Conselheiros no Luxemburgo acusam CGD e Governo de votar portugueses ao “ostracismo”

  • Lusa
  • 28 Julho 2018

As Comunidades Portuguesas no Luxemburgo criticaram a decisão de encerrar os balcões da Caixa Geral de Depósitos no Grão-Ducado, acusando o banco e o Governo de votar os emigrantes ao "ostracismo".

Os conselheiros das Comunidades Portuguesas no Luxemburgo criticaram este sábado a decisão de encerrar os balcões da Caixa Geral de Depósitos (CGD) no Grão-Ducado, acusando o banco e o Governo de votar os emigrantes que ali vivem “ao ostracismo”.

Num comunicado divulgado hoje, os dois conselheiros, Rogério Oliveira e João Verdades dos Santos, lamentam que o fecho no Luxemburgo surja “como facto consumado, ao contrário de França”, onde o banco anunciou que vai manter os balcões abertos, questionando o “que fizeram os portugueses residentes no Grão-Ducado” para “merecer o encerramento e tão elevado grau de ostracismo” por parte “da administração da CGD” e “do Estado Português”.

Em declarações à Lusa, João Verdades acusou também a CGD de tomar a decisão numa altura em que “toda a gente vai de férias”, o que terá levado a um afluxo de clientes às duas agências do banco no Luxemburgo para retirar dinheiro, provocando “o pânico”, tal como a Lusa noticiou na sexta-feira.

“Esta notícia aparece que nem uma bomba, o que para mim significa que iria ser feita pela calada, no conforto dos gabinetes da Avenida João XXI em Lisboa (Sede do banco), e que os clientes seriam os últimos a saber”, denunciou João Verdades.

O conselheiro disse à Lusa esperar que “a administração ainda volte atrás, ou que o governo interceda” para manter a atividade do banco no Luxemburgo.

“Eu gostaria muito que houvesse uma volta a dar nisto, porque acho que a Caixa Geral de Depósitos faz muita falta ao Luxemburgo, atendendo a que tem tantos portugueses”, afirmou.

Os conselheiros consideram ainda que o encerramento “será altamente prejudicial, quer dos clientes particulares”, “quer das empresas luxemburguesas e portuguesas”, que “contavam com esta entidade bancária” quer para “as suas operações no Luxemburgo, quer em Portugal”, apontando ainda que “os fluxos de investimento direto do Luxemburgo em Portugal (IDE), ascenderam, em termos líquidos, a cerca de 1.161 milhões de Euros”, “ocupando a segunda posição do ‘ranking’ dos países que investiram em Portugal”, segundo dados de 2016 da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) citados no comunicado.

Falta certamente visão estratégica internacional à administração da CGD, a qual não usa todo o potencial da praça financeira do Luxemburgo, ao contrário dos principais grupos bancários mundiais”, criticam.

Os conselheiros defendem também que “os montantes que irão ser pagos em indemnizações aos 23 funcionários da CGD” no Luxemburgo seriam “bem mais empregues em ‘marketing’ e desenvolvimento de negócio das operações desta instituição bancária”.

Para os representantes do Luxemburgo no Conselho das Comunidades Portugueses, um órgão consultivo do Governo em matéria de emigração, o Estado, enquanto “único acionista desta entidade bancária de referência em Portugal”, deveria mostrar “apoio às comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo”.

A CGD vai fechar as duas agências que tem no Luxemburgo, uma decisão que afeta 23 trabalhadores, segundo informação avançada em 26 de julho num comunicado conjunto do sindicato bancário do Luxemburgo (Aleba) e das centrais sindicais OGB-L e LCGB.

Em comunicado divulgado no mesmo dia, já depois das notícias do encerramento, a CGD confirmou que “irá encerrar as suas sucursais de Nova Iorque e do Luxemburgo até ao final de 2018, cumprindo as determinações do Plano Estratégico negociado com as autoridades europeias e que incluem um redimensionamento da atividade internacional da Caixa”.

No Luxemburgo, o banco tem como clientes “cerca de 5% da população portuguesa aí residente, dos quais 40% são igualmente clientes em Portugal”, segundo a nota.

No país vivem cerca de 96 mil portugueses, de acordo com o Statec.

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