• Reportagem por:
  • Lusa

Um casamento, uma nova fábrica em 2022

A marca centenária Couto esteve para ser vendida, mas um casamento mudou-lhe a história. Já abriu uma loja, vem aí um museu e uma nova fábrica em 2022.

A marca centenária Couto, célebre pela pasta dentífrica, esteve para ser vendida, mas o casamento do administrador com uma empreendedora fez aumentar as vendas para um milhão de euros e querem agora abrir uma nova fábrica em 2022. No final da 1.ª Guerra Mundial, em 1918, era fundada a firma Flôres e Couto, no Porto, e que se viria a denominar Couto Lda. Em 2012, Alberto Gomes da Silva, 81 anos, administrador da Couto e sobrinho do fundador da Pasta Couto, Alberto Ferreira de Couto, avançava à Lusa as intenções de vender a empresa até 2017, mas a história da centenária marca portuguesa foi agitada por um casamento.

Alberto Gomes da Silva e Alexandra Matos, gestora empresarial, deram o nó e a empresa manteve-se nas mãos da família Couto, mas agora com um novo fôlego de expansão dos negócios e que se traduziu em aumentos de vendas de 20% ao ano, como revelou o administrador. “O amor nunca vai deixar morrer esta marca portuguesa centenária. Pelo contrário. Cada dia que passa temos mais carinho e temos novos projetos, não dá para parar”, confessa, por seu lado, Alexandra, agora com o sobrenome Gomes da Silva, 49 anos, que conta que o amor por Alberto nasceu há 15 anos.

Após o casamento, em 2016, os sonhos do casal para os negócios foram delineados com a paixão de renovar a marca no mercado com uma linha ‘premium’ lançada em 2018, ano de centenário, bem como a abertura de uma loja museu no Porto e de uma fábrica nova em Vila Nova de Gaia até 2022, desvendou Alexandra Gomes da Silva, diretora comercial.

O crescimento de vendas, que atingiu um volume de negócios de um milhão de euros em 2018, deve-se ao investimento na criação de novos produtos de beleza com ‘design’ retro e que são vendidos na nova loja, na Rua de Cedofeita, no centro do Porto, mas também ao turismo.

Alexandra Gomes da Silva, diretora comercial.

“O que aconteceu foi realmente uma grande história de amor desde 2004, ano em que conheci o Alberto na Couto para colocar ar condicionado. A partir daí começou a nossa relação. Em 2016 casámos, entrei na vida dele (…) e achei que tinha muito mais para dar e muito mais para fazer e que tínhamos muito mais que evoluir”, assume, enquanto espreita pela janela o marido, que entretanto se recolheu ao escritório.

O crescimento de vendas, que atingiu um volume de negócios de um milhão de euros em 2018, deve-se ao investimento na criação de novos produtos de beleza com ‘design’ retro e que são vendidos na nova loja, na Rua de Cedofeita, no centro do Porto, mas também ao turismo, justifica a diretora comercial, salientando que as clientes mais entusiastas são as turistas sul-coreanas que chegam à loja de Uber para comprar ‘souvenirs’ para o Oriente.

Mia Kim, 33 anos, hospedeira de bordo e sul-coreana, conta à Lusa que chegou à Couto de Cedofeita pela informação patente no ‘blog’ sul-coreano Naver, que dá dicas sobre os produtos “amigos do ambiente” da marca portuguesa.

Depois de comprar creme de mãos, pasta de dentes e creme para barbear para o namorado, Mia explicou que o que mais a cativou na marca Couto foi o ‘design’ dos produtos inspirado nos desenhos e cores dos azulejos portugueses, bem como os ingredientes ‘eco-friendly’.
Cláudia França, diretora técnica e gestora das redes sociais da Couto, acrescenta que a paixão das clientes sul-coreanas se justifica com a “qualidade” dos produtos, “diferença” e “imagem ‘retro’” das embalagens.

A brasileira Maria Teresa, que arrenda ‘airbnb’ no Porto e oferece aos hóspedes ‘gifts’ de pasta dentífrica Couto, também ajuda a alvancar o negócio. “Os meus clientes russos e os neozelandeses adoram as amostras de pasta de dentes que lhes ofereço”, conta, acreditando que assim ajuda a estimular a economia local.

“Foi no último ano e meio que tudo realmente aconteceu. Neste momento precisamos, realmente, de uma fábrica muito maior. Mais máquinas, mais pessoal. Precisamos de uma estrutura totalmente diferente, porque com as vendas que fazemos não conseguimos ter um ‘stock’ cá dentro para aquilo que precisamos”, explica a diretora comercial.

Segundo Alberto Gomes da Silva, o objetivo da empresa, que tem 10 funcionários, é conseguir ter uma fábrica a laborar até 2022, de preferência perto da atual fábrica no complexo industrial e da Fundação Couto, estrutura com estatuto de Instituição Particular de Solidariedade Social, que apoia 490 crianças e adolescentes entre os cinco meses e os 14 anos, ambas em Gaia.

Espanha, França, Itália, Alemanha, Suíça, Áustria, EUA, e Coreia são os principais destinos dos produtos Couto, feitos num laboratório fiel “à tradição” e “antigas receitas”, descreve a marca.
O casal pretende continuar, como dizia o anúncio de outrora da pasta de dentes, a “andar na boca de toda a gente”, durante longos anos, e, depois da fábrica e da loja no Porto, o sonho é inaugurar uma loja em Lisboa, desvendou Alexandra.

  • Lusa

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