Petroleiros com prémio de 500 mil dólares ao passar no golfo

  • ECO Seguros
  • 25 Junho 2019

Numa semana decuplicaram os prémios de seguro para petroleiros que querem passar no Golfo Pérsico e em Londres aproveita-se para recuperar nível de preços.

Seis ataques a petroleiros na região do estreito de Ormuz desde maio já tinham feito subir os prémios de seguro sobre os navios que navegam no golfo pérsico, mas desde a semana passada também as respetivas cargas de petróleo e gás natural atingiram valores impensáveis há pouco tempo. Segundo a Bloomberg os seguradores estão a cobrar de 150 mil a 325 mil dólares por uma carga de 130 milhões dólares, quando até à semana passada cobrariam mil dólares. O seguro de um navio tanque no valor de 75 milhões paga agora 200 mil dólares enquanto em janeiro passado a fatura seria 30 mil.

Pelo estreito de Ormuz, no golfo pérsico passam, em superpetroleiros a caminho do Pacífico, cerca de 18 milhões barris de petróleo por dia, quase um quinto do consumo mundial, um pouco menos que os 20 milhões consumidos diariamente nos Estados Unidos e mais que os 15 milhões consumidos todos os dias na União Europeia.

No entanto, esta subida dos prémios de seguro, justificada por risco de guerra, representa apenas 25 cêntimos do dólar por barril de Brent ou Crude que se tem situado nestes mercados entre os 60 e os 70 dólares. Citado pela Bloomberg, Vandana Hari, um consultor especializado de Singapura, afirma que “nem a guerra twiteira de Trump nem a crescente retórica de Teerão fazem subir agora os prémios de seguro, mas mais ataques a navios no estreito de Ormuz ou um confronto militar terão essa consequência”, conclui.

Lloyd’s está a perder mercado do seguro marítimo

Se muita competição e poucos sinistros levaram a quebra das tarifas no tradicional ramo Marítimo da Lloyd’s nos últimos dois anos, no que se tornou um problema para uns e uma oportunidade para outros, as tarifas estão agora a subir.

Os prémios por transporte marítimo de mercadorias aumentaram 12 a 14% este ano enquanto nos iates superaram os 20% ou ainda mais em certas localizações – diz o responsável da MS Amlin, um sindicato segurador baseado na Lloyd’s, citado pela Reuters.

A tentativa é agora de recuperar preços e surge depois de uma quebra no setor nos últimos anos em que baixa sinistralidade estimulou a competição e as tarifas baixaram anormalmente, gerando prejuízos reais, enquanto os riscos geoestratégicos se agravavam na maior parte do mundo. A quota de mercado do Marítimo na Lloyd’s a ficou em 7% em 2018, quando era de mais um ponto na última década. Embora ainda seja um segmento mais importante que a energia ou a aviação, é notado um declínio num ramo que, devido à revolução americana e às guerras napoleónicas, impulsionou a Lloyd’s – hoje com 330 anos de existência- como grande centro segurador à escala mundial.

A crise nas tarifas marítimas resultou de uma estratégia concertada de diminuir a oferta e o CEO da Lloyd’s recomendou mesmo a 99 membros que cortassem 10% dos seus negócios no ramo. A corretora Arthur J. Gallagher & Co tinha já revelado em Fevereiro à Reuters que dez sindicatos da Lloyd’s tinham desistido ou reduzido muito o seu negócio marítimo.

Este abrandamento na gigante londrina tem aberto possibilidades a seguradores fora da Lloyd’s de aproveitarem os negócios, já com bons preços que esta ainda não aceita facilmente. Este reposicionamento está a igualmente beneficiar, diz a Reuters, concorrentes de França, Escandinávia, Estados Unidos e de alguns países asiáticos.

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