Do Eco-Status ao Eco-Shame. De que lado queremos estar em 2020?

Na semana em que Lisboa parou para receber Greta Thunberg, eram conhecidas as cinco tendências para 2020 da plataforma Trendwatching. E a primeira era expectável, a Green Pressure.

Na semana em que Lisboa parou para receber a jovem ativista sueca Greta Thunberg, eram conhecidas as cinco tendências para 2020 da plataforma Trendwatching. E a primeira era expectável, o foco no tema da sustentabilidade, naquilo a que chama de Green Pressure.

Com a entrada numa nova década e com o tema do consumo mais sustentável a atingir um momento critico, a tendência diz-nos que se espera que os consumidores passem de uma atitude de eco-status para uma de eco-shame. Quer isto dizer, que entramos num novo ano à procura de produtos, serviços, marcas e experiências que mais do que nos conferirem um estatuto de consumidores conscientes, nos ajudarão a aliviar a culpa ou a vergonha de não sermos verdes. Se é que a sustentabilidade tem só uma cor…

E o que é esse Eco-Status? É o anúncio do icónico elétrico Tesla Roadster em 2008 ou a edição limitada a 50 unidades da Adidas, criada em 2006 com plástico do oceano reciclado. Em 2019, o Model 3 da Tesla já é o terceiro modelo mais vendido no Reino Unido e a Adidas produz 11 milhões de pares de ténis a partir de plástico retirado do oceano. É nesta passagem do que era raro para o acessível, com as eco alternativas a tornarem-se mainstream, que passamos do que era um status para o que pode ser a vergonha de não fazer parte do clube. Mas atenção, o que nos diz o estudo é que a Pressão Verde será complexa e levará tempo, assim como trará profundas alterações nos negócios das marcas. Estaremos preparados ou fará parte das nossas resoluções de ano novo a escolha do lado em que queremos estar?

É aí que entra a Shame Therapy, o processo que todos, enquanto consumidores, iremos passar e com que as marcas querem estar alinhadas, assumindo uma estratégia de facilitadoras das nossas opções, de forma a ajudarem-nos a aliviar a nossa culpa. E já há exemplos de marcas a assumir esse missão. A KLM, por exemplo, assumiu na comunicação da marca a mensagens “voe com responsabilidade”, questionando se precisamos de viajar tanto quanto viajamos, hoje em dia, e assumindo um papel de liderança na criação de um futuro mais sustentável na aviação.

Já por cá, na mesma semana em que Greta voltava a alertar os líderes mundiais para a “urgência da crise climática” e as tendências globais nos falam de novas oportunidades para mudar, outra indústria, a do calçado apresentava o plano de ação para a sustentabilidade. Um plano dividido em três eixos estratégicos – Planeta, Pessoas e Empresas, com mais de 12 medidas e 50 ações para colocar “a indústria portuguesa de calçado como líder no desenvolvimento de soluções sustentáveis”. Para Luís Onofre, Presidente da Apiccaps, “um documento ímpar na economia portuguesa, ao procurar criar um pensamento setorial estruturado, visando responder de uma forma integrada aos diferentes domínios da sustentabilidade”, e que traz temas como os novos materiais, a rastreabilidade das matérias-primas, a informações sobre os produtos, a pegada ambiental dos produtos ou a eficiência energética.

Um passo desavergonhado numa indústria que se diz sexy e que parece já ter escolhido onde quer estar, na próxima década.

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