pequim apoia os esforços para resolver o conflito israelo-palestiniano.

Segundo um comunicado emitido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Qin observou que Abbas é o primeiro chefe de Estado árabe a ser recebido pela China este ano, o “que demonstra plenamente a amizade especial entre a China e a Palestina e o apoio da China à justa causa da Palestina”. O ministro chinês adiantou que Abbas e Jinping “vão elaborar um plano de alto nível para o desenvolvimento das relações bilaterais, esclarecer a direção estratégica e elevar as tradicionais relações amigáveis entre os dois países para um novo patamar”.

“A China atribui grande importância à questão palestiniana e sempre apoiou firmemente a justa causa do povo da Palestina para restaurar os seus direitos nacionais legítimos. A China vai continuar a apoiar a direção correta das negociações para a paz e contribuir com a sua sabedoria e força para a solução do conflito”, lê-se na nota oficial.

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