Upper Side: “matchmakers” do mercado de trabalho

Desde 2015, a Upper Side ajuda executivos a dar um novo passo profissional através de programas de aconselhamento e gestão de carreira. Um diretor de RH “à medida” exclusivo para o mercado português.

“Em cada momento da nossa atividade profissional todos nós temos dúvidas sobre a relação entre o nosso presente e o nosso futuro. Para onde é que devemos caminhar? Quais são os caminhos para lá chegar?”. As perguntas são feitas à Pessoas por João Azevedo e Silva, CEO e fundador da Upper Side, empresa que presta serviços de aconselhamento e gestão de carreira para executivos, gestores e jovens talentos, exclusivamente no mercado de trabalho nacional.

A Upper Side tem como objetivo ajudar os profissionais a criar uma visão, uma estratégia e, em alguns casos, a dar o passo necessário para conseguirem o próximo emprego. “Ajude-me a criar uma visão para a minha carreira”, ou “a criar uma estratégia para aumentar a probabilidade dessa visão poder ser atingida” são alguns dos pedidos que chegam à Upper Side, conta João Azevedo e Silva. “Podemos, com base nessa reflexão, criar estratégias que nos permitam aproximar da concretização dessa visão. Na visão está algo que se cruza com a identidade pessoal, felicidade e realização”, explica.

“Devo ficar na minha empresa ou devo sair? Devo apostar na opção A ou na opção B?”. Para responder a estas questões, a Upper Side tem disponíveis programas de aconselhamento de carreira, através do apoio a uma tomada de decisão, uma sessão no próprio dia ou uma conversa, e programas de gestão de carreira, que podem durar entre seis meses a dois anos. Os programas de gestão de carreira são mais longos, porque incluem a fase de “bastidores”, em sessões semanais e mensais, durante as quais é desenhada a conceptualização, estratégia, posicionamento, treino e preparação do candidato antes de entrar no mercado de trabalho. “Quando as pessoas estão preparadas, vamos para o mercado ajudar”, afirma o fundador.

" Temos de conhecer profundamente as regras do jogo, ensiná-las e treinar os jogadores. ”

João Azevedo e Silva

CEO e fundador da Upper Side

A Upper Side conta com uma equipa de senior career advisors, profissionais e gestores de recursos humanos experientes, nas áreas de intelligence (saber quem é quem no mercado), scouting (capacidade de detetar oportunidades) e gestão de redes profissionais, como o LinkedIn. Os profissionais da Upper Side ajudam o cliente a criar o CV, o perfil de LinkedIn, as candidaturas e até as entrevistas. “Temos de conhecer profundamente as regras do jogo, ensiná-las e treinar os jogadores. Só quando as pessoas estão preparadas é que podemos deixá-las jogar. Começar a jogar o jogo antes do tempo não é uma boa estratégia”. “Não serve de nada dispararmos CV’s para o mercado sem sabermos o que estamos a fazer”, reforça, acrescentando que, “de certa maneira, podemos dizer que temos qualquer coisa de matchmaker, ou seja, aproximamos a procura e a oferta”, metaforiza o CEO.

Gestão (pessoal) de carreiras

“A maior parte dos trabalhadores com profissões qualificadas começaram a perceber que a lógica de deixar as empresas gerirem a carreira por si é um modelo que estava já esgotado”, explica João Azevedo e Silva. O especialista foi durante quase duas décadas diretor e gestor de recursos humanos da Unilever, razão pela qual se sentiu motivado para fundar a Upper Side. “O facto de eu estar a trabalhar numa empresa multinacional naturalmente fazia-me olhar para formas de trabalhar, para atividades que não existiam em Portugal”, revela. “E interrogava-me sobre se, nomeadamente no mundo anglosaxónico, existiam serviços há muitos anos que forneciam quase como que uma espécie de diretor de recursos humanos privado aos indivíduos”, acrescenta.

Talvez por isso, os principais clientes da Upper Side sejam “pessoas que, num contexto de trabalho perfeitamente estável, muitas vezes altamente satisfatório, com níveis de remuneração bastante interessantes, atingiram um teto”, revela. Por exemplo, “alguém que trabalha como diretor executivo numa PME familiar em que o próximo lugar é para acionistas”. À Upper Side chegam ainda pessoas desempregadas que querem voltar ao mercado de trabalho, profissionais que estão empregados mas que, fruto da sua senioridade, veem uma ameaça na sua organização, ex-emigrantes que querem reingressar no mercado de trabalho nacional e, ainda, profissionais que sabem que querem mudar o rumo da sua carreira profissional. João Azevedo e Silva destaca os portugueses “subempregados”, ou seja, que representam “alguém que estatisticamente está empregado, mas que tem um incentivo à mudança muito baixo”.

"A discriminação de género é cada vez menos um tema em Portugal, a discriminação de idade é muito grande. Não podemos dizer que é um tema de Portugal, diria que é um tema de certas culturas em certas geografias no lado ocidental do mundo”

João Azevedo e Silva

CEO e fundador da Upper Side

Os jovens e o ex-emigrantes são o grupo menos expressivo mas está a crescer, garante o fundador da Upper Side. Os jovens são “especialmente ambiciosos e, mais do procurar o next job, querem garantir a tal visão e estratégia”, sublinha. “É muito evidente o efeito bounce back do período pós-troika, das pessoas que saíram nessa altura e que estão a regressar. Essas pessoas são portuguesas e são concorrência feroz”, alerta. Entre as nacionalidades estrangeiras destaca-se a brasileira, e com uma diferença fundamental face à emigração clássica. São pessoas altamente qualificadas”, acrescenta.

A importância de um bom posicionamento

Quem quer entrar no mercado de trabalho ou procurar uma nova oportunidade na sua carreira profissional deve saber exatamente como e quando fazê-lo, explica João Azevedo e Silva. “Os erros de posicionamento no mercado são letais em duplo sentido. Por um lado, no presente, correspondem a muros de silêncio e rejeição, que prejudicam a auto-estima. Segundo, desposicionam-nos aos olhos de terceiros, posição esta que dura anos”, refere.
“Temos de pensar profundamente sobre as mensagens que queremos passar para o mercado. Temos de perceber que tipo de diretor-geral é, quais as missões que este diretor-geral, de forma consistente, foi resolvendo ao longo da sua vida, e onde está a procura para este tipo de missão”, esclarece o CEO.

“Temos de traduzir tudo isto em instrumentos, porque não vale de nada termos uma estratégia bonita, um posicionamento perfeito, se ninguém o conhece“, refere. “Depois de feito tudo isto temos de passar a conhecer a mente o recrutador, porque todos estes instrumentos de comunicação vão ter como resultado interações pessoais, entrevistas, conversas exploratórias, network…”, finaliza.

"Alguém que, de uma maneira consistente, entrega com resultados excelentes determinada missão, cria uma proposta de valor muito clara para o mercado”

João Azevedo e Silva

CEO e fundador da Upper Side

Idade: a grande barreira do mercado de trabalho

Em Portugal, são os profissionais mais seniores, em particular a partir dos 45 anos, quem tem mais dificuldade em conseguir uma nova oportunidade de emprego ou dar um novo passo na carreira profissional. Este fenómeno ganha dimensão em funções executivas, fazendo com que a idade seja um dos maiores fatores “discriminatórios” no mercado de trabalho, revela. “A discriminação de género é cada vez menos um tema em Portugal, a discriminação de idade é muito grande. Não podemos dizer que é um tema de Portugal, diria que é um tema de certas culturas em certas geografias no lado ocidental do mundo. O que é curioso, porque são as mesmas que têm problemas de demografia e muitas vezes de mão-de-obra”, reforça.

“Muitas oportunidades que não têm anúncio, principalmente nos segmentos mais seniores”, realça João Azevedo e Silva. Além da barreira discriminatória da idade, o mercado de oportunidades para os gestores funções mais seniores é “invisível”. “Se o mercado é invisível, como é que se chega lá? Ajudamos as pessoas a terem estratégias e a posicionarem-se em radares relevantes“, responde. Neste caso, o domínio das soft skills e a noção de missão é essencial para ter acesso a este “mercado invisível” de oportunidades. “Para a maior parte dos nossos clientes gestores, vemos que há muito maior procura de oportunidades do que oferta.”

CV’s com história: uma arma poderosa

“Se me perguntarem o que é mais importante no CV, eu diria que para além da clareza e das missões, quando falamos do histórico são duas palavras: projetos e resultados”. O fundador da Upper Side defende que um CV com história pode ajudar o candidato a destacar-se no mercado de trabalho. “A noção de missão é, hoje em dia, absolutamente crítica. Temos de saber que, por trás de cada designação de cargo, existe uma missão. Alguém que, de uma maneira consistente, entrega com resultados excelentes determinada missão, cria uma proposta de valor muito clara para o mercado”, esclarece. “Procurem a missão em que são bons e em que são capazes de demonstrar que são bons”, aconselha João Azevedo e Silva.

"Num mundo mais conservador como é Portugal, o simples facto de um executivo pedir ajuda pode não ser ainda bem entendido, pode ser um sinal de fragilidade”

João Azevedo e Silva

CEO e fundador da Upper Side

O fundador da Upper Side acredita que este tipo de serviços será uma tendência no futuro, mas não esconde a preocupação sobre as camadas profissionais mais seniores. “Tenho muitas dúvidas que a qualidade do emprego acompanhe a quantidade do emprego. Se estivermos a falar de pessoas em funções mais operacionais, mais juniores e muito indexadas às indústrias de construção e do turismo, há mais emprego. Para os meus clientes as coisas não estão assim tão bem. Se parte deles são diretores executivos, entram naquela área complicada da idade“, confessa. João Azevedo e Silva não revela os nomes dos clientes, por questões contratuais e para manter a discrição dos serviços. “Num mundo mais conservador como é Portugal, o simples facto de um executivo pedir ajuda pode não ser ainda bem entendido, pode ser um sinal de fragilidade”.

A empresa tem clientes em cinco continentes, com grande destaque para a Europa, e conta com cerca de 100 clientes ativos todos os anos. “Um dos fringe benefits da atividade da Upper Side é estarmos expostos a tanta diversidade e a tanta riqueza, obriga-nos a uma grande agilidade mental e ajustamentos imediatos”, refere o CEO.

Os números da Upper Side revelam que mais de metade dos clientes utilizaram os serviços encontraram um novo desafio profissional no espaço de um ano. Em 2019, a Upper Side ajudou profissionais a serem colocados em cargos como diretor diretor financeiro, diretor executivo e chief marketing officer global numa das maiores empresas do mundo, conta o fundador. “O mérito é sempre dos nossos clientes, os nossos clientes são quem verdadeiramente faz acontecer as coisas. Orgulhamo-nos de ter um pequeno papel”, remata.

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