“Falhámos” a muitas famílias que “vivem um sentimento de insegurança”, admite Pedro Nuno Santos

  • Lusa
  • 25 Novembro 2024

O secretário-geral do PS reconhece que "muitas famílias" sentem "que a sua vida está a marcar passo, não ata nem desata e vivem um sentimento de insegurança”.

O líder do PS disse esta segunda-feira preferir perder eleições a fazer o mesmo que a extrema-direita, acusando o Governo de ter criado um problema à economia com as alterações as regras da imigração para disputar espaço ao Chega.

Na conferência que assinala o terceiro ano da CNN Portugal, Pedro Nuno Santos participou num painel sobre “O papel da esquerda numa Europa onde cresce o populismo” e defendeu que, se as pessoas nos vários países sentissem que a política lhes respondia às aspirações e dificuldades, “o trabalho da extrema-direita seria mais difícil”.

“De alguma maneira nós falhámos na medida em que são muitas famílias que sentem que a sua vida está a marcar passo, não ata nem desata e vivem um sentimento de insegurança”, admitiu. Para o líder do PS, o Governo PSD/CDS-PP, “na tentação de disputar espaço eleitoral com o Chega e com a extrema-direita”, criou “um problema a si próprio e à economia portuguesa” na forma como fez a revisão da lei da imigração.

“Se, para ganhar eleições, eu tenho que fazer ou dizer aquilo que a extrema-direita diz, eu prefiro perder”, respondeu a Pedro Benevides, jornalista que conduziu este painel. Pedro Nuno Santos defendeu “inteligência e seriedade” na hora de falar de imigração, considerando que o travão que foi colocado à entrada de pessoas é também “um travão ao crescimento da economia portuguesa”.

Segundo o líder do PS, foi criado um vazio pelo Governo português graças à “ausência de um mecanismo na legislação portuguesa que permita a regularização dos trabalhadores estrangeiros que provavelmente continuarão a entrar”. “O Presidente da República promulgou a lei na condição de que o país, a prazo, conseguisse encontrar um mecanismo alternativo à manifestação de interesse que estava prevista na lei. O PS dará o seu contributo para dar resposta a este vazio”, comprometeu-se.

A polémica com a demissão de Ricardo Leão da presidência da FAUL do PS na sequência das declarações sobre despejos de bairros sociais também foi trazido a este painel e Pedro Nuno Santos concordou com o socialista quando este disse, num artigo de opinião já depois de se ter demitido, que não se podia enterrar a cabeça na areia nestes temas.

“São temas que temos que abordar com frontalidade e com coragem de o fazer. [Ricardo Leão] não fez nenhuma ligação com a imigração como eu vi outros a fazerem”, disse.

Pedro Nuno defende que é o tempo de aparecerem candidaturas a Belém

O secretário-geral socialista defendeu ainda que este é o tempo de as pessoas avançarem com as suas candidaturas às presidenciais e depois o PS decidirá o seu apoio, recusando voltar a cometer “o erro” de falar em nomes.

Temos que dar espaço a que as pessoas se disponibilizem e depois o PS decidirá quem apoiar. Temos como referências homens com a dimensão de Mário Soares e Jorge Sampaio que são referências para nós no momento que nós escolhermos quem vamos apoiar às próximas presidenciais”, respondeu. Questionado sobre se da lista dos putativos candidatos há algum que mereça a sua preferência, o líder do PS respondeu que cometeu o “erro uma vez na CNN de falar em nomes”.

“Eu não vou falar de nomes. Temos tempo para que as pessoas se disponibilizem, para que o PS faça a sua reflexão e depois decida o seu apoio. Com serenidade, mas firmeza e com uma grande vontade de vencermos as presidenciais, já agora vencermos também a Câmara Municipal de Lisboa”, disse.

Em causa a entrevista dada à TVI/CNN no início do mês de outubro, na qual Pedro Nuno Santos considerou que o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, seria um “bom candidato” a Presidente da República, mas que António José Seguro, António Vitorino ou Ana Gomes também são outros bons nomes.

Numa entrevista a semana passada, o antigo líder do PS António José Seguro disse que estava a ponderar uma candidatura às próximas presidenciais.

(Atualizada às 19h31 com mais informação)

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