“Entre um consenso e um conflito, um espanhol prefere tendencialmente um conflito”, alerta Portas

Paulo Portas alerta para a debilidade da solução governativa encontrada por Pedro Sánchez. Teme os efeitos na economia espanhola, bem como o impacto que poderá ter em Portugal.

Paulo Portas, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo de Passos Coelho, tem dúvidas sobre a sustentabilidade da solução governativa encontrada em Espanha, com um Governo de coligação PSOE-Podemos. É uma “cópia” da geringonça utilizada em Portugal, mas sem a estabilidade que o Executivo de Costa conseguiu garantir, o que pode ser perigoso tanto para o país vizinho como para a economia nacional.

“Um português entre um consenso e um conflito tendencialmente prefere um consenso. Um espanhol entre um consenso e um conflito tendencialmente prefere um conflito“, afirmou Paulo Portas, durante o debate “A Economia de Espanha no pós-eleições: riscos e oportunidades”, organizado pela Llorente y Cuenca, na Nova School of Business & Economics.

Referindo-se à coligação entre o PSOE-Podemos, a primeira desde o início desta época democrática iniciada com a Constituição de 1978, Paulo Portas diz que “Espanha chega muito tarde”, naquela que é a “forma normal de governar a esmagadora maioria dos países europeus”. Diz mesmo que está, assim, “quase passada a certidão de óbito” àquele que tem sido o modelo tradicional de governação no país vizinho.

“Espanha caminha aceleradamente para uma política muito perigosa de dois blocos sem nenhuma capacidade entendimento ao centro”, alerta o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros.

Paulo Portas considera que com este novo Governo de Espanha “as fronteiras de responsabilidade e de autocontenção desapareceram”, chegando a ser ainda mais duro com Pedro Sánchez. “A partir do momento em que o partido socialista [PSOE] faz uma coligação com o Podemos, não terá nenhuma autoridade moral para dizer ao PP para não a fazer com o Vox“, atira.

Entre as políticas mais críticas do programa de Governo de Sánchez, o antigo líder do CDS-PP destaca a subida dos impostos sobre as empresas, referindo que “muitas empresas não estão dispostas para pagar um preço ideológico na sua fatura fiscal”. “Quando Espanha faz este caminho, há países da Europa que fazem exatamente o contrário”, baixando as taxas para quem investe nesses países.

Durante a sua intervenção, o antigo vice primeiro-ministro do Governo de Passos Coelho, destacou o facto de a economia espanhola ter crescido durante vários anos acima dos 3% do Produto Interno Bruto de Espanha (PIB) e as previsões para este ano serem de 1,6%.Objetivamente Espanha está a pagar um preço económico pela sua instabilidade politica“, aponta.

Paulo Portas frisou a importância da evolução da economia espanhola para Portugal, dados o “peso que os fatores externos têm na conjuntura” nacional. Havendo um menor ritmo de crescimento do outro lado da fronteira, o receio é o impacto que tal possa ter no PIB nacional que, este ano, deverá crescer 1,9%, de acordo com as previsões do Governo, ao mesmo tempo, que se prevê o primeiro excedente em democracia.

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