Lucro líquido da Fidelidade cai 5% até setembro, mas negócio segurador melhora

A subida da rentabilidade técnica dos seguros foi afetada pela queda nos investimentos registados nos primeiros nove meses do ano, em termos homólogos.

A Fidelidade registou resultados líquidos de 152 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, uma queda de 4,9% face ao mesmo período no ano passado, empurrados pelos resultados menos animadores dos investimentos, indica a seguradora líder no mercado português no último relatório financeiro.

2ª Conferência Anual ECOSeguros - 28OUT21
Rogério Campos Henriques, CEO da Fidelidade, destaca que a melhoria do ‘rating’ da Fidelidade pela Fitch em setembro “contribui para o desenvolvimento de um ciclo virtuoso de reforço da rentabilidade. Por exemplo, reforça os esforços da Fidelidade para se tornar um agente-chave no mercado de poupanças e reformas e permite a otimização dos programas de resseguro dos nossos negócios internacionais.”Henrique Casinhas/ECO

Os resultados líquidos das seguradoras dependem dos resultados técnicos, que se referem à venda de seguros, e dos resultados dos investimentos que fazem.

Nesse sentido, subiu 36,5% para 321 milhões de euros dos lucros técnicos nos primeiros nove meses do ano face aos registados no período homólogo. Já os resultados dos investimentos caíram 57,4% para 54 milhões de euros em termos homólogos. A companhia justifica a queda dos investimentos com a desvalorização do valor de imóveis que detém e pelos juros técnicos pagos aos detentores de produtos de capitalização financeira.

Importa referir que para o apuramento do resultado líquido, há outras métricas que são relevantes além dos lucros técnicos e dos resultados dos investimentos, “nomeadamente custos não alocados e relacionados com a atividade seguradora, impostos e ainda interesses minoritários relativos aos lucros obtidos em operações onde a Fidelidade não detém uma participação de 100%”, indica fonte oficial da Fidelidade ao Eco seguros. Daí a soma dos lucros ser diferente dos resultados líquidos.

Não obstante, a rentabilidade na produção de seguros traduziu-se numa melhoria de 1,6 p.p (pontos percentuais) no rácio combinado para 90,2% ao longo dos primeiros nove meses do ano.

Importa referir que o rácio combinado demonstra se a seguradora está a lucrar com a subscrição de seguros: quando o rácio é superior a 100% significa que está a pagar mais dinheiro pelos sinistros e despesas do que recebe de prémios, e a situação a inversa, por isso positiva, quando o rácio é inferior a 100%.

Rogério Campos Henriques, CEO da Fidelidade, assinala que a subida do ‘rating‘ de longo prazo da seguradora de A para A+ pela agência Fitch e a emissão em maio de RT1 (obrigações perpétuas subordinadas ‘Restricted Tier 1’) alinham-se com as três prioridades estratégicas da companhia para reforçar retorno sobre capital próprio (conhecido por return on equity, ROE): “otimizar o capital e melhorar a solvência, reforçar a rentabilidade e ajustar a alocação de ativos da nossa carteira de investimento”.

Segundo o responsável, relacionam-se com a estratégia da Fidelidade uma vez que “a justificação da Fitch para a melhoria da classificação destacou os avanços na alocação estratégica de ativos da Fidelidade e o aumento da solvência – impulsionado pela emissão de RT1″. Assim como, “a melhoria contribui para o desenvolvimento de um ciclo virtuoso de reforço da rentabilidade. Por exemplo, reforça os esforços da Fidelidade para se tornar um interveniente-chave no mercado de poupanças e reformas e permite a otimização dos programas de resseguro dos nossos negócios internacionais“, refere o responsável.

Prémios emitidos sobem empurrados pelas operações em Portugal

os prémios brutos emitidos nos primeiros 9 meses do ano subiram 15,8% em termos homólogos, ou seja, 4.345 milhões de euros, sustentado pelas operações totais em Portugal que subiram 20% e pelas operações internacionais do segmento Vida, que valorizam 15,2% em termos homólogos.

No ramo Vida, a seguradora emitiu 1.958 milhões de euros em prémios, ou seja, mais 25% de seguros do que no ano passado, “apoiado pelo crescimento tanto nas operações em Portugal como internacionais”, lê-se no relatório.

Enquanto a valorização do ramo vida no estrangeiro foi impulsionada pelo crescimento do negócio unit-linked da The Prosperity Company e a expansão de dois dígitos do negócio vida risco. Em Portugal, os prémios do ramo vida valorizaram 30%, “resultado do sucesso das campanhas comerciais do ramo Vida Finanças em bancassurance, no rápido crescimento da aplicação Fidelidade Savings, e dos canais tradicionais da rede de agentes durante o terceiro trimestre de 2024″.

No ramo Não Vida, foram emitidos 2.386 milhões de euros em prémios até setembro, mais 9,2% em termos homólogos. Subida “suportada por um aumento de 12,9% da atividade em Portugal, cujos quatro ramos principais, Acidentes de Trabalho, Saúde, Automóvel e Incêndio e Outros Danos, registaram crescimentos significativos de repricing e do crescimento orgânico do mercado”. Lá fora, o crescimento da emissão dos prémios Não Vida foi de 1,6%.

Importa referir que a Fidelidade mantém a liderança nos primeiros nove meses do ano no mercado português, com uma quota de mercado de 29,2%, segundo resultados agregados pelo Ecoseguros.

(Peça atualizada às 12h00 justificando melhor a diferença entre a soma dos lucros e resultados líquidos apresentados. Substituído APP Fidelidade por Fidelidade Savings)

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