Digi compra Nowo por 150 milhões de euros
A Digi Portugal assinou um contrato para comprar 100% da Cabonitel, que controla a Nowo, avaliando-a em 150 milhões de euros. Operação resolve para já o problema do acesso a conteúdos televisivos.
A informação é oficial: a Digi Portugal assinou um contrato com os donos da Nowo para comprar a operadora portuguesa por 150 milhões de euros, resolvendo temporariamente o problema do acesso aos conteúdos televisivos e ficando com mais espetro para lançar o 5G.
A confirmação surge poucas semanas depois de a venda da Nowo à Vodafone ter sido chumbada pela Autoridade da Concorrência, e um dia depois de o acionista da Nowo ter rompido um acordo para vender a mesma empresa à Media Capital, como noticiou o ECO na quinta-feira.
“A empresa informa o mercado de que, a 1 de agosto de 2024, a Digi Portugal assinou um acordo de compra de ações com a Lorca JVco Limited para a compra de 100% das ações emitidas pela Cabonitel, a uma avaliação de 150 milhões de euros, sujeita aos ajustes típicos e certos eventos contingentes”, informou a Digi Communications num comunicado. “O perímetro da transação inclui a Nowo Communications, o quarto maior operador de telecomunicações móveis e fixas de Portugal (integralmente detida pela Cabonitel)”, acrescenta a nota.
A confirmação de que a Digi vai comprar a Nowo surge um dia depois de o ECO ter revelado em primeira mão que a Lorca rompeu um contrato para vender a Nowo à Media Capital, cuja conclusão da transação estava marcada para esta sexta-feira. A decisão, tomada à 25.ª hora, deverá pressupor o pagamento de uma indemnização.
Mas há algum tempo que se especulava sobre uma possível venda da Nowo à Digi, sobretudo à medida que iam ficando mais claras as dificuldades da Vodafone em convencer a Autoridade da Concorrência a aprovar o negócio. O regulador acabou por chumbar a operação em definitivo no mês passado, após concluir que corria o risco de criar entraves significativos à concorrência.
O anúncio de que a Media Capital estava interessada na Nowo foi noticiado pelo ECO poucas semanas depois, e causou surpresa. Mas o grupo que detém a TVI e CNN Portugal oferecia um preço substancialmente inferior aos 150 milhões pela Nowo, o que terá levado a Lorca a romper o acordo na quinta-feira para assinar com a Digi.
Aliás, para os donos da Nowo, o incentivo a desistir da venda à Media Capital é claro: os 150 milhões de euros do negócio com a Digi equivalem, aproximadamente, ao preço que a Vodafone estaria a oferecer pelo mesmo ativo quando, no dia 30 de setembro de 2022, anunciou a compra da Nowo, operação que viria a falhar.
No comunicado, a Digi informa que a Nowo “tem cerca de 270 mil clientes móveis e cerca de 130 mil clientes fixos de telecomunicações”. Com esta compra, fica com ainda mais espetro para lançar serviços 5G, na medida em que a Nowo tinha investido mais de 70 milhões de euros a comprar direitos para utilizar frequências nas faixas dos 1.800 MHz, 2,6 GHz e 3,6 GHz, que se somam ao espetro que foi adquirido pela própria Digi. Mas, como veremos adiante, o interesse da Digi na Nowo não estará só na infraestrutura, no espetro e na carteira de clientes.
Compra da Nowo pode resolver, para já, problema dos conteúdos televisivos
A Digi é uma operadora de origem romena que comprou licenças 5G no leilão realizado pela Anacom em 2021. A empresa tem estado a construir uma rede fixa de fibra ótica e uma rede móvel de quinta geração e está obrigada a lançar serviços até ao final de novembro. O ECO sabe que a empresa já está a instalar equipamentos em algumas casas, para testar tudo antes de anunciar a sua chegada ao mercado português.
No entanto, a Digi quer entrar com um serviço de televisão e estava a enfrentar dificuldades em conseguir acordos com os principais grupos de media, incluindo a própria Media Capital, contra a qual apresentou queixas na Autoridade da Concorrência, na Entidade Reguladora para a Comunicação Social e na Anacom.
Fonte familiarizada com o assunto confirmou ao ECO que a compra da Nowo pode resolver esse problema, na medida em que a Nowo tem contratos de distribuição dos principais canais, incluindo com os canais da Media Capital. Mas a questão poderá colocar-se de novo mais tarde, visto que esses acordos têm prazos e terão de ser renovados no futuro. Quando surgir esse momento, a Digi espera ter outro poder negocial e já com uma maior base de clientes.
Assim, deverá estar tudo a postos para a Digi entrar em Portugal com um serviço completo, incluindo internet fixa, oferta móvel de quinta geração e televisão por subscrição, concorrendo diretamente com a Meo, Nos e Vodafone. Mas as televisões poderão ainda ter uma palavra a dar em sede regulatória.
(Notícia atualizada pela última vez às 11h26)
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